Peças esgotadas e polêmicas na web: por trás do uniforme do Brasil na Copa
O novo uniforme do Brasil para a Copa do Mundo no Qatar foi lançado oficialmente pela Nike e causou frenesi nas redes sociais. No site oficial da marca esportiva, as peças podem ser compradas por R$ 349, mas não todas.
Isso porque as camisas na cor azul, tanto a masculina como a feminina, esgotaram aproximadamente uma hora após o início da comercialização. As amarelas ainda estão disponíveis.
Para quem não conseguiu efetuar a compra pela internet, as peças estarão à venda no próximo dia 12 em todo o mercado brasileiro, como nas lojas físicas da Nike.
Segundo a marca, a coleção simboliza a "Garra Brasileira" e faz referências às pintas da onça-pintada na sua estampa — em ambas as cores. Em comunicado emitido pela Nike, enviado para Nossa, a empresa afirma:
"A Seleção Brasileira e sua camisa amarela são uma representação do nosso país e do nosso povo", diz Gustavo Viana, Diretor de Marketing da FISIA, distribuidora oficial Nike no Brasil. "Este ano, ao honrar um dos animais símbolos da nossa fauna, a onça-pintada, os uniformes são ainda mais especiais: nos lembram que podemos agir para criar um mundo melhor, ajudando a proteger o futuro do planeta e o esporte".
Tecnologia e sustentabilidade
Como foram criadas as peças?
A tecnologia é um dos pilares por trás da criação do uniforme. O desenvolvimento combina a coleta de dados sobre o movimento do corpo com um projeto computadorizado a fim de criar uma camisa leve e "de última geração" — facilitando o uso feito pelos jogadores de futebol em campo.
Com a utilização de mapas que rastreiam o calor dos atletas, os designers por trás das roupas projetaram o material "pixel a pixel", ou seja, detalhe por detalhe, para criar um tecido ventilado e que não contivesse muito calor. Isso faz com que a camisa seja capaz de esfriar nos pontos onde são mais necessários no corpo do atleta, como nas axilas e costas, por exemplo.
Já o padrão da onça, por sua vez, é mais do que meramente visual: a confecção vazada tem como objetivo ajudar na respirabilidade da peça, absorvendo também o suor dos jogadores durante a partida.
Mirando em uma das tendências mais fortes atualmente na moda, a sustentabilidade também se faz presente. Segundo a Nike, os uniformes são compostos 100% de poliéster reciclado, feitos a partir de garrafas plásticas.
Em termos mais técnicos, sobre a produção das roupas, o uso de poliéster reciclado reduz as emissões de carbono em até 30%, em comparação com o poliéster virgem, e ajuda a desviar anualmente uma média de 1 bilhão de garrafas plásticas dos aterros sanitários e cursos d'água.
Ainda de acordo com a marca esportiva, foram utilizados protótipos digitais para reduzir a geração de resíduos das peças, antes de sua execução final. Com isso, o número de amostras de tecidos, que seriam jogados fora na fase de teste, foi reduzido em cerca de 75%, em comparação com os processos de 2018, na última Copa do Mundo.
A reação nas redes sociais
Da estética ao político
No Twitter, o lançamento causou discussões que foram desde a beleza estética dos uniformes até o campo político.
Na maioria, o visual do uniforme foi elogiado por muitos — embora o preço, considerado "salgado", também tenha surtido efeito nas opiniões compartilhadas na plataforma.
No campo político de opiniões, comentários sobre uma possível "ressignificação" das cores da bandeira foram feitos pelos usuários.
Iago Barros, de 19 anos, foi um dos sortudos a garantir a sua camisa da seleção brasileira para a Copa do Mundo no Qatar. Sobre a abordagem das cores da bandeira brasileira, ele afirma:
"Acredito que elas vão ser reafirmadas e, de certo modo, ressignificadas também", diz o jovem de Teresina, no Piauí, para Nossa. "Porque o conceito que nós temos das cores da bandeira é bem antigo. A bandeira mostra para outra nações o verde das nossas matas, o azul de nossas água e o amarelo que antes era nossas riquezas materiais, e hoje é nossa riqueza cultural também".
Sobre os motivos que o levaram a comprar a peça, Igor se declara um adepto das camisas produzidas para fins esportivos:
"Gosto muito de camisetas de time, das variações de estampas e modelos", conta. "Comprei a camiseta do Brasil por conta da Copa que está chegando e também por conta dessa nova estampa que está na camisa, de onça-pintada".
Para ele, vestir a camisa da seleção exerce um papel de "união e amor pelo país": "Acredito muito que quando a gente tem uma torcida toda uniformizada traz esses valores muita vezes esquecidos quando estamos fora desse período de Copa".
Ele conclui: "Então, para mim, esse uniforme resgata esses valores esquecidos".
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