Preços milionários e peças esgotadas: por que há tênis tão raros e caros
Você provavelmente já cruzou com alguém que diz ter uma coleção de tênis. Os sneakerheads, como são chamados, são os responsáveis por transformarem os sneakers em verdadeiros tesouros calçáveis: que chegam a ser colocados no mercado como peças raras e de custo alto — algumas vezes equivalente a um carro ou até uma casa. Dos mais luxuosos.
Não faltam exemplos. Há quem gaste uma fortuna milionária para ter uma peça rara em mãos, como aconteceu com o Air Jordan, criado em colaboração entre a Nike e Michael Jordan, que teve o produto original arrebatado por R$ 3 milhões em um leilão.
Em outras ocasiões, não é necessário nem que seja algo único. Estritamente exclusivo.
A colaboração da mesma marca esportiva com a Dior acumulou uma fila de 5 milhões de pessoas à espera, com os cartões de crédito em mãos, para adquirir o produto por R$ 11 mil.
Há ainda quem se atreva a criar versões inusitadas dos tênis. Lembre-se dos sujos e rasgados da Balenciaga, o feito com sangue pelo cantor Lil Nas X e os calçáveis sem usar as mãos — sendo esse último um sucesso pela praticidade e acolhimento a pessoas com deficiências físicas.
Dito tudo isso. O que torna um tênis tão raro e caro? Nas palavras de Alberto Roque, fundador da plataforma de venda e revenda de sneakers Droper, para que uma peça possa alcançar esse patamar, existe um conjunto de fatores.
Em conversa com Nossa, ele cita como exemplo o Off-White x Jordan 1 Chicago — recentemente, a collab Nike x Off-White foi eleita a mais famosa do mundo.
"Sua raridade vem principalmente por conta da assinatura do designer e ex-diretor criativo da Off White, Virgil Abloh", comenta sobre o estilista, que morreu em há um ano. "A colorway icônica utilizada que apresenta o vermelho, preto e branco e a quantidade limitada dos pares ao redor do planeta também contribuem".
Roque elenca alguns dos fatores que provocam o sucesso, e consequentemente os valores exorbitantes: "Em geral, a assinatura, colaboração, quantidade de pares globais, quantos chegam ao nosso mercado, storytelling cativante, ou até mesmo sob o fator redes sociais e se apareceu nos pés de algum famoso".
Os preços podem volatilizar muito sob esses fatores iniciais, e muitos outros fatores que podem surgir após o
seu lançamento. Voltando ao Virgil, após o seu falecimento, seus modelos assinados tiveram aumentos expressivos de preço".O empresário, de 27 anos, conta que o mais caro transacionado pela Droper foi um Off White x Jordan 1 Chicago, por R$ 35 mil. Já o mais raro, um Nike SB Dunk low Freddy Krueger avaliado hoje em mais de US$ 67 mil, aproximadamente R$ 360 mil.
Ingrediente de sucesso
A venda e a revenda
Atualmente, uma das formas mais usadas para encontrar itens de tamanha raridade são as plataformas de revenda. É onde a Droper entra em ação no mercado brasileiro — assim como a SNKRS, da Nike, por exemplo.
A plataforma, criada em 2020, surgiu a partir da necessidade que os sócios observaram por um espaço para suprir demandas de snearkerheads, sendo até então um meio digital de compra e venda de itens usados e novos. Tanto de sneakers como de streetwear e skate.
Há pouco mais de um mês, inauguraram a primeira loja física, na Zona Sul de São Paulo, mirando nos amantes deste universo.
"Existem alguns tipos de públicos nesse meio. Em sua maioria podemos encontrar entusiastas que consomem moda e querem adquirir um tênis exclusivo para compor um look", comenta Alberto. "Outro grande grupo é composto por sneakerheads, que são homens e mulheres fanáticos por tênis e que respiram a cultura diariamente."
Esse grupo cresce cada dia mais, pois uma vez sneakerhead, sempre sneakerhead".
Ele completa a lista: "Existem ainda pessoas mais ligadas à moda de luxo que também gostam de tênis, os resellers que movimentam o mercado, e até pessoas que são levadas aos tênis por conta de uma colaboração de uma marca exclusiva, como aconteceu com a Nike x Swarovski ou Gucci x Adidas, entre outros".
O barato que sai caro
Luta contra as falsificações
Encontrar produtos falsificados dos itens que tanto desejamos não é uma missão difícil. Muitas vezes muito mais baratos do que o original — mas não é novidade que acaba saindo caro, por trazer sérios problemas de saúde ao corpo.
Na Droper, Alberto conta que existem várias camadas para legitimação de produtos, que são garantidores de que o comprador receba seu produto autêntico.
"A primeira camada é baseada nos dados do produto", comenta. "Analisamos onde e como as fotos foram tiradas, detalhes dos produtos baseados em manuais únicos de cada modelo, histórico de compra via NF ou prints de compras em sites e outros".
Caso não existam dados satisfatórios, a plataforma analisa o perfil da pessoa, histórico de mercado, com consulta do CPF, vendas realizadas na plataforma e em redes sociais.
Depois disso, vem a segunda camada, que é a verificação de autenticidade física do produto.
"Analisamos minuciosamente, sob aspectos construtivos, pantone, materiais correspondentes, estrutura, guias de verificação e padrões do fabricante", detalha ele. "Após a análise enviamos o produto para o comprador com uma tag que habilita um certificado de autenticidade rastreável com os dados do vendedor, dados do avaliador e dados rastreáveis do tênis".
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