Trago perigoso: as bebidas com maior teor alcoólico do mundo
Na década de 1990, ela inspirou um rap, uma música country e o nome de uma banda de rock. Na série "Euphoria", da HBO, já foi base para um drinque tosco e porreta, misturado com Gatorade. Everclear, um destilado à base de grãos fabricado há 100 anos nos Estados Unidos, já faz parte da cultura popular americana.
Trata-se de um álcool retificado, purificado por meio de diversas destilações. Com teor de 95%, bem próximo ao limite de pureza de um álcool etílico, ele é vendido pela fabricante, Luxco, como um produto inacabado, a fim de ser usado na produção de outras bebidas (ao ser misturado com água e ingredientes diversos) ou de produtos que levam álcool (tipo perfumes).
Mas, apesar das informações contidas no rótulo, a garrafa leva a crer que se trata de uma bebida como outra qualquer, não de um álcool puro de cereais. A altíssima graduação acaba sendo um chamariz para bebedores inconsequentes e, com isso, a marca, como vimos, entrou no imaginário popular. Em sites e lojas, às vezes ela é chamada de vodca — algo que, tecnicamente, não é, por não ter passado por processos como filtragem e refino.
Em 2018, a fim de melhorar a imagem "lixo", como descreveu o jornal "Washington Post", a Everclear passou a ser vendida como base para coquetéis artesanais. Ela é proibida em alguns estados, como Califórnia e Flórida, mas há versões mais leves, com "apenas" 60% de álcool.
Pau a pau com a Everclear no título de bebida mais "vexame-certeiro" está o boliviano cocoroco. É um tipo de álcool puro, mas feito a partir de cana-de-açúcar. Vendido como "álcool potável", tem 96% de gradação alcoólica e em geral é encontrado em latas semelhantes às de azeite.
Além do risco à saúde que pode causar, o cocoroco representa uma questão policial. A bebida muitas vezes entra nas rotas de contrabando no Altiplano Boliviano. Em 2018, a polícia de Arica, no Chile, descobriu um carregamento de cigarros importados, fogos de artifício e 170 litros de cocoroco, considerado ilegal no país.
Na Bolívia, não só é legalizado como faz parte de rituais importantes. Na ch'alla, as pessoas pedem proteção ou agradecem por algo ao molhar o solo com algum álcool, oferecendo-o a Pachamama, a mãe-terra, divindade suprema dos povos andinos.
Em Chuquisaca, por exemplo, motoristas pedem bênçãos para seus veículos em uma mesa ritualística em que oferecem folhas de coca, cigarros e cocoroco, segundo um artigo da publicação científica "International Journal of Latin American Religions".
Nas redes sociais, marcas como Caiman, desde o início da pandemia, têm investido mais em outro produto, em alta por causa do coronavírus: o álcool desinfetante — feito para limpar, não para beber, que fique claro.
Cocoroco já foi descrito como um tipo de cachaça ou um tipo de rum por causa da matéria-prima. Mas o rum, tradicionalmente feito do melaço da cana, tem graduação de, quando muito, uns 80%. A cachaça, do caldo da cana, vai até no máximo 48% e, por definição, só é produzida no Brasil.
Aproximação semelhante ocorre com a Spirytus Rektyfikowany, que, como o nome diz, é um álcool retificado. Feito pela polonesa Polmos, é muitas vezes vendido como a vodca mais forte do mundo, com seus 96% de ABV.
Gire a galeria abaixo e veja agora outras das bebidas mais potentes do mundo encontradas à venda. Nenhuma delas é recomendada para ser consumida pura. Vale lembrar que as leis brasileiras não permitem a comercialização de bebidas com mais de 54% de teor alcoólico.
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