Arquiteto deixou carreira de sucesso para virar marceneiro e ganhou prêmio
Você abriria mão de uma empresa renomada, cheia de clientes, por um sonho? Bruno Camarotti sim. E sem arrependimentos. Afinal, foi na marcenaria que ele encontrou sua arte e segue construindo uma carreira autoral que envolve madeira maciça, encaixes e móveis escultóricos.
A vontade de produzir um trabalho manual sempre esteve ali, como pulga atrás da orelha, ele diz. Há mais de 20 anos, quando ainda morava em Fortaleza, no Ceará, optou pela faculdade de Arquitetura e logo que saiu passou a trabalhar com grandes nomes. Anos depois, abriu o próprio escritório e consolidou sua marca no Estado.
Com o tempo e algumas mudanças de casa, a vontade de aprender marcenaria aumentou. "Encontrei um marceneiro suíço muito bom e propus que me ensinasse, mas não era o que ele queria. Não havia cursos rápidos como há em São Paulo. Isso acabou ficando na geladeira", lembra.
Um dia, surgiu a oportunidade de uma mudança para a capital paulista. "Era uma vaga para a minha esposa, justo quando estávamos muito bem em Juazeiro. O escritório, cheio de projetos, e eu ainda passei a dar aulas na faculdade. Mas depois de ponderar muito, resolvi virar a chave", conta.
Recém-chegado em 2017 a São Paulo, Camarotti resolveu ir a uma feira de design e começou a fazer contatos. "Estava em dúvida se fazia um curso ou especialização. Buscava loucamente um caminho. A Julia Krantz me acolheu e me indicou o Morito Ebine, grande mestre da marcenaria. Entrei na fila de espera para suas aulas e fiz todas", diz Bruno, que tem orgulho de incluir no currículo um estágio no ateliê de Julia.
Ele se preparava para lançar suas peças e sua marca, o Estúdio Camarotti (@estudiocamarotti), com todo orgulho quando a pandemia começou. "Foi um balde de água fria, desgastante demais. Minhas reservas se esgotavam e no meio do turbilhão ainda tivemos nosso terceiro filho", conta Bruno.
Os protótipos não pararam. "O trabalho artesanal é diferente e foi difícil me libertar do nível de precisão que Morito colocou na minha cabeça. Vira uma obsessão o acabamento. Tem um termo que chama slow wood. Mas não funciona pra mim."
Entre os encaixes precisos de suas criações e os móveis escultóricos, Bruno parece ter encontrado algo maior. "Hoje posso dizer que sou 100% marceneiro e tenho curtido muito essa redescoberta. Aprendi com Morito a respeitar sobretudo a matéria-prima do móvel, que é a árvore."
Para um móvel durar, é preciso trabalhar com matéria-prima boa, com encaixes e técnicas corretas."
Neste ano, Camarotti teve uma peça premiada no Salão Design - o banco Tabuba, que se inspira na arquitetura de Vilanova Artigas, foi notado na categoria Desafio da Identidade Brasileira. Assim como essa, todas as outras criações levam os nomes de praias do litoral cearense.
Um jeito de honrar o lugar onde se criou, para onde volta sempre, feliz por ter seguido seu sonho.
@s que me inspiram
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