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Ele fez uma casa em caminhão militar para refazer viagem por 50 países

O caminhão de Sergio Plumari, batizado de Iron - Instagram/Reprodução
O caminhão de Sergio Plumari, batizado de Iron Imagem: Instagram/Reprodução

Renata Telles

Colaboração para Nossa

22/11/2022 04h00

Quando dava a volta ao mundo de moto em 2015, o executivo Sergio Plumari (@50_mundos) cruzou com um casal de italianos no México a bordo de um poderoso caminhão.

"Ficávamos conversando até eles me darem boa noite, subirem a escada, fecharem a porta e apagarem a luz. Eu olhava e pensava: 'pô, e eu aqui tendo que montar minha barraca, me ralando e dormindo no chão... deve ser muito legal ter um veículo desses. Assim que eu voltar, vou criar um projeto onde eu possa viajar pelo planeta de caminhão", prometeu ele na época.

Corta para 2022. Sete anos depois, o paulistano realiza seu sonho. Ao lado de seu 'companheiro', um caminhão Volkswagen Worker 15.210 4×4, ele iniciou a expedição 50 Mundos no dia 22 de agosto. Sergio deixou São Paulo e foi até Foz do Iguaçu onde, a convite do Rally dos Sertões, deu a largada à volta do mundo.

"Fiz a primeira etapa com a organização e depois segui para o Nordeste. Ficarei por algum tempo velejando e surfando. Em seguida, vou para a Amazônia e dali começo a atravessar a América Central pelo Peru e Colômbia. O roteiro será praticamente o mesmo que fiz de moto", detalhou ele, que já passou pela Chapada dos Veadeiros (Goiás), Uberlândia (MG), Chapada Diamantina (Bahia), Pipa (Rio Grande do Norte) e atualmente está em Brasília.

Sergio Plumari - Caminhão - 50 mundos - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Sergio Plumari posa para selfie com seu compnaheiro ao fundo
Imagem: Instagram/Reprodução

A nova casa: Iron

Apesar de realizar expedições de jipe e moto há 20 anos, Sergio não tinha qualquer intimidade com caminhão. "Em 2015, me lancei numa volta ao mundo que durou quase dois anos. Saí de São Paulo e fui até a Ásia de moto, consegui bater 50 países (daí o nome do projeto). Essa experiência me fez ter a certeza de que o rolê de caminhão também seria massa", fala ele, que abandonou o emprego em uma multinacional em janeiro.

Batizado de Iron, o veículo de Sergio foi transformado num confortável motorhome (o processo levou dois anos). A parte 'casa' tem 5,4 m de comprimento, 2,4 m de largura, 2,2 m de altura e é extremamente funcional.

Tenho máquina de lavar e secar, ar condicionado, ar quente, chuveiro separado do banheiro, fogão de indução, geladeira... realmente é uma casa completa.

O caminhão ainda é autossuficiente em energia elétrica e água por até 12 dias. O teto do Iron apresenta oito painéis solares que geram quase 2.000W e têm a energia captada acumulada em um banco de baterias de 670A. O projeto também possui o selo carbono zero.

"Fiz uma conta de quanto vou emitir ao longo da viagem (consumo do caminhão + km rodados) e contratei uma empresa que não só plantasse as árvores, como fizesse elas vingarem", explica.

Muito além de uma viagem

A ideia de Sergio não é apenas rodar o mundo. O paulistano de 56 anos quer mostrar que nunca é tarde para viver um sonho. "Eu pretendo fazer um documentário direcionado a homens e mulheres da minha idade. O objetivo é falar de longevidade, futuro - já que estamos vivendo mais - e provar que é possível se reinventar após os 50", conta.

Tem mais: o viajante planeja abrir seu caminhão para aventureiros em diversos pontos do mundo. "Essas pessoas vão participar da minha experiência durante uma semana, 10 dias... e viverão do meu jeito. Vão comer o que como, vão passar perrengue comigo...", se diverte Sérgio, que também surfa, veleja e é piloto de paramotor. Os 'brinquedinhos', inclusive, estão na bagagem do Iron.

Sergio Plumari - Caminhão - 50 mundos - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Que tal uma pausa para ioga na praia?
Imagem: Instagram/Reprodução

Por falar em perrengue... Há alguns dias Sergio precisou se virar sozinho com o seu 'amigão': "Quebrou a transmissão do caminhão e tive que eu mesmo arrumar na beira da estrada", relata. Nada que tenha atrapalhado a jornada. Muito pelo contrário, toda e qualquer situação vira história. E pouco a pouco, o executivo vai acumulando boas memórias. Dia desses, se emocionou ao receber a visita de crianças que faziam parte de uma comunidade.

Em outro, levou um susto ao saber que um seguidor foi de Campina Grande (Paraíba) até Pipa para presenteá-lo. "Ele queria me conhecer e me dar um saco de batatas, cenouras e um par de Havaianas", fala.

Por onda passa com o Iron, o paulistano é parado: "O caminhão é um fenômeno, as pessoas buzinam e pedem para tirar foto. Essa sensação de liberdade, que é uma verdade, encanta muita gente", acredita.

De caminhão militar a motorhome

Sergio lembra que não foi fácil conseguir o veículo. "Eu queria um caminhão militar porque ele é todo mecânico. Se fosse um com eletrônica, correria o risco de algo queimar e ficar, sei lá, no meio de um deserto sem poder fazer nada. Além disso, ele anda com qualquer tipo de diesel, é resistente e posso entrar com ele em praias, fazer trilhas, encarar trechos off road...", explica.

Ao encontrar o caminhão ideal, precisou convencer o dono a se desfazer dele: "Ele era um fazendeiro e não queria vender por nada, mas quando disse que ia construir uma casa e dar a volta ao mundo, ele falou: 'esse caminhão é teu, não posso impedir esse sonho'", recorda.

Sergio Plumari - Caminhão - 50 mundos - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Iron, casa de Sergio Plumari
Imagem: Instagram/Reprodução