Adeus, Raf Simons: 5 tendências adiantadas pela grife que mudaram a moda
Na segunda (21), o estilista belga Raf Simons pôs final em uma história de 27 anos ao publicar a despedida da grife masculina que leva seu nome. A coleção de Primavera/Verão 2023, desfilada em Londres em outubro, é a última da marca.
Lançada em 1995, a etiqueta badalada — apesar de uma operação comercial modesta — cultivou ao longo dos anos um séquito fiel de admiradores, dentre eles celebridades e outros fashionistas, devido ao seu caráter "avant garde", à frente de seu tempo.
"Me faltam palavras para dividir o quanto estou orgulhoso por tudo o que conquistamos. Sou grato pelo apoio incrível da minha equipe, dos meus colaboradores, da imprensa e compradores, dos meus amigos e família, e dos nossos fãs dedicados e seguidores leais. Obrigada a todos por acreditarem na nossa visão e acreditarem em mim", agradeceu o designer.
Raf finalizou sua mensagem com um chamado que faz jus à visão transmitida nas passarelas pela Raf Simons: "Para frente, sempre".
O mestre da juventude eterna
Ao longo dos anos, suas incursões na cultura jovem do momento, seu estudo meticuloso e incorporação de referências de movimentos musicais à moda masculina e à Alta-Costura tornou possível o surgimento de bem-sucedidas grifes e de streetwear, como a Off-White.
Apesar de a recíproca não ter se provado verdadeira, Virgil Abloh — o fundador da marca — era obcecado com o trabalho de Raf. À "Vogue América", em 2014, o designer falecido no último ano disse que já colecionada e estudava as criações do belga há dez anos.
"Acho que o que me atraiu ao seu trabalho foi sua visão intelectualizada da cultura atual. Sua abordagem é tão enraizada na realidade. Seus primeiros designs são um comentário social sobre ser jovem".
Virgil não estava sozinho: A$AP Rocky e Rihanna, muito antes de serem um casal, tinham em comum seu amor pelo trabalho de Raf.
Antes mesmo que a Balenciaga tornasse as puffer jackets — cheias de volume — em um hit de Sabrina Sato a Kim Kardashian, o modelo de Raf já conquistava a cantora e outros fashionistas nas ruas entre 2016 e 2017.
Raf, em cinco momentos
Único - e imitável
Pouco depois, ele se mostrou cansado da moda que parecia beber do seu trabalho como fonte.
À "Vogue Runway", Marc Jacobs celebrou o que considerou "uma experiência cinemática à la Blade Runner" no desfile de Primavera 2018 com uma coleção única que trazia tricôs coloridos e elementos de alfaiataria, estes últimos também vistos no ano seguinte.
Ao "Hollywood Reporter", Raf justificou: "Precisamos de um novo molde, um novo formato porque há muitos moletons com capuz e estampa lá fora. Algo precisa mudar". Nenhum movimento que ele já não tivesse feito antes.
No caminho inverso
Em 1997, no auge das máxi jaquetas de couro, jeans e calças baggy, o estilista levou à passarela uma coleção de outono com formas enxutas e estruturas delicadas com referências aos uniformes escolares.
Sobe o som
No ano seguinte, ele fez uma de suas muitas reverências explícitas ao universo musical que o inspirava — em formas ou prints em suas peças, volte acima e note a homenagem à banda Joy Division no guarda-chuva em 2018 — e trouxe uma coleção inspirada pelos membros da banda de electro alemã Kraftwerk.
Protesto na passarela
Em 2001, Raf expressou sua sintonia com a juventude ucraniana e romena iconoclasta que protestava em Viena através da coleção de outono/inverno 2002 batizada de "Riot! Riot! Riot!" (ou 'Rebelião! Rebelião! Rebelião!), em que balaclavas ganharam as passarelas tanto quanto flyers de bandas socialmente engajadas como o Sonic Youth.
À época, uma peça — a jaqueta bomber da coleção — se tornou uma das peças mais cobiçadas da indústria, vendida por US$ 47 mil.
Moda escultural
Por fim, para a coleção de outono/inverno 2009, o estilista voltou a inovar com casacos de neoprene esculpidos, alguns montados no corpo com boleros, antecipando linhas "mod" e ao mesmo tempo futuristas para a costura da década que viria, uma opção que o fotógrafo Tommy Ton já descreveu transmitir a sensação de um primeiro beijo, por sua sutileza.
Fica o adeus a Raf Simons, a etiqueta revolucionária. O visionário segue, como ele mesmo apontou, na direção criativa (desde 2020) como parceiro de Miuccia na Prada.
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