Vinho e futebol combinam? Esses craques da bola provam que bebida 'dá jogo'
O que vinho e futebol têm em comum? Aparentemente, nada ou muito pouco. Entretanto, na Europa e mesmo na Argentina ou Estados Unidos, muitos craques decidiram fazer seu próprio vinho ou até montar uma vinícola.
"Os jogadores de primeira linha ganham muito dinheiro e se aposentam cedo", reflete o locutor e comentarista Galvão Bueno, ele mesmo também um homem dos esportes que decidiu apostar nos vinhos. "Têm que pensar numa atividade para o futuro. Na Europa, eles convivem com a cultura do vinho e muitos acabam se apaixonando".
Conheça a seguir a história de alguns que embarcaram nessa onda:
Taffarel
Preparador de goleiros da seleção brasileira de futebol masculina que disputa a Copa do Qatar e um dos goleiros mais famosos de toda a história do futebol brasileiro, o gaúcho se apaixonou pela bebida quando ainda estava na Europa.
Nos anos 1990, jogou pelo Parma, na Itália. Foi nessa época que ele e a mulher, Andrea, se apaixonaram por vinho. Sempre que podiam, viajavam para conhecer produtores e degustar vinhos novos. Em casa, Andrea cozinhava e o casal brincava de fazer harmonizações.
Os filhos foram criados nesse ambiente e, quando cresceram, passaram a acompanhar os pais. Até que, em 2018, com a família já há alguns anos de volta ao Brasil, o filho, Claudio, chegou com a proposta de a família montar uma importadora.
Depois de viver na Itália por tantos anos e conhecer de perto a cultura, os vinhos e os produtores, nos pareceu que trabalhar no Brasil com produtos italianos de qualidade, seria uma atividade que realizaríamos com prazer e naturalidade", diz Taffarel.
Assim nasceu a Italy Import, uma importadora totalmente voltada para vinhos italianos, boa parte deles produzidos por amigos da família. Hoje o ex-jogador se divide entre os negócios da importadora e a preparação de goleiros para o time inglês Liverpool e para a seleção brasileira, ficando boa parte dos negócios a cargo da mulher e do filho.
Ronaldo Fenômeno
Após carreira de destaque não só na seleção brasileira, como em gigantes do Brasil e da Europa, hoje, Ronaldo Nazário é um respeitado homem de negócios.
"É um fenômeno como empresário", disse Galvão Bueno em entrevista a Nossa.
Aposentado como jogador desde 2011, o antigo camisa 9 da seleção brasileira, além de ser dono de uma empresa de marketing esportivo, dois times de futebol (o Cruzeiro, em Minas Gerais, e o Real Valladolid, da Espanha), é sócio da vinícola Cepa 21, em Ribera del Duero.
Sua participação é pequena, mas Ronaldo tem demonstrado interesse pelo negócio, tanto que, em 2018, foi nomeado alcaide do Museu Provincial do Vinho de Valladolid.
Hernanes
Quando chegou à Itália, em 2010, o pernambucano não bebia álcool. Acostumado a tomar só sucos naturais e sem a disponibilidade da bebida na Itália, para fugir do refrigerante, acabou por provar vinhos. Gostou tanto que começou a dedicar seu tempo livre a ler sobre o assunto e a visitar vinícolas. No entanto, nem sonhava em se transformar em um produtor.
Em 2015, comprou umas terras em Montaldo Scarampi, no Piemonte, com a intenção de um dia viver com a família ali. Com a propriedade, vieram alguns vinhedos de barbera, dolcetto, brachetto e grignolino. O Profeta pensou: por que não produzir vinhos? Fundou, então, a Ca'del'Profeta e passou a se envolver bastante com a produção e a venda de seus rótulos.
Não é raro encontrar o ídolo são-paulino, que acaba de se aposentar dos campos, conduzindo degustações desses vinhos muito festejados pela mídia especializada.
