SPFW para iniciantes: como é participar do evento pela primeira vez
Quando o assunto é moda, a São Paulo Fashion Week não só está entre os principais eventos do país e do mundo, como também é um dos mais concorridos. Conseguir um convite geralmente era um desafio, assim como ter acesso aos desfiles — algo que mudou consideravelmente nesta edição.
Isso porque pela primeira vez na história, a SPFW abriu a venda de ingressos ao público, democratizando e aproximando a moda daqueles que amam o tema e nunca tiveram a oportunidade de participar do encontro.
A edição nº 54 segue até domingo (20), no Komplexo Tempo-Parque da Mooca, e também conta com desfiles e outras atividades espalhadas pela Capital, além de apresentações on-line.
"Eu sempre quis participar do evento. Desde o momento em que descobri o mundo da moda, dos desfiles e das semanas de moda", conta Luan Leão, jornalista de moda e consultor de imagem que mora em Belém do Pará e irá apreciar o evento pela primeira vez.
Eu sempre achei incrível toda a estrutura e toda a movimentação em torno da SPFW, apesar de ser muito distante da minha realidade antes de saber dos ingressos"
Outra pessoa que está participano da São Paulo Fashion Week pela primeira vez é o influenciador Diego Alvarez, de 23 anos, que saiu do Rio de Janeiro para apreciar o desfile do Meninos Rei, que aconteceu na quarta (16).
O criador de conteúdo foi convidado por um dos estilistas da marca para conhecer a semana de moda de perto e se inspirar ainda mais para montar seus looks.
Estar na SPFW é meu maior sonho! E para esse menino negro da baixada Fluminense, isso sempre pareceu muito impossível."
'É o maior evento de moda que existe em toda América Latina, e é sempre muito concorrido estar na lista de convidados das marcas. Ser convidado para estar lá significa muito pra mim", revela.
"Como uma pessoa negra, me senti muito representado porque a Meninos Rei traz isso, já uma vertente deles, e eu acho que eles sabem trazer isso muito bem. As estampas, tudo estava muito bonito".
A expectativa de Gabriel Fusari, jornalista que sobre a SPFW pela primeira vez de forma presencial, é que essa edição seja repleta de muita diversidade: de corpos, diversidade cultural, que ele traga referências culturais dos povos originários, da cultura negra, da LGBTQIAP + e que seja inclusivo também para pessoas com deficiência.
Sobre a experiência em si, Gabriel conta que não imaginava que seria tão corrido, mas que está gostando e aprendendo muito. O jornalista revela que tem visto muitas pessoas caminhando pelos corredores com os olhos brilhando por realizarem o sonho de estar na fashion week pela primeira vez e fazerem parte da história da moda brasileira.
A importância da SPFW
Existiram outros desfiles de moda que serviram como um ensaio para a São Paulo Fashion Week ser o que é hoje. Um deles é o Phytoervas Fashion, criado por Paulo Borges, em parceria com Cristiana Arcangeli, em 1993. Na época, o evento contou com nove desfiles — entre eles o de Alexandre Herchcovitch e o de Glória Coelho.
Já em 1996, após o sucesso e os aprendizados com o Phytoervas Fashion, Paulo Borges decidiu investir em outro evento: o Morumbi Fashion Week, realizado em parceria com o Shopping Morumbi. A ideia era criar algo ainda maior, mais mercadológico, e fazer uma semana de moda de verdade.
E não é que deu certo? O Morumbi Fashion Week contou com cerca de 30 a 40 desfiles por edição e foi considerado o principal evento de moda do país, movimentando a economia e a moda como um todo. Antes não havia um calendário específico para o lançamento de coleções, mas com o sucesso do evento, os estilistas começaram a se planejar.
Três anos depois, em 1999, a E! Entertainment começou a fazer a cobertura dos desfiles e até a modelo Kate Moss esteve aqui no Brasil para desfilar pela Ellus. E foi devido a essa crescente que o evento mudou de nome em 2001 e passou a ser conhecido como São Paulo Fashion Week.
O maior evento de moda do Brasil
Hoje a SPFW é o evento mais importante de moda do Brasil e da América Latina. Além disso, ele está entre as cinco maiores semanas de moda, ficando atrás apenas das fashion weeks de Paris, Milão, Londres e Nova York.
Em 2001, quando foi criado, ele já começou fazendo história: foi o primeiro evento de moda a ser transmitido on-line. No ano seguinte, emocionou e provocou uma série de questionamentos durante o desfile de Ronaldo Fraga, em homenagem à estilista Zuzu Angel>.
