Melhor ano do Brasil: como os chefs brasileiros reagiram ao 50 Best latino
Foi difícil reunir todo mundo para a foto. Uns se aproximavam, outros saíam da roda para cumprimentar quem passava.
Quando todos formaram uma parede humana na frente do backdrop montado diante do tapete vermelho no pátio do Centro Internacional de Congressos de Yucatán, alguém se deu conta.
Falta a Manu!
"Manu!", "Manuuuu!", gritavam.
Nada da Manu. No caso, Manoella Buffara, do restaurante homônimo, em Curitiba, eleita este ano a melhor chef mulher da América Latina segundo a versão local dos 50 Best, o prêmio mais importante da gastronomia no mundo, realizado na última terça-feira em Mérida, no México.
Um ano premiado para o Brasil
Além de Buffara, outro dos prêmios especiais da noite (num total de 7) foi para o Brasil: o Oteque, comandado pelo chef Alberto Landgraf, no Rio de Janeiro, foi reconhecido pelo Hospitality Award por seu serviço primoroso.
Chamado ao palco, Landgraf recebeu gritinhos e até um "fiu-fiu" entoado pelos colegas brasileiros quando foi buscar o prêmio. Aliás, toda vez que um brasileiro era anunciado, uma ovação tomava o auditório. Os brasileiros sabem torcer — e fazer barulho!
O restaurante carioca também foi o segundo melhor brasileiro colocado (12º), depois de A Casa do Porco, o mais bem representado, que manteve sua posição do ano passado, alcançando o quarto lugar do ranking. No palco, os sócios Janaína e Jefferson Rueda sorriam diante dos assovios agudos.
"Aqui a gente vem mesmo para torcer", ria a confeiteira Lisiane Arouca, do restaurante Origem, em Salvador. Rosa Moraes, a representante do Brasil pelos 50 Best, estava só orgulho. "Dá muita alegria também ver a união e a representatividade dessa nossa geração de cozinheiros", disse ela.
No total de brasileiros, foram quatro entre os 20 melhores (além dos citados, Lasai, em 20º, e Evvai, em 14º), além do Manu (em 46º), Nelita (39º), Charco (35º), D.O.M. (em 33º, perdendo 20 posições), e o mexicano Metzi (27º).
Conexão México-Brasil
Este último, aliás, foi um dos três estreantes nacionais deste ano na lista. O chef Eduardo Ortiz, acompanhado da esposa e sócia, Luana Sabino, viu a ocasião com certa ironia: um chef mexicano sendo reconhecido como um dos melhores restaurantes do Brasil (e do continente) justamente em seu país natal.
"Mas com os meus amigos brasileiros, me senti muito feliz de representar o país no México. Para mim, teve um sabor de dupla conquista", confessou.
É bonito ver como temos muito em comum.
Os outros representantes dos restaurantes estreantes da lista, a chef Tássia Magalhães (Nelita) e o chef Tuca Mezzomo (Charco), se divertiam como se tivessem sido convidados pela primeira vez para uma festa repleta de famosos.
Não que não fosse: entre os cozinheiros-celebridades, estavam o italiano Massimo Bottura, o espanhol Dabiz Muñoz e a chef franco-americana Dominique Crenn, uma das estrelas do Chef's Table, da Netflix.
Festa brasileira
Foi o ano mais importante para o Brasil desde a primeira edição da premiação, em 2013. Não só pelo número recorde de restaurantes (10, no total) entre 50 melhores, mas porque foi o ano que reuniu a maior representação de brasileiros.
Foram mais de 25 chefs para celebrar a presença do país na festa da gastronomia latino-americana, entre eles aqueles que estiverem na chamada "lista estendida", ou seja, entre 51 e 100.
Também jornalistas, assessores de imprensa, influencers. Uma comitiva de peso. Os brasileiros chegaram dias antes, muitos deles para aproveitar a cidade durante o final de semana.
Integração em português
Em eventos assim, nem sempre há tanto espaço para os cozinheiros do país, o único a falar português em todo o continente, o que às vezes impõe certa barreira.
Não desta vez: para a programação dos 50 Best Talks, uma espécie de simpósio para discutir temas atuais (neste ano, a sustentabilidade), David Hertz, da Gastronomotiva, foi um dos convidados para subir ao palco e falar sobre seu trabalho com a cozinha social.
Janaína Rueda foi uma das escolhidas para compor as mesas do Meet The Chefs, uma espécie de rodas de apresentação que conectam os cozinheiros com os jornalistas de todo mundo na dinâmica "encontro rápido".
Ela era a única brasileira entre sete chefs. "Mas não tem discriminação, não. Nós, latinos, nos adoramos", dizia ela, com uma taça de Champagne na mão. Mas ao invés do espumante, era tequila mexicana ouro líquido ali. "Somos unidos pela alegria de viver", defendeu.
Ainda que, às vezes, seja trabalhoso mesmo "unir" todo mundo. Pelo menos, para um registro histórico. Depois de muito chamarem, Manu Buffara veio correndo, mas com cuidado, calçando sapatos de salto alto rosa. Se instalou na lateral direita da foto e, pronto, todos estavam prontos pro clique.
O mais importante do Brasil em uma celebração assim.
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