Andrés Iniesta
A relação do craque com o vinho é diferente daquela da maioria dos atletas: ele é filho de um produtor de uva da vila de Fuentealbilla,em Castilla-La Mancha, na pequena denominação de origem de Manchuela. Como o sonho de seu pai sempre foi produzir o próprio vinho, assim que pôde, Iniesta investiu em terras e na construção de uma vinícola.
Depois da Copa de 2010, quando a Espanha foi campeã e Iniesta foi eleito o melhor jogador em campo, a Bodega Iniesta lançou seus primeiros rótulos.
Hoje o craque joga no Japão e ainda é seu pai quem toca a vinícola. São os maiores produtores da denominação, com quase 300 hectares plantados com 14 variedades de uvas locais e internacionais e duas linhas de vinhos, Corazón Loco e Finca El Carril.
Messi
"Meu vinho tem de ser melhor do que o do Iniesta", disse Lionel Messi ao enólogo da Bodega Enzo Bianchi, em Mendoza, referindo-se ao vinho produzido na Espanha por seu colega de Barcelona, meio brincando, meio falando a verdade.
O capitão e principal artilheiro da seleção argentina é conhecido por ser bastante competitivo. Se nos campos e na disputa pelos holofotes Messi se garante com uma habilidade ímpar e uma longa experiência, nas taças ainda é aprendiz.
A Bianchi já produz uma linha de vinhos para a Fundação Leo Messi, os vinhos L10 by Bianchi. Agora, no entanto, Messi quer um vinho com sua marca pessoal e fez questão de participar desde a concepção até o blend, que foi escolhido por ele, junto ao enólogo, seu pai e seu irmão. É um corte de malbec, cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e petit verdot.
É um vinho da safra 2018, que passou um ano em barricas de carvalho, foi engarrafado e, desde então, aguarda o momento ideal para ser lançado. Será que Messi pretende fazer do lançamento uma espécie de comemoração para uma eventual vitória da Argentina no mundial? Talvez, de marketing pessoal, ele entende bastante.
Pirlo
Atual técnico do time turco Fatih Karagümrük, o italiano Andrea Pirlo foi a maior estrela da Azzurra na Copa do Mundo de 2006, quando a Itália foi campeã. O meio-campista, que atuou nos três principais times de seu país, Milan, Juventus e Internazionale. começou a sua carreira no Brescia, na Lombardia, sua terra natal. Foi lá que, logo depois da copa de 2006, o jogador comprou uma propriedade de cerca de 6 hectares para a sua família produzir vinhos.
Conhecido como "o Arquiteto", Pirlo liderava no campo, construía jogadas, organizava a equipe. Assim também com a vinícola Pratum Coller, que no dia a dia é tocada pelo seu pai. Mesmo quando está trabalhando fora do país, como agora, não perde contato e nem o controle.
Galvão Bueno
O locutor e comentarista esportivo mais famoso do Brasil é também produtor de ótimos vinhos. Tem duas vinícolas. A Bellavista, em Candiota, na Campanha Gaúcha, e a Bueno Cipresso, na Itália, na região toscana de Montalcino. Recentemente, ainda lançou o Bien Amigos, um vinho de sua Bueno Wines em parceria com a Bodega Argentina Dante Robino, da Ambev.
Tudo começou com suas viagens a trabalho pela Europa, quando aos poucos foi trocando a cerveja pelo vinho. O primeiro grande vinho, tomou na Copa de 1982 na Espanha: um Vega Sicilia Unico, de Ribera del Duero, um dos vinhos mais caros do país. Tomou vários, e pôs na conta da Globo, com aval do Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho).
Não custou muito para eu colocar na minha cabeça que um dia eu produziria um grande vinho", conta Galvão.
E assim foi. Primeiro comprando as terras na Itália e fazendo ótimos brunellos em parceria com o famoso enólogo Roberto Cipresso. Depois, comprando uma fazendo na fronteira com o Uruguai e fazendo uma parceria com a família Miolo. Passada a Copa da Fifa, Galvão começa um novo contrato com a Globo, com uma carga menor de trabalho.
"Tudo o que eu quero é ter mais tempo para os meus vinhos", diz.
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