Em 2004, por exemplo, o estilista Jum Nakao, que passou cerca de 700 horas criando e desenvolvendo roupas de papel e teve todas as peças rasgadas em plena passarela.
Outro momento marcante foi em 2008, quando a Cavalera fez um desfile às margens do Rio Tietê e as modelos, em looks românticos, desfilaram contrastando com o cenário e surpreendendo os convidados, que estavam assistindo ao desfile em um barco.
Também não podemos esquecer das participações de Gisele Bündchen nos desfiles da Colcci, do Projeto Estufa, criado em 2017, da adoção de cotas raciais obrigatórias nos desfiles desde 2020 e da edição de comemoração de 25 anos do evento, realizada de forma digital devido à pandemia.
O fato é que ao longo dos anos, a SPFW foi crescendo, se reinventando e chamando cada vez mais a atenção do público e da imprensa, fazendo com que a moda nacional ganhasse mais relevância dentro e fora do país, além de questionar o mercado e dar mais visibilidade para novos talentos.
O que se destaca na SPFW 54
Como podemos perceber, a história da São Paulo Fashion Week é marcada por inovações. E a última edição deste ano não poderia ser diferente: além da venda de ingressos aberta ao público, ela conta com o maior número de desfiles até então: são 50, sendo 43 deles presenciais, realizados no Komplexo Tempo.
O fashion week também ocupa um espaço no Shopping Iguatemi São Paulo, com sala de desfile e transmissão on-line. Já o Komplexo Tempo, no Parque da Mooca, conta com lounges, exposições e outras experiências, duas salas de desfiles, entre outros espaços.
A semana de moda encerra o Festival SPFW + IN.PACTOS e tem uma curadoria assinada por Carolina Lauriano, trazendo ocupações artísticas e urbanas que abordam temas como identidade e pertencimento e a participação de coletivos de artistas racializados, trans e indígenas.
Quatro marcas estreiam na edição 54: Heloisa Faria, conhecida pelas técnicas de moulage, nesta sexta (18); Mauricio Duarte com criações pintadas a mão, no domingo (20); Greg Joey — do estilista Lucas Danuello, que levou às passarelas na quarta (16) peças inovadoras e atuação genderless; e a Buzina, da estilista portuguesa Vera Fernandes, que focou na sustentabilidade e em coleções limitadas e personalizadas, e se apresentou na noite desta quinta (17).
Ainda dá tempo!
Para quem ainda não correu para a semana de moda mais célebre do Brasil, saiba que ainda dá tempo e há ingressos à venda.
Para aqueles que também estão indo pela primeira vez à SPFW, assim como Gabriel, ele compartilha uma dica que também colocará em prática:
Se organize com antecedência e aproveite o evento para se divertir, expandir o conhecimento cultural , fazer networking e aproveitar todas as oportunidades que ele proporciona".
DIA 18/11 - sexta-feira
14h30 - Lino Villaventura (Externo)
16h - Rocio Canvas (Komplexo Tempo)
17h - Thear (Komplexo Tempo)
18h - Ateliê Mão de Mãe (Komplexo Tempo)
19h - Martins (Komplexo Tempo)
20h - Handred (Komplexo Tempo)
21h - Heloísa Faria (Digital)
22h - Ellus (Rosewood)
DIA 19/11 - sábado
10h30 - Angela Brito (Iguatemi)
12h30 - Neriage (Iguatemi)
15h - AZ Marias (Komplexo Tempo)
16h - Ponto Firme (Komplexo Tempo)
17h - Silvério (Komplexo Tempo)
18h - Santa Resistência (Komplexo Tempo)
19h - Anacê (Komplexo Tempo)
19h30 - Àlg (Digital)
20h - Led (Komplexo Tempo)
21h30 - Lenny Niemeyer (Externo)
Dia 20/11 - domingo
10h - Korshi 01 (Externo)
12h - À La Garçonne (Iguatemi)
15h - Isaac Silva (Komplexo Tempo)
16h - Cria Costura (Komplexo Tempo)
17h - Lucas Leão (Komplexo Tempo)
18h -Naya Violeta (Komplexo Tempo)
19h - Weider Silveiro (Komplexo Tempo)
20h - Dendezeiro (Komplexo Tempo)
20h - Maurício Duarte (Digital)
21h - Apartamento 03 (Komplexo Tempo)
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