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Viajar juntas para países remotos uniu mãe e filha: 'Viramos um time'

Laerke e Mette no deserto da Namíbia - Arquivo pessoal
Laerke e Mette no deserto da Namíbia Imagem: Arquivo pessoal

Marcel Vincenti

Colaboração para Nossa

11/09/2022 04h00

A dinamarquesa Mette Ehlers Mikkelsen (@expandingourhorizon) sempre foi uma apaixonada por viagens. Hoje com 50 anos de idade, ela já visitou, ao longo de sua vida, nada menos do que 191 países.

"Venho de uma família de mulheres viajantes", conta ela, dizendo que sua avó, após ficar viúva, vendeu a casa para viajar. E que sua mãe percorreu diversas nações da Europa quando jovem.

Há 19 anos, Mette teve uma filha, chamada Laerke (@l.mikk) — e a tradição foi mantida.

Quando Laerke era criança, a mãe começou a levá-la em longas viagens realizadas com outros membros da família (elas e familiares, inclusive, estiveram por seis semanas no Brasil em 2007).

E com a filha crescida, as duas deram início ao hábito de explorar, sozinhas, países pouco turísticos de regiões como África e Ásia.

Juntas, as duas já visitaram nos últimos anos, por exemplo, a Mauritânia, Arábia Saudita, Iêmen, Burundi, Líbano, Síria e Nigéria — e quase sempre no melhor estilo mochileiro.

Laerke e Mette em mirante na ilha de Socotra, no Iêmen - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Laerke e Mette em mirante na ilha de Socotra, no Iêmen
Imagem: Arquivo pessoal

A gente costuma viajar apenas com uma mochila nas costas, que possa entrar no avião como bagagem de mão" Laerke

"Uma das razões para isso é que, para chegar a destinos mais remotos, frequentemente encaramos trajetos aéreos bem complicados, com muitas conexões. E estar apenas com uma bagagem de mão evita que nossas malas sejam perdidas entre os voos", explica.

Ao chegar ao país que deseja conhecer, a dupla preza por experiências de imersão cultural e com algumas doses de aventura.

Interação com moradores do Burundi, na África - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Interação com moradores do Burundi, na África
Imagem: Arquivo pessoal

Geralmente, as duas gostam de contratar um guia local para levá-las, de carro, a lugares isolados do país visitado, como cachoeiras em áreas selvagens, vilarejos no meio do nada e sítios arqueológicos que se encontram fora das rotas turísticas.

Estar com um guia local facilita e deixa mais segura nossa circulação pelo país. E são pessoas nativas capazes de nos apresentar as experiências mais autênticas daquele lugar" Mette

E por que a paixão por nações mais desconhecidas do globo?

"Gostamos de países pouco turísticos porque geralmente, nesses territórios, as pessoas são mais autênticas e curiosas em relação a estrangeiros. São lugares onde temos a chance de vivenciar interações culturais mais profundas", avalia Laerke.

Mãe, filha e companheira de viagem vestidas para respeitar as leis islâmicas do Irã - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Mãe, filha e companheira de viagem vestidas para respeitar as leis islâmicas do Irã
Imagem: Arquivo pessoal

Relação fortalecida

Em suas viagens, Mette e Laerke têm conseguido viver experiências intensas — o que, segundo elas, vem fortalecendo muito a relação entre mãe e filha.

A cada viagem, nossa parceria aumenta. A gente acaba se conhecendo muito mais por passar tanto tempo juntas na estrada. Estamos muito mais conscientes da força e das fraquezas que cada uma tem" Laerke

"E viagens sempre apresentam imprevistos. A gente virou um verdadeiro time para dividir responsabilidades e conseguir resolver com rapidez eventuais problemas. Além disso, muitas memórias são geradas nessas viagens. Hoje, minha mãe e eu temos histórias infinitas para contar em nossas conversas", diz Laerke.

Laerke e Mette em cachoeira da Guiné Equatorial, na África - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Laerke e Mette na Guiné Equatorial, na África
Imagem: Arquivo pessoal
Interação com os locais no Burundi - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Interação com os locais no Burundi
Imagem: Arquivo pessoal

Juntas, por exemplo, elas já caminharam pelo deserto da Mauritânia, conheceram as ricas tradições islâmica e cristã que sobrevivem entre os escombros da guerra na Síria, desbravaram remotas praias da África e acamparam nas montanhas da ilha de Socotra (no Iêmen).

E, nessas jornadas, algumas experiências foram especialmente marcantes.

"Em 2021, visitamos o Chade, país africano que é um dos menos visitados do mundo. E, certo dia, nosso carro quebrou no meio do deserto", lembra Laerke. "Aproveitamos o tempo de espera para caminhar até uma aldeia que avistamos na área. Era um lugar cheio de cabanas de barro, de onde, de repente, saíram diversas mulheres, curiosas com nossa presença ali. Elas eram lindas, com cabelos trançados e vestidos coloridos. E parecia que nunca haviam visto uma pessoa branca antes. Elas estavam fascinadas conosco. E nós fascinadas com elas. As mulheres nos trataram muito bem. Foi uma interação muito carinhosa".

Vila de pigmeus no Burundi, na África - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Vila de pigmeus no Burundi, na África
Imagem: Arquivo pessoal

Já no Burundi, também na África, mãe e filha passaram por uma situação curiosa.

"No país, visitamos uma comunidade de pigmeus", conta Mette. "Na ocasião, eu tinha 49 anos, uma idade considerada avançada na vila, com a qual as mulheres locais já são avós. E a Laerke, então com 18 anos, já estaria casada há muito tempo se morasse ali. E alguns moradores locais pediram para que ela escolhesse um marido na vila e ficasse vivendo lá".

Passeio no deserto da Mauritânia - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Passeio no deserto da Mauritânia
Imagem: Arquivo pessoal

Sem fim previsto

Mesmo com tantas experiências acumuladas na estrada, mãe e filha não cogitam parar de viajar juntas tão cedo.

A próxima jornada que as duas querem realizar é para a Somalilândia, na África. E, como sempre, a experiência tem tudo para ser uma grande imersão cultural.

"Queremos percorrer as estradas locais e tomar chá e café com os nativos", conta Mette. "E, um dia, também pretendemos voltar às Cataratas do Iguaçu e ao Pantanal, no Brasil, que conhecemos em 2007. São lugares fantásticos".

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