Como é a perigosa 'Caverna de Gelo' onde brasileiro morreu na Argentina
Ushuaia, um dos destinos mais buscados pelos brasileiros que visitam a Argentina, reconhecido pela beleza natural, foi palco da tragédia que vitimou o brasileiro Dennis Cosmo Marin, 37 anos. Na quarta-feira (2), ele visitava a chamada Caverna de Gelo (Cuevas de Jimbo), cenário tão incrível quanto traiçoeiro.
A caverna em questão fica no Parque Nacional Tierra Del Fuego — ou, aportuguesando, a famosa Terra do Fogo. Banhado pelo canal de Beagle, o parque fica a cerca de 12 quilômetros do centro da cidade e compreende cerca de 63 mil hectares.
A grande atração das Cuevas de Jimbo é a arquitetura natural de grande impacto visual. Trata-se de um túnel, com entrada e saída. A cavidade natural fica embaixo de toneladas de gelo, o Glaciar Vinciguerra. As paredes de espessura incalculável são lisas e, obviamente, muito geladas.
A caverna tem forma singular de espiral e está a cerca de 700 metros acima do nível do mar e a 8 quilômetros da zona urbana.
O visual, sem dúvida, é alucinante, mas desde o ano passado o local teve seu acesso proibido, devido aos riscos que oferece aos visitantes.
"Conhecemos a localização da caverna e não fazemos excursões para a região — apenas às proximidades —, justamente porque é muito perigoso. As quedas de placas gelo são bastante comuns. Há sinalização ali no local, indicando que a entrada é proibida pelo órgão competente, pois, no inverno, a caverna cria esse gelo e, na primavera, há o desgelo, ou seja, ocorrem as quedas de placas", explica Mário Barros, diretor da agência Brasileiros em Ushuaia.
Pesquisadores e especialistas já haviam alertado sobre o perigo de adentrar a Cueva de Jimbo, que estaria em colapso. Tanto que, em vídeos do acidente que circulam pela internet, é possível observar um aviso para que os viajantes não cruzassem a entrada da caverna.
Um dos turistas que integrava o grupo em que estava o brasileiro filmou o momento em que a placa de gelo se desprende e cai sobre a vítima, confirmando as suspeitas e orientações dos profissionais e autoridades argentinos.
Mário Barros explica que não há passeios oficiais para a região e, segundo informações levantadas por ele, a vítima não fazia a trilha acompanhada por agência de turismo, nem mesmo por guia, que poderiam ter alertado sobre os perigos e até mesmo barrado a ida à caverna de gelo.
Novembro não é a melhor época
Embora a Terra do Fogo apresente um ambiente gelado durante todo o ano, ainda assim, há épocas mais adequadas para visitá-la — e novembro não está nessa lista.
O momento ideal para viajar à Ushuaia é no verão — de dezembro a fevereiro. Entretanto, embora a estação quente por ali não seja como no Brasil, a temperatura fica mais suportável para os visitantes. A região tem sua alta temporada em janeiro — conciliando férias com o "calor".
No mês de novembro, a Terra do Fogo ainda vive a primavera que, mesmo não sendo um impedimento para viajar, apresenta um frio intenso. Já entre o final de março e o começo de setembro, a cidade vive épocas de outono e inverno, consideradas as mais frias e difíceis de suportar, sobretudo para quem não está acostumado com o clima.
Vale, porém, pesquisar os passeios com antecedência e checar, sobretudo com as autoridades locais, se os destinos estão aptos para visitação, a fim de evitar acidentes que levam a tragédias.
Acesso é difícil
A Terra do Fogo ganhou fama justamente pela paisagem natural, além da grande quantidade de montanhas e a possibilidade de fazer trilhas — que variam entre níveis fáceis e difíceis, como a que o turista fazia no momento do acidente.
Para chegar até lá, as alternativas de transportes já intimidam. Afinal, uma das opções é o "trem do fim do mundo", que leva esse nome por ter sido construído por prisioneiros de Ushuaia. Também é possível ir de carro até o parque e, depois, completar as trilhas a pé.
A Terra do Fogo, por sua vez, era habitada por tribos indígenas — os Selk'nam, os Haush e os Yámans —, que viviam em temperaturas negativas. Para se aquecerem, faziam fogueiras que podiam ser vistas até do mar, tendo sido batizada pelo navegador Fernão de Magalhães.
Perto da Cueva de Jimon ficam outros pontos turísticos conhecidos, como Cañadón de la Oveja e o Mirador Carbajal.
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