União Europeia discute banir turistas russos devido à guerra na Ucrânia
Enquanto bloco, a União Europeia está sob pressão de alguns de seus líderes políticos para banir turistas russos de países do Espaço Schengen — composto por Áustria, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Liechtenstein, Luxemburgo, Malta, Noruega, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia e Suíça.
Na segunda (8), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez um apelo durante em entrevista ao jornal americano "Washington Post". Para ele, a sanção mais importante que países aliados da Ucrânia poderiam aplicar à Rússia seria o fechamento de fronteiras. "Porque os russos estão tomando uma terra que pertence aos outros", justificou.
Na prática, a União Europeia fechou seu espaço aéreo para aeronaves com origem no território russo em fevereiro, logo após a invasão. A última ligação ferroviária, entre São Petersburgo e Helsinque, na Finlândia, foi interrompida em março. Desde então russos continuam a fazer turismo por via marítima ou por terra, especialmente via países que ainda não são parte da Otan, como a própria Finlândia, segundo o jornal britânico The Guardian.
O pedido de Zelensky já encontra eco entre outras lideranças europeias. Kaja Kallas, Primeira-Ministra da Estônia, foi contundente no seu posicionamento: russos devem ser banidos da UE.
"Parem de emitir vistos de turismo para russos. Visitar a Europa é um privilégio, não um direito humano. Viagem aérea da Rússia foi interrompida. Isso significa que, enquanto países [do Espaço] Schengen emitirem vistos, vizinhos à Rússia carregam o fardo (Finlândia, Estônia e Letônia são os únicos pontos de acesso [sic]). É hora de acabar com o turismo para a Rússia agora", tuitou na terça (9).
À tevê pública YLE, a Primeira-Ministra da Filândia, Sanna Marin, concordou com Kaja.
Não é certo que enquanto a Rússia impõe uma guerra agressiva e brutal na Europa, russos continuem vivendo uma vida normal, viajando na Europa, sendo turistas". Acredita Marin.
No fim de julho, parlamentares finlandeses já haviam denunciado à AFP que, desde o fim das restrições anti-covid, russos entram em massa no país para fazer compras — escapando do êxodo de grifes em seu território — ou partir de férias para outros destinos europeus.
Segundo o Guardian, o país já lançou um plano para limitar a emissão de vistos de turistas, mas ainda questiona seu direito legal de impor um fechamento de fronteiras aos russos. A situação é semelhante em outros países do Espaço Schengen que dividem fronteiras com a Rússia — Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia — que já impuseram limitações.
As pressões de políticos para que se tome uma medida coletiva na UE, no entanto, têm motivo: de acordo com os termos do acordo de circulação dentro do bloco, um país não pode negar entrada a indivíduos vindo de outros países do Espaço Schengen. Portanto, enquanto houver um só país aberto aos russos, todos estarão.
Ainda de acordo com o jornal britânico, o Ministro Interino de Turismo da Bulgária, Ilin Dimitrov, denunciou na quarta (10) que mais de 50 mil russos, muitos com propriedades no exterior e viajando através de Istambul, na Turquia, visitaram o país do início da guerra até o fim de junho. "Obstáculos e bilhetes caros não os impedem", teria dito.
Os ministros das Relações Exteriores da UE devem se encontrar na República Tcheca no fim de agosto para discutir o tema. E, enquanto a posição de países como a Finlândia, a Estônia e a Bulgária está bem definida — contra a Rússia — outros podem se provar reticentes, como a Alemanha, que geralmente argumenta em favor da mobilidade para refugiados, e a Hungria, que mantém boas relações com Moscou.
Em resposta aos pedidos dos líderes europeus, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres da agência russa Tass que "toda tentativa de isolar a Rússia ou os russos é um processo sem futuro", que demonstra "irracionalidade de pensamento fora dos padrões".
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