Hotel flutuante, chef e mimos: como o turismo de luxo invadiu o Pantanal
Que tal navegar pelos afluentes do Pantanal a bordo de um cruzeiro com direito à banheira de hidromassagem, vista panorâmica e academia?
Fazer um safári pela região num veículo 4x4 que inclui, entre outros mimos, snacks e água de coco a ponchos e bolsas de água quente para fugir do frio matinal?
Ou então provar o típico churrasco pantaneiro feito com ingredientes selecionados por um chef de cozinha?
Viajar para o Pantanal pode ir muito além do avistamento de animais e do contato com a natureza.
Em meio à riqueza do bioma, turistas brasileiros têm buscado vivências de pós-luxo, experiências que aliam conforto, sofisticação e imersão na cultura local. Bem diferente do perrengue que imaginamos enfrentar em um lugar tão selvagem.
Invasão brasileira pós-pandemia
Localizado no município de Miranda, no Mato Grosso do Sul, o Refúgio Ecológico Caiman viu suas estatísticas de hóspedes mudar nos últimos tempos. Antes frequentado em sua maioria por estrangeiros (85%), a ocupação pós-pandemia é 91,6% de brasileiros.
Ao chegar à fazenda centenária, o hóspede é apresentado a seu concierge e os serviços exclusivos oferecidos. O funcionário é o responsável por mostrar a agenda de cada dia, orientar sobre horários de refeições e atender possíveis pedidos.
As atividades incluem focagem noturna —passeio onde os bichos estão mais ativos—, caminhadas, canoagem, cavalgadas, piquenique e safári feitos na companhia de um biólogo especializado no Pantanal e um nativo que explica as tradições da região - o Refúgio trabalha em parceria com ONGs como Onçafari e o Instituto Arara Azul.
Os mimos
Alguns detalhes deixam a experiência pantaneira ainda mais especial: garrafas térmicas feita de aço inoxidável da marca Stanley (aquela mesma, queridinha dos influenciadores do momento) estão disponíveis pelo hotel.
Outros objetos úteis, como lanterna, mantinhas, ponchos, bolsa de água quente, repelente e até óculos de acrílico - que protegem os olhos contra impactos de partículas e líquidos -, são disponibilizados aos turistas durante os passeios de avistamento de animais. Os safáris, aliás, são feitos em caminhonetes adaptadas, que seguem o modelo dos carros usados na África.
Entre um passeio e outro, os hóspedes aproveitam para se jogar nas redes espalhadas pelo jardim, tomar um drinque na beira da piscina (há carta de vinho com rótulos da América do Sul e caipirinhas com frutas locais), relaxar nos almofadões do terraço ou visitar as instalações com obras de nomes como João Farkas, Paulo Lobo, Antonio de Dedé, Gustavo Rocha, Joe Alcântara, Nandipha Mntambo e Layla Motta.
À noite, com a queda da temperatura, a área externa com direito a fogueira é o melhor lugar para se aquecer e apreciar o céu estrelado do Pantanal.
Cozinha gourmetizada
Bateu fome? Há lanchinhos durante os tours com sanduíches, frutas, snacks, água de coco e sucos naturais. Nas refeições principais, já inclusas nas diárias, o visitante é convidado a mergulhar na gastronomia regional, rica em peixes de água doce (há dourado, pacu e pintado) e carnes.
Todos os pratos são preparados com ingredientes seletos cultivados por comunidades e projetos locais, além de itens colhidos nas plantações da fazenda - um oásis de 53 mil hectares. Também há opções para vegetarianos, veganos e pessoas com outras restrições alimentares.
Colheita da agrofloresta
Uma das estrelas da vivência é o churrasco pantaneiro. Comandada pelos peões do lugar o evento tem direito à moda de viola e muitas comidinhas típicas.
Cortes de picanha, maminha, costela de porco, linguiça de maracaju, arroz carreteiro, paçoca de carne seca, caldo de piranha, chipa (biscoito semelhante ao pão de queijo), cachaça de amburana e a famosa sopa paraguaia, herança da Guerra do Paraguai, fazem parte do banquete rústico que ganha uma roupagem mais sofisticada pelas mãos do chef Felipe Feiteiro.
Para viver o Pantanal no Refúgio Caiman, o turista precisa investir a partir de R$ 3.800 (custo da diária). É necessário ficar no mínimo três noites.
Hotel flutuante, artesanato e MasterChef
Há quem prefira conhecer a região de camarote, literalmente. Existem cruzeiros que circulam pelo Pantanal Norte e Sul. O Peralta Cruise é um deles. O barco funciona desde a década de 1980, mas foi totalmente repaginado em 2017 e ganhou uma estrutura de alto padrão.
A embarcação possui apenas 10 suítes. Decoradas com obras que retratam o bioma brasileiro (há ilustrações de paisagens, animais e pesca) e artesanatos de massa barro (técnica de modelagem usada por artesãos locais), os quartos têm vista panorâmica, cofre, ar condicionado, banheiro privado, água tratada e frigobar.
O cruzeiro conta ainda com academia, restaurante, bar e lounge, piscina, hidromassagem, áreas climatizadas e internet.
Com a ideia de fazer com que o turista mergulhe na cultura pantaneira, uma equipe formada por locais apresenta danças regionais e ministra aulas de artesanato.
Na gastronomia, mais imersão: apesar de contemporâneo, o cardápio, assinado pelo chef Daniel Barbosa, participante do MasterChef Profissionais 2018, explora iguarias típicas do Pantanal de maneira moderna e autêntica.
O caldo, sashimi e o ceviche de piranha costumam fazer sucesso entre os hóspedes, assim como a costelinha de pacu. Os visitantes também experimentam o 'petisco de jacaré' (cubos empanados de jacaré servidos com geleia), o tradicional churrasco e cervejas artesanais.
Mas a experiência não fica apenas pelos afluentes do Pantanal. Os turistas podem fazer atividades fora do navio que contemplam trilhas, safári, passeio de lancha e caiaque, entre outros. O pacote completo da viagem, que dura cinco dias, custa em torno de R$ 8.800 por pessoa.
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