Cidade fantasma: como uma tragédia transformou resort argentino em atração
Escadas que levam a lugar algum, carros antigos que viraram sucata, grades que já não delimitam nada e troncos de árvores que ainda resistem, assim é hoje Villa Epecuén.
Esse pequeno balneário, que fica a 520 quilômetros de Buenos Aires, no passado foi um dos destinos mais visitados da Argentina. Na época moravam ali 1.200 pessoas, mas em 1985 um trágico acidente alagou Epecuén.
O povoado foi inundado por conta das chuvas fortes e pelo mal planejamento hidráulico feito naquela época; uma barreira de contenção cedeu e a água do Lago Epecuén arrasou com tudo. Em duas semanas a cidade foi coberta por sete metros de água e simplesmente desapareceu do mapa.
Por sorte, ninguém morreu com a inundação. Os moradores tiveram apenas alguns dias para levar o que foi necessário e abandonar suas casas às pressas. Muitos refizeram suas vidas na cidade vizinha de Carhué e tiveram que esperar 20 anos para voltar ao pequeno povoado para ver o que tinha sobrado dos seus imóveis, quando a água começou a baixar.
Cidade fantasma
Hoje em dia são só escombros mas Epecuén continua sendo um lugar interessante. A cidade fantasma recebe muitos turistas, principalmente argentinos. Caminhar por essa paisagem branca é quase como estar em um cenário de filme: ruas desertas e abandono. Uma cena quase apocalíptica.
Um dos edifícios mais famosos dessas ruínas é o matadero, um antigo matadouro que ainda conserva a fachada, embora por dentro esteja em ruínas. Ainda é possível ver as letras lá no alto desse prédio que foi projetado pelo famoso arquiteto argentino Francisco Salamone, um vanguardista para a época.
Antes da inundação, Epecuén era conhecida pelos seus balneários. Muitos argentinos visitavam esse lugar para tomar banho nas águas que eram famosas pelas suas propriedades medicinais, ricas em enxofre e sal.
Enquanto caminhamos é possível ver placas e fotos que contam como era o povoado no passado. Bancos e mesas de cimento que talvez fizeram parte de uma praça, fachadas que ainda resistem, postes que algum dia seguraram fios elétricos, uma pia de banheiro enferrujada e ruas que nos mostram um caminho que nos leva a lugar nenhum.
Imaginar como era a vida ali quando esse balneário viveu sua época dourada até meados dos anos 80 é quase um exercício inevitável.
Turismo e recorde Guinness
A cidade mais próxima é Carhué, que fica a 8 quilômetros. Esse pequeno povoado acabou se beneficiando do triste fim de Epecuén porque hoje em dia recebe turistas que visitam as ruínas e também aproveitam para relaxar em suas águas termais.
Especialistas dizem que as águas de Carhué têm uma concentração de sal quatro vezes maior do que o mar. Eles afirmam que a água desse lago argentino tem quase tanto sal como as águas do famoso Mar Morto no Oriente Médio.
Por isso, a pequena cidade tem piscinas climatizadas, spas e hotéis que oferecem banhos que aliviam os sintomas do reumatismo, infecções da pele e ajudam a combater o stress. Carhué também tem o Museo Regional de Adolfo Alsina, parada interessante para entender melhor a história de Epecuén. Além disso, a cidade tem um parque termal famoso e um curioso recorde Guinness.
Carhué conseguiu juntar o maior número de pessoas flutuando ao mesmo tempo sem a ajuda de qualquer equipamento. Em janeiro de 2017, exatamente 1941 pessoas bateram esse recorde nas águas do Lago Epecuén.
Quem ficou com vontade de conhecer esse lugar único, uma boa época para visitar Epecuén é no verão porque no inverno faz bastante frio. Porém, os hotéis em Carhué ficam abertos o ano todo.
Quem conhece indica que o melhor horário para visitar a cidade fantasma é no fim do dia. O sol se põe exatamente ali no lago e o espetáculo da natureza nos lembra mais uma vez que é possível encontrar beleza ainda na adversidade.
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