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Vale a pena usar uma agência de viagem só para mulheres? Elas respondem

Taize Pizoeni na viagem Jalapão com a agência Woman Trip - Arquivo pessoal
Taize Pizoeni na viagem Jalapão com a agência Woman Trip Imagem: Arquivo pessoal

Rebecca Vettore

Colaboração para Nossa, de São Paulo

23/12/2022 04h00

Viajar faz parte do imaginário e do planejamento de milhares de brasileiras. Há quem goste de conhecer novos destinos sozinha e também tem a viajante que prefere aproveitar a experiência acompanhada de amigos e família.

Se você é mulher e se identifica com o segundo grupo, onde não se vê explorando sozinha, existem agências de turismo ideais para você: exclusivas para viajantes do sexo feminino. Entre essas empresas estão a Woman Trip e a Tania Elisa Viagens.

Criada em 2014, pelas irmãs Dandara e Larissa Degon, que amam viajar pelo mundo, a Woman Trip leva grupos de mulheres para conhecer destinos nacionais e internacionais.

A outra agência brasileira foi criada por Tania Elisa, que é mãe, professora de artes e uma viajante inquieta.

'Acho chato viajar sozinha'

Flávia Tirlone, tem 60 anos e é assistente agropecuária. Desde pequena, ela viaja com a família, mas apenas para destinos próximos, como Campos do Jordão. A primeira viagem internacional ocorreu quando tinha 15 anos, onde ela visitou a Disney.

Fã de praia, aos 30 anos, passou a fazer viagens mais distantes pelo Brasil, conhecendo alguns estados do nordeste com agências. Depois de um período viajando com a agência, não estava mais gostando da experiência por ficar limitada aos horários e roteiros da empresa.

Em 2010, fez a primeira viagem internacional com amigas, conhecendo o Peru e países da Europa, como Alemanha, Itália, Amsterdã e Suíça.

A partir dessas viagens fui pegando gosto de viajar e visitei Venezuela, Bolívia, Uruguai e Chile da América Latina. Na segunda vez que fui para Europa visitei a França com um grupo de turismo só de mulheres chamado de Viagem para Mulheres em 2019.

"Não gosto de viajar sozinha, acho chato, prefiro sempre ir com amigas, e como minha família nunca gostou, demorei para conhecer outros destinos".

Foto - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Flávia Tirlone em Jalapão com o grupo Woman Trip
Imagem: Arquivo pessoal

Por isso, quando quis conhecer o Jalapão, procurou pela segunda vez uma agência voltada só para mulheres, para que pudesse viajar acompanhada. Encontrou a Woman Trip e fez sua primeira viagem com a agência. Conheceu o parque estadual do Tocantins em agosto de 2021 com cerca de 13 participantes. E neste ano, repetiu a dose ao lado de um grupo de cinco mulheres no Arraial D'Ajuda, na Bahia.

As meninas que foram comigo nas duas viagens, eu vejo que são pessoas começando suas experiências de viagem, com uma faixa de idade menor, entre 20 e 30 anos. Elas têm receio de viajar sozinhas, sentem mais segurança viajando só com mulheres e são mais desconfiadas, além disso, gostam da comodidade que a agência proporciona.

Flávia aproveitava o período de férias e as licenças prêmios para conhecer outros locais, mas a partir do ano que vem, depois que se aposentar, terá a liberdade de viajar quando quiser. Entre os destinos dos sonhos, estão a Noruega para ver de perto a Aurora Boreal e a Indonésia.

Viajar é algo de grande importância para mim, onde eu consigo esquecer de tudo, me acalmar e desestressar.

Patrícia Merlim é psicóloga, mora em São Paulo, tem 46 anos e também escolheu uma agência que só atende mulheres, a Tania Elisa Viagens. Em setembro deste ano, a psicóloga, que nunca viajou sozinha, foi para a Europa, onde conheceu Itália, França e Portugal, na companhia de outras mulheres. Antes dessa viagem internacional, ela tinha ido até a Alemanha, onde ficou na casa da irmã, e Chile. E no Brasil conheceu Foz do Iguaçu, Paraná, praias do nordeste, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Foto - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Flávia Tirlone em Arraial D'Ajuda com o grupo Woman Trip
Imagem: Arquivo pessoal

A escolha da agência foi motivada pela falta de companhia e também pela segurança. "É difícil encontrar alguém que tenha disponibilidade financeira na mesma época do que eu. Como sou solteira queria ter companhia, porque me sentia um pouco insegura de ir só, por não conhecer o local e acho chato ir sem ninguém para dividir as experiências. Por isso, procurarei uma agência para me dar um suporte durante os passeios."

