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Envelhecida por 21 anos: qual é a cachaça mais cara do Brasil?

A cachaça Weber Haus Diamant 21 Anos tem o valor mais alto do país - Reprodução
A cachaça Weber Haus Diamant 21 Anos tem o valor mais alto do país Imagem: Reprodução

Nicole D'Almeida

Colaboração para Nossa

25/08/2022 04h00

Na comemoração dos 362 anos da Revolta da Cachaça, você sabia que a cachaça mais cara do Brasil pode ser encontrada por quase R$ 13 mil, dependendo da loja?

Pois bem, criada por Hugo Weber e Evandro Weber na cidade de Ivoti, encosta da Serra Gaúcha, no interior do Rio Grande do Sul, a cachaça Weber Haus Diamant 21 Anos tem o valor mais alto do país. O seu processo de produção explica o preço tão elevado.

Essa cachaça foi curtida e envelhecida em barris de carvalho por 6 anos e mais 15 em barris de bálsamo. O processo se iniciou nos anos 2000, quando pai e filho decidiram elaborar uma cachaça, colocá-la em envelhecimento nos seus melhores tonéis e deixar no "Vergesslichkeit" (esquecimento, em tradução livre).

Lançada em 5 de novembro de 2021, a cachaça Weber Haus Diamant 21 Anos consiste em apenas mil garrafas únicas.

A Cachaçaria Nacional descreve a Weber Haus Diamant 21 Anos da seguinte forma: "Sensorialmente, é uma bebida licorosa a 2ºC, cujo sabor remete a flores, frutas maduras, frescor, damasco, laranja e menta. Ademais, no aroma, a 10ºC encontram-se notas de frutas maduras, frescor, pêssego, calda de frutas, baunilha, amadeirado, herbal. A 30ºC é complexa, trazendo ao paladar do apreciador a baunilha, amêndoas, passas, frutas cristalizadas, anis, mel e caramelo. Logo, em todas as temperaturas, o destilado tem como característica fornecer à boca sensação aveludada".

A cachaça Weber Haus Diamant 21 Anos é enquadrada na categoria Extra Premium por ser totalmente envelhecida em barris de madeira de até 700 litros por três anos ou mais.

Destilado mais consumido no Brasil

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a cachaça é a primeira bebida destilada mais consumida no Brasil e a terceira no mundo.

Apenas 1% a 2% da produção nacional são exportados, sendo os principais países compradores: Estados Unidos, Alemanha e Paraguai. Já os maiores produtores de cachaça são: São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.

Revolta da Cachaça

A Revolta da Cachaça, que completa 362 anos hoje, ficou conhecida também como Revolta do Barbalho ou Bernarda, e foi motivada pelo aumento de impostos cobrados em cima da cachaça entre o final de 1660 e o início de 1661, no Brasil Colônia.

A produção e o comércio de manufaturas na colônia, incluindo os destilados, eram proibidos pela Coroa Portuguesa. No entanto, em 31 de janeiro de 1660, na capitania do Rio de Janeiro, a Câmara dos Vereadores sugeriu a liberação da produção de cachaça e o governador da capitania, Salvador Correia de Sá e Benevides, executou logo a ideia.

Contudo, o governador começou a estabelecer diversos impostos e a decisão não agradou nem um pouco os produtores da aguardente. Aqueles que estavam localizados na região norte da Baía da Guanabara, então Freguesia de São Gonçalo do Amarante (atuais municípios de São Gonçalo e Niterói), principalmente Jerônimo e Agostinho Barbalho, se rebelaram contra a taxa cobrada.

Foram seis meses de reuniões na fazenda de Jerônimo, na Ponta do Bravo (atual bairro do Barreto, em Niterói) e no dia 8 de novembro de 1660 marcharam até o prédio da Câmara dos Vereadores, convocando o povo da cidade. Ao todo, 112 senhores de engenho exigiam o fim dos impostos e a devolução do dinheiro já arrecadado pelo governo.

Nessa época, Salvador Correia de Sá e Benevides estava na capitania de São Paulo e o governador em exercício durante a sua ausência, Tomé de Sousa Alvarenga, foi então, feito prisioneiro e seu lugar foi assumido por um dos rebeldes.

Salvador liderou o ataque surpresa aos revoltosos - Reprodução - Reprodução
Salvador liderou o ataque surpresa aos revoltosos
Imagem: Reprodução

Aproveitando da instabilidade política na região, mantiveram-se no poder por cinco meses. Até que em 6 de abril de 1661, um ataque surpresa liderado por Salvador de Sá deixou os revoltosos sem ação. Os líderes da revolta foram aprisionados e Jerônimo Barbalho, decapitado.

No entanto, o Conselho Ultramarino, uma espécie de Tribunal Régio de caráter consultivo, administrativo e deliberativo português, ficou do lado dos rebeldes entendendo que não havia tido um crime contra a Coroa, já que a revolta foi contra a política fiscal praticada pelo governador. Dessa forma, Salvador de Sá foi afastado de suas funções e os revoltosos condenados foram liberados.

No mesmo ano, a produção da cachaça no Brasil foi liberada pela regente Luísa de Gusmão, esposa do Rei João IV de Portugal.

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