Topo

Preços milionários e peças esgotadas: por que há tênis tão raros e caros

Os sneakerheads desembolsam milhares de reais para ter um tênis dos sonhos. Em conversa com o porta-voz da plataforma Droper, entendemos como funciona essa paixão pelos sneakers e outras curiosidades - Divulgação
Os sneakerheads desembolsam milhares de reais para ter um tênis dos sonhos. Em conversa com o porta-voz da plataforma Droper, entendemos como funciona essa paixão pelos sneakers e outras curiosidades Imagem: Divulgação

De Nossa

04/10/2022 04h00

Você provavelmente já cruzou com alguém que diz ter uma coleção de tênis. Os sneakerheads, como são chamados, são os responsáveis por transformarem os sneakers em verdadeiros tesouros calçáveis: que chegam a ser colocados no mercado como peças raras e de custo alto — algumas vezes equivalente a um carro ou até uma casa. Dos mais luxuosos.

Não faltam exemplos. Há quem gaste uma fortuna milionária para ter uma peça rara em mãos, como aconteceu com o Air Jordan, criado em colaboração entre a Nike e Michael Jordan, que teve o produto original arrebatado por R$ 3 milhões em um leilão.

Em outras ocasiões, não é necessário nem que seja algo único. Estritamente exclusivo.

A colaboração da mesma marca esportiva com a Dior acumulou uma fila de 5 milhões de pessoas à espera, com os cartões de crédito em mãos, para adquirir o produto por R$ 11 mil.

Há ainda quem se atreva a criar versões inusitadas dos tênis. Lembre-se dos sujos e rasgados da Balenciaga, o feito com sangue pelo cantor Lil Nas X e os calçáveis sem usar as mãos — sendo esse último um sucesso pela praticidade e acolhimento a pessoas com deficiências físicas.

Travis Scott com Nike x Dior - Divulgação - Divulgação
Travis Scott com sneaker da collab Nike x Dior
Imagem: Divulgação

Dito tudo isso. O que torna um tênis tão raro e caro? Nas palavras de Alberto Roque, fundador da plataforma de venda e revenda de sneakers Droper, para que uma peça possa alcançar esse patamar, existe um conjunto de fatores.

Em conversa com Nossa, ele cita como exemplo o Off-White x Jordan 1 Chicago — recentemente, a collab Nike x Off-White foi eleita a mais famosa do mundo.

"Sua raridade vem principalmente por conta da assinatura do designer e ex-diretor criativo da Off White, Virgil Abloh", comenta sobre o estilista, que morreu em há um ano. "A colorway icônica utilizada que apresenta o vermelho, preto e branco e a quantidade limitada dos pares ao redor do planeta também contribuem".

Off-White x Air Jordan 1 Chicago - Reprodução/Droper - Reprodução/Droper
Off-White x Air Jordan 1 Chicago
Imagem: Reprodução/Droper

Roque elenca alguns dos fatores que provocam o sucesso, e consequentemente os valores exorbitantes: "Em geral, a assinatura, colaboração, quantidade de pares globais, quantos chegam ao nosso mercado, storytelling cativante, ou até mesmo sob o fator redes sociais e se apareceu nos pés de algum famoso".

Os preços podem volatilizar muito sob esses fatores iniciais, e muitos outros fatores que podem surgir após o seu lançamento. Voltando ao Virgil, após o seu falecimento, seus modelos assinados tiveram aumentos expressivos de preço".

O empresário, de 27 anos, conta que o mais caro transacionado pela Droper foi um Off White x Jordan 1 Chicago, por R$ 35 mil. Já o mais raro, um Nike SB Dunk low Freddy Krueger avaliado hoje em mais de US$ 67 mil, aproximadamente R$ 360 mil.

Nike SB Dunk low Freddy Krueger - Reprodução - Reprodução
Nike SB Dunk low Freddy Krueger
Imagem: Reprodução

Ingrediente de sucesso
A venda e a revenda

Colaboração feita entre a Adidas e a Gucci - Divulgação - Divulgação
Colaboração feita entre a Adidas e a Gucci
Imagem: Divulgação

Atualmente, uma das formas mais usadas para encontrar itens de tamanha raridade são as plataformas de revenda. É onde a Droper entra em ação no mercado brasileiro — assim como a SNKRS, da Nike, por exemplo.

A plataforma, criada em 2020, surgiu a partir da necessidade que os sócios observaram por um espaço para suprir demandas de snearkerheads, sendo até então um meio digital de compra e venda de itens usados e novos. Tanto de sneakers como de streetwear e skate.

Há pouco mais de um mês, inauguraram a primeira loja física, na Zona Sul de São Paulo, mirando nos amantes deste universo.

"Existem alguns tipos de públicos nesse meio. Em sua maioria podemos encontrar entusiastas que consomem moda e querem adquirir um tênis exclusivo para compor um look", comenta Alberto. "Outro grande grupo é composto por sneakerheads, que são homens e mulheres fanáticos por tênis e que respiram a cultura diariamente."

Esse grupo cresce cada dia mais, pois uma vez sneakerhead, sempre sneakerhead".

Ele completa a lista: "Existem ainda pessoas mais ligadas à moda de luxo que também gostam de tênis, os resellers que movimentam o mercado, e até pessoas que são levadas aos tênis por conta de uma colaboração de uma marca exclusiva, como aconteceu com a Nike x Swarovski ou Gucci x Adidas, entre outros".

O barato que sai caro
Luta contra as falsificações

Encontrar produtos falsificados dos itens que tanto desejamos não é uma missão difícil. Muitas vezes muito mais baratos do que o original — mas não é novidade que acaba saindo caro, por trazer sérios problemas de saúde ao corpo.

Na Droper, Alberto conta que existem várias camadas para legitimação de produtos, que são garantidores de que o comprador receba seu produto autêntico.

"A primeira camada é baseada nos dados do produto", comenta. "Analisamos onde e como as fotos foram tiradas, detalhes dos produtos baseados em manuais únicos de cada modelo, histórico de compra via NF ou prints de compras em sites e outros".

Alberto Roque, fundador da plataforma Droper - Divulgação - Divulgação
Alberto Roque, fundador da plataforma Droper
Imagem: Divulgação

Caso não existam dados satisfatórios, a plataforma analisa o perfil da pessoa, histórico de mercado, com consulta do CPF, vendas realizadas na plataforma e em redes sociais.

Depois disso, vem a segunda camada, que é a verificação de autenticidade física do produto.

"Analisamos minuciosamente, sob aspectos construtivos, pantone, materiais correspondentes, estrutura, guias de verificação e padrões do fabricante", detalha ele. "Após a análise enviamos o produto para o comprador com uma tag que habilita um certificado de autenticidade rastreável com os dados do vendedor, dados do avaliador e dados rastreáveis do tênis".