Presos constroem casinhas para animais abandonados no interior de SP
Madeiras ilegais apreendidas pela Polícia Ambiental da região de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, estão ganhando forma e sendo transformadas pelas mãos de sentenciados da Penitenciária de Caiuá (SP) em casinhas para animais abandonados que vivem soltos nas ruas da cidade.
A ação faz parte do projeto "Produzir e Reinserir", uma parceria entre a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP) e a corporação.
A produção da primeira remessa de casinhas, com 50 unidades, foi entregue no fim do mês de julho. Participam do projeto dez sentenciados que cumprem pena no regime semiaberto. Os trabalhos tiveram início em março, quando os detentos passaram por uma seleção.
"Aqueles sentenciados que demonstraram interesse em integrar o projeto passaram por uma entrevista e avaliado também o comportamento dele na unidade prisional. Após essa avaliação, eles foram encaminhados para o trabalho", explica o Claudinei dos Santos, diretor técnico do presídio.
Ainda segundo o diretor, não foi exigida experiência do sentenciado na área, já que toda a produção é orientada e acompanhada de perto por servidores da penitenciária que auxiliam os detentos durante o trabalho.
"O objetivo é justamente levar aprendizado profissional a essas pessoas e contribuir para que eles consigam se reinserir socialmente após o cumprimento da pena", acrescenta Claudinei.
Produção no próprio presídio
Para a produção acontecer, é utilizado um barracão que fica na área externa do presídio. O trabalho começa por volta das 8 horas da manhã e vai até as 16, com pausa para o almoço.
Lá, toda a madeira que chega é separada e limpa. Após essa primeira etapa, as madeiras são cortadas e conforme vão sendo pregadas umas nas outras as casinhas vão ganhando forma. Em seguida, todas as casinhas são pintadas e ganham a cobertura, feita em telhas que recebem um colorido especial — são azuis, brancas e verdes.
Todos os sentenciados participantes do projeto recebem a redução da pena — a cada três dias de trabalho um dia da pena é reduzido, além de uma ajuda financeira.
"É uma forma de esses homens irem se acostumando novamente com o mercado de trabalho. Ao invés de ficarem ociosos na penitenciária, eles trabalham, têm horários a seguirem", diz Claudinei.
Abrigo para animais de rua
A primeira remessa de casinhas feitas pelos sentenciados foi encaminhada para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Presidente Prudente, que vai ficar responsável pela destinação de todas elas. O transporte delas da penitenciária até o CCZ fica a cargo da Polícia Ambiental.
As casinhas servirão de abrigo para cães e gatos abandonados e são atendidos pelo CCZ, assim como para animais abandonados que vivem nas ruas da cidade.
"É extremamente positiva essa parceria para construção de casinhas para abrigo de cães e gatos sobretudo neste período mais frio, estes dispositivos vão auxiliar a administração municipal a oferecer um abrigo adequado para animais de rua", explicou o órgão municipal.
Produção de brinquedos
Com a proximidade do fim de ano, o próximo passo do projeto "Produzir e Reinserir" é a confecção de brinquedos para crianças carentes, como carrinhos e caminhões de madeira. A quantidade de brinquedos que serão produzidos ainda é incerta, já que depende da doação dos materiais.
"Já estamos pensando em fazer o bem para as crianças carentes que muitas vezes não recebem nenhum presente de Natal, por isso assim que os sentenciados terminarem as casinhas, eles já vão começar a fazer os brinquedos que serão doados para instituições da cidade", explica o diretor técnico do presídio.
As instituições que receberão os brinquedos ainda não foram definidas.
Parcerias com empresas privadas
Segundo a SAP, na unidade de Caiuá, atualmente 843 sentenciados cumprem pena no regime fechado e 261 no regime semiaberto, desses 120 trabalham em empresas que possuem parceria com a entidade.
"Grande parte deles quer voltar ao trabalho após a pena. Esses que já estão empregados exercem funções como auxiliar geral, de limpeza e assistente administrativo em empresas que são parceiras. Durante a pandemia, muitos desses sentenciados acabaram sustentando a família com o dinheiro que recebem por seus trabalhos", relata Claudinei.
"A maioria deles quer voltar ao mercado de trabalho e enxergam essa necessidade", finaliza o diretor.
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