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SPFW para iniciantes: como é participar do evento pela primeira vez

Another Place, na SPFW 54 - Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Another Place, na SPFW 54
Imagem: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

Jhenifer Pollet

Colaboração para Nossa

18/11/2022 13h50

Quando o assunto é moda, a São Paulo Fashion Week não só está entre os principais eventos do país e do mundo, como também é um dos mais concorridos. Conseguir um convite geralmente era um desafio, assim como ter acesso aos desfiles — algo que mudou consideravelmente nesta edição.

Isso porque pela primeira vez na história, a SPFW abriu a venda de ingressos ao público, democratizando e aproximando a moda daqueles que amam o tema e nunca tiveram a oportunidade de participar do encontro.

A edição nº 54 segue até domingo (20), no Komplexo Tempo-Parque da Mooca, e também conta com desfiles e outras atividades espalhadas pela Capital, além de apresentações on-line.

"Eu sempre quis participar do evento. Desde o momento em que descobri o mundo da moda, dos desfiles e das semanas de moda", conta Luan Leão, jornalista de moda e consultor de imagem que mora em Belém do Pará e irá apreciar o evento pela primeira vez.

Eu sempre achei incrível toda a estrutura e toda a movimentação em torno da SPFW, apesar de ser muito distante da minha realidade antes de saber dos ingressos"

Luan Leão - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Luan Leão
Imagem: Reprodução/Instagram
Diego Alvarez - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Diego Alvarez
Imagem: Reprodução/Instagram

Outra pessoa que está participano da São Paulo Fashion Week pela primeira vez é o influenciador Diego Alvarez, de 23 anos, que saiu do Rio de Janeiro para apreciar o desfile do Meninos Rei, que aconteceu na quarta (16).

O criador de conteúdo foi convidado por um dos estilistas da marca para conhecer a semana de moda de perto e se inspirar ainda mais para montar seus looks.

Estar na SPFW é meu maior sonho! E para esse menino negro da baixada Fluminense, isso sempre pareceu muito impossível."

'É o maior evento de moda que existe em toda América Latina, e é sempre muito concorrido estar na lista de convidados das marcas. Ser convidado para estar lá significa muito pra mim", revela.

Meninos Rei, na SPFW 54 - Marcelo Soubhia/ @agfotosite - Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Meninos Rei, na SPFW 54
Imagem: Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Meninos Rei, na SPFW 54 - Marcelo Soubhia/ @agfotosite - Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Meninos Rei, na SPFW 54
Imagem: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

"Como uma pessoa negra, me senti muito representado porque a Meninos Rei traz isso, já uma vertente deles, e eu acho que eles sabem trazer isso muito bem. As estampas, tudo estava muito bonito".

A expectativa de Gabriel Fusari, jornalista que sobre a SPFW pela primeira vez de forma presencial, é que essa edição seja repleta de muita diversidade: de corpos, diversidade cultural, que ele traga referências culturais dos povos originários, da cultura negra, da LGBTQIAP + e que seja inclusivo também para pessoas com deficiência.

Sobre a experiência em si, Gabriel conta que não imaginava que seria tão corrido, mas que está gostando e aprendendo muito. O jornalista revela que tem visto muitas pessoas caminhando pelos corredores com os olhos brilhando por realizarem o sonho de estar na fashion week pela primeira vez e fazerem parte da história da moda brasileira.

A importância da SPFW

Marília Pêra faz graça durante desfile de moda da Phytoervas - FSP-Ilustrada - FSP-Ilustrada
Marília Pêra faz graça durante desfile de moda da Phytoervas
Imagem: FSP-Ilustrada

Existiram outros desfiles de moda que serviram como um ensaio para a São Paulo Fashion Week ser o que é hoje. Um deles é o Phytoervas Fashion, criado por Paulo Borges, em parceria com Cristiana Arcangeli, em 1993. Na época, o evento contou com nove desfiles — entre eles o de Alexandre Herchcovitch e o de Glória Coelho.

Já em 1996, após o sucesso e os aprendizados com o Phytoervas Fashion, Paulo Borges decidiu investir em outro evento: o Morumbi Fashion Week, realizado em parceria com o Shopping Morumbi. A ideia era criar algo ainda maior, mais mercadológico, e fazer uma semana de moda de verdade.

E não é que deu certo? O Morumbi Fashion Week contou com cerca de 30 a 40 desfiles por edição e foi considerado o principal evento de moda do país, movimentando a economia e a moda como um todo. Antes não havia um calendário específico para o lançamento de coleções, mas com o sucesso do evento, os estilistas começaram a se planejar.

Três anos depois, em 1999, a E! Entertainment começou a fazer a cobertura dos desfiles e até a modelo Kate Moss esteve aqui no Brasil para desfilar pela Ellus. E foi devido a essa crescente que o evento mudou de nome em 2001 e passou a ser conhecido como São Paulo Fashion Week.

O maior evento de moda do Brasil

Making off do desfile "Zuzu Vive" de Ronaldo Fraga no SPFW - Naty Torres/Divulgacão - Naty Torres/Divulgacão
Making off do desfile "Zuzu Vive" de Ronaldo Fraga na SPFW
Imagem: Naty Torres/Divulgacão

Hoje a SPFW é o evento mais importante de moda do Brasil e da América Latina. Além disso, ele está entre as cinco maiores semanas de moda, ficando atrás apenas das fashion weeks de Paris, Milão, Londres e Nova York.

