Jesus na Índia? Cidade acredita que abriga a tumba de Cristo; conheça
Um lugar extremamente religioso, afetado por conflitos e por onde teria passado Jesus Cristo. Não estamos falando de Jerusalém, mas da cidade de Srinagar, na região indiana da Caxemira.
Fortemente muçulmana e palco de embates bélicos envolvendo, desde o século 20, os governos indiano e paquistanês (que disputam a área), a Caxemira é o local central de uma história curiosa: Jesus teria sobrevivido à crucificação, fugido para as profundezas da Ásia e morrido com uma idade muito avançada no que é hoje Srinagar, centro urbano com uma trajetória que remonta à era pré-cristã.
A prova material dessa teoria estaria no templo de Rozabal, situado no centro de Srinagar.
Hoje cercado por prédios sem acabamento e emaranhados de fios elétricos (algo típico dessa cidade indiana, que hoje tem mais de 1 milhão de habitantes), o templo é uma pequena e humilde edificação que abriga os restos mortais de um homem chamado Yuz Asaf, tido como um profeta que chegou à Caxemira vindo de um território estrangeiro há muitos séculos.
E, para um grupo de fiéis, Yuz Asaf é Jesus.
Essa ideia é defendida por adeptos de um movimento do islamismo batizado de "ahmadiyya", fundado no século 19 na então Índia britânica por um homem chamado Mirza Ghulam Ahmad.
Ahmad e seus seguidores pregam que Jesus caiu inconsciente durante o sofrimento da crucificação.
Levado a seu sepulcro como se estivesse morto, ele recuperou seus sentidos, foi tratado pelos seus seguidores, deixou sua tumba e resolveu fugir da jurisdição romana — e para isso, empreendeu uma longa jornada rumo ao oriente que atravessou territórios que são hoje parte de Síria, Turquia, Irã, Afeganistão e da Caxemira.
E havia um grande objetivo na viagem.
"Jesus foi em busca das tribos perdidas de Israel", diz uma teoria publicada pela comunidade ahmadiyya. "Das doze tribos de Israel, apenas duas estavam na região onde Jesus pregou. As outras dez tribos, em decorrência do exílio, se estabeleceram em territórios orientais, especialmente no Afeganistão e na Caxemira. Era imperativo que Jesus fosse para o leste para completar sua missão".
O movimento ahmadiyya afirma que, após se encontrar com esses povos e completar sua missão, Jesus viveu na Caxemira até seus 120 anos, morrendo de causas naturais.
A prova de tudo isso, para esses fiéis, é a tumba de um homem estrangeiro chamado Yuz Asaf que, há séculos, ocupa o interior do templo de Rozabal em Srinagar.
Atração turística, apesar do entorno
Apesar de seu ambiente urbano atual um tanto caótico (e, às vezes, perigoso por causa dos constantes conflitos armados), Srinagar e arredores têm paisagens que valem a visita. Trata-se de uma região da Índia cercada pelas montanhas do Himalaia, por vales cortados por poéticos rios e lagos onde brotam flores de lótus.
A teoria do movimento ahmadiyya, porém, não é aceita por quase nenhuma vertente do islamismo e a maioria dos muçulmanos vê Jesus como um profeta que ascendeu ao céu — o que, para eles, já invalida de cara as ideias de Mirza Ghulam Ahmad.
Mesmo assim, a linha defendida pelo movimento ahmadiyya trouxe uma certa fama ao templo de Rozabal.
No centro de Srinagar, é comum ver guias abordando os poucos turistas que visitam a cidade e oferecendo tours que incluem visitas ao lugar onde está a suposta tumba de Jesus.
Ao chegar ao templo, porém, não há nenhum sinal indicando que ali estão os restos mortais do filho de Maria. E tampouco há filas de cristãos ávidos por entrar no local.
Todas as placas indicam que, lá, em um apertado interior pintado de verde e com paredes descascadas, estão os ossos de um homem realmente chamado Yuz Asaf (às vezes escrito Youza Asouph), considerado por muitos habitantes da Caxemira como um profeta do islã, mas que não é Jesus.
É comum que, de tempos em tempos, o acesso ao templo de Rozabal seja proibido para pessoas não seguidoras do islamismo (especialmente turistas estrangeiros).
Pelo visto, os frequentadores do local só querem rezar em paz, em um ambiente sem muitas especulações envolvendo histórias que eles consideram infundadas.
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