Calcinha à mostra ganha passarelas após favoritismo nas ruas e com famosas
Não há mais o íntimo na moda. O fetiche tornou-se de conhecimento público, as curvas do corpo moldam peças que imitam músculos e, agora mais do que nunca, as calcinhas e cuecas passam a estabelecer uma importância mais do que meramente confortável, mas também estética. O que, na verdade, não é uma novidade, mas popularizou-se de forma avassaladora.
Conquistou as ruas, ganhou o engajamento das famosas e se fez praticamente onipresente nas passarelas das mais recentes Semanas de Moda — assim como nas anteriores, como mostraram a estilista Nensi Dojaka e a grife Off-White, fundada por Virgil Abloh.
O motivo para não existirem surpresas são revelados por tendências que despontaram nos últimos tempos: o recorte pélvico, por exemplo, deixava parte do quadril à mostra e foi reinterpretado por muitas celebridades que deixavam a calcinha alta — provocando o mesmo efeito visual. Lembre-se de Anitta na capa de "Girl From Rio" ou no videoclipe de sucesso mundial "Envolver".
A força da moda Y2K, que retoma tudo o que vimos e cobiçamos nos anos 2000, também tem o impacto. Paris Hilton, Britney Spears, Christina Aguilera, entre inúmeras outras, que o digam. Seus looks cheios de brilho e com peças exageradas fizeram história e atualmente passam a fazer parte de uma nova narrativa. O minimalismo faz-se menos relevante e dá vez ao maximalismo.
O desfile da Miu Miu colocou as roupas íntimas em evidência. A marca comandada por Miuccia Prada causou burburinho com as minissaias no começo deste ano e o que há de melhor para acompanhá-las do que algo tão ousado quanto?
No desfile da coleção de Primavera/Verão 2023, as peças com comprimento mini voltaram — desta vez acompanhadas de bolsos largos, contraste pertinente com a ascensão das calças cargo — e junto a elas estavam calcinhas de algodão.
A cintura mais baixa, mal vista por muitos, não necessariamente precisa exibir pele.
A calcinha, colocada mais acima da cintura, ganhou espaço para brilhar. Literalmente, já que as versões em cetim com tonalidades cintilantes foram usadas.
A Prada já vinha experimentando essa fórmula e a consolidou nesta última temporada. Para o Outono/Inverno 2022, a saia transparente e o vestido nos mesmos moldes deixavam as pernas à mostra e, em algumas vezes, as peças íntimas, mesmo que em versão mais tímida.
Para a Primavera/Verão 23, a transparência marcou mais uma vez. Com tecido branco, completamente translúcido, as hot pants se fizeram visíveis.
As peças com transparência são as grandes incentivadoras do íntimo se tornar cada vez mais compartilhado. Além da Prada, a Yves Saint Laurent combinou sua clássica sofisticação com sensualidade para apresentar modelos desfilando com vestidos feitos a partir de tecido fino, em frente à Torre Eiffel, em Paris.
Sem medo de ousar, a grife francesa desafia ainda mais o âmbito privado. As roupas deixavam os (ainda polêmicos) mamilos à mostra — o que ainda é visto como algo a ser censurado apenas pelo Instagram em terras ocidentais.
Abordagens ainda mais audaciosas — no melhor dos sentidos — foram apresentadas pela Burberry, à época comandada por Ricardo Tisci em sua direção criativa para a grife.
Os recortes, presentes no mais elogiado do que criticado look usado por Bruna Marquezine para assistir ao desfile, davam abertura para um tecido cortado como uma calcinha fundida ao vestido — que deixava as laterais e a parte frontal do quadril nuas.
Renda e metal
A malha fina com aberturas delicadas certamente despontou como uma das favoritas nesta temporada. A Dior é uma prova disso. Nas peças íntimas, quem recorreu a esse material para compor o styling foi a Coperni — a mesma grife responsável pelo vestido feito a partir de spray diretamente no corpo da modelo Bella Hadid.
O look all black, que flertava com o social e o casual, ganhava um desleixo sexy com a calcinha de renda à mostra.
A coleção foi batizada de "Coperni Femme", era uma ode a um paradigma de feminilidade reconfigurado. Desta vez, mais consciente da sua própria força, independência e autenticidade.
Apesar da renda em alta, há opções para todos os gostos. Algumas famosas, como a cantora Dua Lipa, Jennifer Lopez, Kim Kardashian e a nada convencional Julia Fox já colocaram as peças íntimas visíveis seus stylings a inspirar no feed do Instagram.
Aos que procuram por peças feitas para serem vistas, no Brasil quem desempenha esse papel na São Paulo Fashion Week — e no mercado, como um todo — é a Bold Strap. Destacou-se na última apresentação, em junho deste ano, ao levar Camila Queiroz para a passarela e, diferentemente das outras etiquetas, fazer moda a partir do sexo. O que não há mal nenhum.
Com modelos disponíveis tanto para mulheres como também para homens, a marca comandada pelo estilista Peu Andrade sai à frente.
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