Por que a primeira classe está desaparecendo dos aviões?
Antes presente em grande parte das empresas aéreas do mundo, a primeira classe vem desaparecendo mundo afora. Até meados da década de 2000, ela era observada em quase todos os voos internacionais, mas sua presença foi decaindo com o passar dos anos.
No Brasil, com o fim da Varig e com a Latam deixando de oferecer o serviço na metade da década passada, esse serviço se tornou mais raro ainda. Azul e Gol, companhias mais novas, nunca chegaram a oferecer esse tipo de serviço a bordo.
Fato é que a primeira classe tem sido abandonada e substituída por outros tipos de serviço e experiência. Qual a razão para isso estar acontecendo?
A ascensão da classe executiva
Para Rahsaan Johnson, diretor de comunicação internacional da Delta Airlines, a redução na oferta da primeira classe é um movimento comum mundialmente.
"A Delta é uma das inúmeras empresas mundo afora que investe na melhoria das classes executivas em busca de oferecer um nível de serviço superior ao que as pessoas tinham nas primeiras classes há 20 anos", afirma o executivo.
Hoje, segundo Johnson, as experiências são muito similares, com assentos que reclinam totalmente e viram camas, serviço de refeição diferenciado, proporção maior de comissários por passageiros, entre outros.
A Delta, por exemplo, possui assentos de algumas de suas classes executivas que se transformam em uma suíte, totalmente fechada, permitindo maior privacidade durante os voos, chamados de Delta One. Esse tipo de experiência oferecido, não só na empresa, hoje é superior àquele das primeiras classes nas décadas passadas.
A Qatar Airways possui uma cabine executiva específica, chamada de QSuite, que não é considerada como primeira classe pela empresa, embora tenha muita similaridade com essa categoria. Nela é possível transformar quatro assentos em um espaço privativo para a família, e algumas poltronas ainda reclinam até formar uma cama de casal.
O preço nem sempre compensa
Se antigamente o que importava era ter uma refeição personalizada, poltrona reclinável até virar cama, espaço maior e privacidade, grande parte das classes executivas de hoje já oferecem esse serviço. E, nelas, o preço é bem menor em vários momentos.
Motorista, concierge e embarque
Em voo, a experiência da primeira classe para uma executiva pode se diferenciar quanto aos assentos do avião, muitas vezes, maiores ou mais reservados em relação aos demais passageiros.
Em alguns casos, as refeições podem ser preparadas especialmente para o cliente, com um menu personalizado, além da maior quantidade de comissários, permitindo um atendimento mais exclusivo.
Em solo, pode ser feito o embarque prioritário, um transporte diferenciado de bagagens, kits de conforto exclusivos, serviços de concierge e de motorista particular. Entretanto, algumas classes executivas também oferecem alguns desses serviços, o que torna a linha que as separa é muito tênue.
Menos oferta
Com a concorrência direta com os serviços ofertados pelas executivas, há uma redução nas primeiras classes. Segundo o site Simple Flying, a British Airways possuía 560 mil assentos de primeira classe em seus aviões em 2008, caindo para 100 mil na década seguinte.
Singapore chegou a reduzir de 150 mil assentos para 90 mil de primeira classe na última década.
Por que algumas empresas ainda têm?
Grande parte de empresas do Oriente Médio, como Emirates, Qatar e Etihad, e outras asiáticas, como Singapore e All Nippon Airways e Korean Air, são as mais fortes em oferecer primeiras classes em quantidade de assentos.
Embora o modelo venha se tornando obsoleto, para algumas é importante mantê-lo devido à sua lucratividade. Um avião inteiro com classe econômica pode ter um retorno financeiro menor do que um com primeira classe, que cobra mais do que as outras classes.
Mesmo ocupando um espaço maior, o assento de primeira classe cobra, proporcionalmente, mais do que a quantidade de lugares da econômica no mesmo lugar. Com isso, ajudam a tornar o voo mais lucrativo.
Ela também se mostra uma exigência do passageiro: voos que partem de algum dos emirados árabes tendem a cumprir longas rotas, de mais de dez horas muitas vezes.
Com isso, clientes optam por serviços mais luxuosos, como suítes com cama, para poderem chegar descansados e aproveitarem mais um dia nos seus destinos.
E um avião inteiro? Não fica mais barato?
Os passageiros que optam por pagar até cerca de R$ 90 mil na passagem de ida e volta para a Europa em um voo comercial de primeira classe no fim de ano pode cogitar fretar um voo.
Alugar um avião exclusivo para dez pessoas nessa rota pode custar até R$ 1 milhão, mantendo a sensação de exclusividade.
Para o Oriente Médio, um voo na QSuite da Qatar Airways para uma família de quatro pessoas custa cerca de R$ 280 mil na cabine privativa da empresa. Fretar um avião com capacidade de até 14 pessoas para o mesmo destino no fim do ano custa R$ 2 milhões, com um preço unitário de R$ 140 mil.
E no Brasil?
Apenas poucas empresas oferecem a primeira classe em voos para o Brasil atualmente. Uma delas é a Air France, que opera sua primeira classe, a La Première, para apenas 12 destinos ao redor do mundo, e São Paulo é um deles.
A KLM, que antes oferecia o serviço por aqui, deixou de fazê-lo desde a década de 1990. A Lufthansa oferece a opção de primeira classe em seu site, mas não respondeu sobre o serviço até o fechamento dessa matéria.
A Emirates ainda oferece o serviço em voos ao Brasil no avião A380. O modelo conta com cabines individuais, ducha para banho e kits de amenidades da Bulgari.
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