Por que uma sinistra prisão de Cuba virou atração turística
Das praias de Varadero aos símbolos da revolução, Cuba tem, em seu pequeno território insular, uma enorme variedade de atrações que atraem viajantes do mundo inteiro.
E, no meio desses cartões-postais, existe um lugar de aspecto sinistro que ganhou status de destino turístico.
Trata-se de um antigo complexo carcerário chamado Presídio Modelo, cuja história é digna de um filme.
Localizado em uma área pontuada por montanhas de uma ilha chamada Isla de la Juventud, o presídio foi construído nos anos 1920 durante o regime do autoritário presidente cubano da época, Gerardo Machado.
Suas chamativas edificações circulares, com as celas minúsculas dispostas em torno de torres de vigilância e capacidade para milhares de detentos, foram inspiradas em uma penitenciária de Illinois, nos Estados Unidos.
E para esse ambiente altamente repressivo, que permitia a observação ininterrupta dos detentos a partir das torres, eram enviados inimigos do governo de Machado, que ficou no poder até 1933.
A característica de prisão política do complexo, por sua vez, sobreviveu ao longo de décadas.
Em 1953, chegou ao Presídio Modelo um jovem chamado Fidel Castro, que, com um grupo de companheiros de luta armada, havia realizado um pouco antes um ataque ao Quartel Moncada, como parte do processo de combate ao ditador da vez, Fulgencio Batista.
Preso por causa da ação, Castro ficaria detido no local até 1955: diz a história que, por sua notoriedade, Fidel e seus companheiros foram mantidos separados dos outros prisioneiros, no pavilhão onde funcionava o hospital da penitenciária.
Da prisão ao poder
Fidel conseguiu chegar ao poder em Cuba em 1959. E aí foi sua vez de começar a enviar inimigos políticos ao Presídio Modelo.
No começo dos anos 1960, a prisão teria chegado a um estado de superlotação, o que gerou uma série de rebeliões e greves de fome entre os detentos.
Poucos anos depois, porém, mais precisamente em 1967, o complexo prisional foi desativado. Ao longos dos anos, ao entrar em processo de deterioração, adquiriu o aspecto ainda mais assustador que exibe hoje, uma mistura de prisão com galpão abandonado de filme de terror.
E foi com essas características que esse monumento à repressão ganhou status turístico, sendo convertido em um museu que abriga muita história.
Foram abertos a visitantes, por exemplo, os espaços em que Fidel ficou preso nos anos 1950, além de áreas com exibições que mostram a trajetória da prisão: na visita, dá até para saber que, durante a Segunda Guerra Mundial, o Presídio Modelo foi usado com cárcere de cidadãos de países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) que estavam em Cuba durante o conflito.
Há também exibições que contam a história de vida de outros detentos que passaram pelo lugar e que eram alinhados a Castro.
A parte mais impressionante de qualquer visita, porém, é entrar em um dos edifícios circulares e observar, sob um silêncio sepulcral, suas dezenas de celas rodeando a sinistra torre de vigilância - que ainda parece abrigar olhos observando sem parar todos em volta.
E é também chocante ingressar na edificação do antigo refeitório, que podia comportar até 3.000 pessoas e foi apelidada de "o refeitório dos 3.000 silêncios", pois ninguém tinha autorização para falar durante as refeições.
A antiga prisão fica a aproximadamente 5 quilômetros de Nueva Gerona, a principal cidade da Isla de la Juventud. Em Nueva Gerona, é fácil encontrar transporte até a velha penitenciária.
O complexo costuma receber turistas das 8h às 16h de terça a sábado. E das 8h ao meio-dia aos domingos. O preço da visita guiada é equivalente a US$ 2 (preço sujeito a alterações).
Vale lembrar, porém, que o Presídio Modelo tem passado por extensos trabalhos de restauração. Antes de ir até lá, verifique se as obras não estão impedindo as visitas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.