Em 2001, quando foi criado, ele já começou fazendo história: foi o primeiro evento de moda a ser transmitido on-line. No ano seguinte, emocionou e provocou uma série de questionamentos durante o desfile de Ronaldo Fraga, em homenagem à estilista Zuzu Angel>.

Em 2004, por exemplo, o estilista Jum Nakao, que passou cerca de 700 horas criando e desenvolvendo roupas de papel e teve todas as peças rasgadas em plena passarela.

Outro momento marcante foi em 2008, quando a Cavalera fez um desfile às margens do Rio Tietê e as modelos, em looks românticos, desfilaram contrastando com o cenário e surpreendendo os convidados, que estavam assistindo ao desfile em um barco.

Desfile da grife Colcci, na sala 2, no terceiro dia de SPFW colecao verao 2016 - Eduardo Anizelli/Folhapress - Eduardo Anizelli/Folhapress
Desfile da grife Colcci, na sala 2, no terceiro dia de SPFW coleção verao 2016
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Também não podemos esquecer das participações de Gisele Bündchen nos desfiles da Colcci, do Projeto Estufa, criado em 2017, da adoção de cotas raciais obrigatórias nos desfiles desde 2020 e da edição de comemoração de 25 anos do evento, realizada de forma digital devido à pandemia.

O fato é que ao longo dos anos, a SPFW foi crescendo, se reinventando e chamando cada vez mais a atenção do público e da imprensa, fazendo com que a moda nacional ganhasse mais relevância dentro e fora do país, além de questionar o mercado e dar mais visibilidade para novos talentos.

O que se destaca na SPFW 54

Como podemos perceber, a história da São Paulo Fashion Week é marcada por inovações. E a última edição deste ano não poderia ser diferente: além da venda de ingressos aberta ao público, ela conta com o maior número de desfiles até então: são 50, sendo 43 deles presenciais, realizados no Komplexo Tempo.

Walério Araújo, na SPFW 54 - Marcelo Soubhia/ @agfotosite - Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Walério Araújo, na SPFW 54
Imagem: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

O fashion week também ocupa um espaço no Shopping Iguatemi São Paulo, com sala de desfile e transmissão on-line. Já o Komplexo Tempo, no Parque da Mooca, conta com lounges, exposições e outras experiências, duas salas de desfiles, entre outros espaços.

A semana de moda encerra o Festival SPFW + IN.PACTOS e tem uma curadoria assinada por Carolina Lauriano, trazendo ocupações artísticas e urbanas que abordam temas como identidade e pertencimento e a participação de coletivos de artistas racializados, trans e indígenas.

Greg Joey, na SPFW 54 - Marcelo Soubhia/ @agfotosite - Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Greg Joey, na SPFW 54
Imagem: Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Buzina, na SPFW 54 - Marcelo Soubhia/ @agfotosite - Marcelo Soubhia/ @agfotosite
Buzina, na SPFW 54
Imagem: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

Quatro marcas estreiam na edição 54: Heloisa Faria, conhecida pelas técnicas de moulage, nesta sexta (18); Mauricio Duarte com criações pintadas a mão, no domingo (20); Greg Joey — do estilista Lucas Danuello, que levou às passarelas na quarta (16) peças inovadoras e atuação genderless; e a Buzina, da estilista portuguesa Vera Fernandes, que focou na sustentabilidade e em coleções limitadas e personalizadas, e se apresentou na noite desta quinta (17).

Ainda dá tempo!

Para quem ainda não correu para a semana de moda mais célebre do Brasil, saiba que ainda dá tempo e há ingressos à venda.

Para aqueles que também estão indo pela primeira vez à SPFW, assim como Gabriel, ele compartilha uma dica que também colocará em prática:

Se organize com antecedência e aproveite o evento para se divertir, expandir o conhecimento cultural , fazer networking e aproveitar todas as oportunidades que ele proporciona".

DIA 18/11 - sexta-feira

14h30 - Lino Villaventura (Externo)
16h - Rocio Canvas (Komplexo Tempo)
17h - Thear (Komplexo Tempo)
18h - Ateliê Mão de Mãe (Komplexo Tempo)
19h - Martins (Komplexo Tempo)
20h - Handred (Komplexo Tempo)
21h - Heloísa Faria (Digital)
22h - Ellus (Rosewood)

DIA 19/11 - sábado

10h30 - Angela Brito (Iguatemi)
12h30 - Neriage (Iguatemi)
15h - AZ Marias (Komplexo Tempo)
16h - Ponto Firme (Komplexo Tempo)
17h - Silvério (Komplexo Tempo)
18h - Santa Resistência (Komplexo Tempo)
19h - Anacê (Komplexo Tempo)
19h30 - Àlg (Digital)
20h - Led (Komplexo Tempo)
21h30 - Lenny Niemeyer (Externo)

Dia 20/11 - domingo

10h - Korshi 01 (Externo)
12h - À La Garçonne (Iguatemi)
15h - Isaac Silva (Komplexo Tempo)
16h - Cria Costura (Komplexo Tempo)
17h - Lucas Leão (Komplexo Tempo)
18h -Naya Violeta (Komplexo Tempo)
19h - Weider Silveiro (Komplexo Tempo)
20h - Dendezeiro (Komplexo Tempo)
20h - Maurício Duarte (Digital)
21h - Apartamento 03 (Komplexo Tempo)