Cartão postal grego, Canal de Corinto levou 2.500 anos para ficar pronto
Segundo cartão postal mais visitado da Grécia, de acordo com a CNN americana, o Canal de Corinto não foi projetado para ser uma atração turística, mas é. Isto porque os visitantes não resistem se maravilhar com uma obra de engenharia tão ousada e à frente de seu tempo que levou 2.500 anos para ficar pronta.
Foram necessários avanços tecnológicos para que o canal alcançasse a imaginação dos gregos antigos. Finalizado em 1893, o projeto pensado cerca de 600 a.C. corta o istmo de Corinto e liga o Mar Jônico com o Egeu, transformando toda a península do Peloponeso em uma espécie de ilha.
Desta forma, ele criou um atalho no meio dos mares e fez com que navios deixassem de percorrer uma jornada de 321 quilômetros dando a volta na planície e permitindo o acesso mais rápido e seguro aos portos do sul da Europa.
"Era uma empreitada complexa e desafiadora. Sem dúvidas, uma das grandes conquistas da engenharia de seu tempo que utilizou a mais avançada tecnologia disponível", acredita George Zouglis, gerente geral da Corinth Canal SA, empresa que administra o canal.
Ao veículo americano, Zouglis revelou que cerca de 12 mil embarcações comerciais e turísticas registradas em cerca de 60 países viajam pelo Corinto todos os anos. A hidrovia fica aberta aos barcos 24 horas por dia em seis dias da semana. Às terças, no entanto, o canal fecha entre 6h e 18h para o trabalho de manutenção.
Estreito, entre 21 e 24 metros de largura em toda a sua extensão, encará-lo não é missão fácil para qualquer capitão: embarcações com mais de 800 toneladas, amplas ou carregando carga perigosa devem ser rebocadas por comandantes experientes da região. Mas não é apenas pela água que é possível cruzar o istmo.
O canal possui pontes férreas e rodoviárias, duas delas submersas que se levantam das águas para permitir a passagens dos carros entre os barcos. Para executar uma ideia tão ambiciosa, houve cerca de 200 anos de trabalho em conceitos e obras, com paradas e recomeços.
A ideia, no entanto, teria começado com Periandro, um dos sete sábios da Grécia Antiga que comandou Corinto no século 7 antes de Cristo. Ele teria abandonado o projeto depois que Pítia, uma profetisa do Templo de Apolo em Delfos, afirmou que a construção provocaria a ira dos deuses.
Segundo o próprio site do canal, há escavações feitas nesta época que são visíveis até hoje. O motivo real, no entanto, para a profecia seria o fato de que a cidade poderia perder o pernoite — e a influência política e religiosa — entre comerciantes que desembarcavam ali se eles pudessem navegar mais facilmente pela região.
Cerca de 300 anos depois, o interesse em construir o canal ressurgiu com Demétrio 1º da Macedônia, que cogitou em prosseguir com a construção, mas teria sido desaconselhado por engenheiros que temiam uma enchente nas ilhas do golfo. Imperadores romanos que dominaram a região em seguida, como Júlio César e Calígula, também tentaram, mas não seguiram em frente.
Com Nero, em 67 d.C., começaram de fato as obras — com direito a picareta de ouro na abertura dos trabalhos — mas elas foram paralisadas com a sua morte. No entanto, a dedicatória ao antigo Imperador segue ali, visível aos turistas até hoje. Ao longo dos séculos, outros povos que dominaram o Corinto também consideraram continuar o canal, mas quase nada foi adiante.
Em 1821, com a Guerra de Independência grega, o debate em torno do projeto foi retomado, mas não havia fundos para ele. Com a abertura do canal de Suez no Egito em 1869, a inspiração ressurgiu e em 1882, a obra recomeçou.
"As plantas utilizadas foram essencialmente as mesmas de Nero. Isto porque a rota considerada por ele era a mais econômica e vantajosa para construção de um canal moderno", explicou Zouglis à CNN dos EUA. Cerca de 2.500 pessoas trabalharam no projeto que foi concluído depois de 11 anos e 12 milhões de metros cúbicos de solo retirados.
Décadas depois, o canal passaria em 1923 pelo primeiro deslizamento de terra, resultado da erosão provocada pelo tráfego na região, o que resultou em fechamento por dois anos. O incidente se repetiu em 1944, quando os nazistas explodiram suas encostas e pontes, o que resultou em obras por cinco anos.
Em 2019, o barco mais largo — de 22,5 metros — passou pela hidrovia de Corinto. Mas apenas dois anos depois, ele voltaria a fechar para obras por causa de deslizamentos. Novamente reaberto em 2022, o canal segue como uma atração importante não só comercialmente, como turisticamente.
De acordo com a CNN, há planos para que obras voltem a acontecer ali em breve, desta vez para instalar um museu e um sítio digital com exibição de artefatos, documentos, maquinários e fotografias que contem a história do canal. A abertura ao público está prevista para 2024.
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