Outro motivo que levou a paulistana a escolher uma agência foi pela falta de segurança em falar outro idioma. Apesar de saber um pouco de inglês, não conhece as outras línguas faladas durante a viagem de 18 dias. Como era a única viajante que morava em São Paulo, se encontrou com a responsável da empresa e com as outras participantes em Roma. Sem os passeios, a viagem custou R$ 18 mil, apesar do valor alto, Patrícia pretende fazer outros passeios com a empresa carioca.

Diferentemente da Flávia que viajaria com grupos mistos, Patrícia prefere ir só com mulheres. Durante a viagem que fez, quando ela ficou em quarto com outras participantes, esteve à vontade durante toda a estadia, algo que não aconteceria se tivesse homens. Antes de vivenciar a experiência com a Tania Elisa Viagens, Patrícia, já havia viajado ao lado de outras mulheres, suas amigas.

Foto - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Patrícia Merlim em Roma com a agência Tania Elisa Viagens
Imagem: Arquivo pessoal

Assim, como Flávia, a família de Patrícia também não tinha o costume de viajar muito, iam no máximo para o interior do estado. Por isso, o interesse por descobrir novos destinos foi despertado na fase adulta, perto dos 25 anos. "Viajar para mim significa lazer. E conhecer lugares, culturas e culinárias novas me faz melhorar como pessoa. Viajar ainda ajuda a sair da rotina e desestressar", completa Patrícia..

Faço muitas coisas sozinha, mas prefiro viajar acompanhada

Taize Pizoeni, que tem 40 anos, mora em Criciúma, Santa Catarina, é formada em jornalismo e atualmente trabalha como policial civil, é outra mulher que escolheu a Woman Trip para viajar. Assim como Flávia, a viagem não fazia muito parte da cultura da família quando ela era mais nova.

Por isso, sua primeira viagem de avião aconteceu em 2007 a trabalho como jornalista. Em 2020, antes da chegada da pandemia, ela tinha planos de fazer um intercâmbio, um dos seus objetivos da vida adulta.

Nessa época percebi que algo tinha mudado dentro de mim, tinha percebido que era um ser viajante. Acho que viajar faz parte da minha jornada de autoconhecimento.

"Quando a pandemia deu uma baixada, viajei pela primeira vez sozinha para Caraíva, Bahia. Foi algo natural ir sozinha, porque faço muitas coisas só. Pesquisei bastante a parte de logística e me senti segura com as informações encontradas sobre o local." Mesmo indo só, não ficou sem companhia em nenhum momento, porque acabou fazendo amizade com outros viajantes.

Foto - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Taize Pizoeni na viagem Jalapão com a agência Woman Trip
Imagem: Arquivo pessoal

Depois disso, a jornalista começou a planejar as férias seguintes e escolheu o Jalapão como destino. Mas, ao pesquisar a região, percebeu que precisaria de uma agência de viagem para a amparar. Na época acabou não dando certo de ir para o Tocantins, porém fez uma viagem ao lado da família para Brasília.

No final de 2021, quando já estava acompanhando a Woman pelas redes sociais e tinha confiança no trabalho apresentado, aproveitou a Black Friday para comprar o pacote para o Jalapão, que saiu por R$ 2 mil. Em maio de 2022, viajou ao lado de um grupo de mulheres desconhecidas pela primeira vez.

Elas foram escolhidas a dedo, vivemos uma semana incrível. Depois disso, formamos um grupo no Whatsapp e com certeza virou um grupo para fazer outras viagens.

"Se eu me sentisse segura e confiante, eu viajaria com outra agência que fizesse pacotes com homens e mulheres, mas manteria a vigilância. Estar entre mulheres sempre vai ser mais confortável, mas por trabalhar em um ambiente extremamente masculino, acabei criando estratégias para conviver com o sexo oposto", diz Taize.

Além da comodidade e segurança física, ela também gosta de viajar com mulheres porque a fortalece como mulher e por que tem mais afinidade para desenvolver conversas.

De destinos internacionais, a trabalho já foi para o México e com os familiares para o Paraguai. Mesmo com vontade de sair mais do país, entre os próximos planos, a profissional ainda quer viajar bastante pelo Brasil, antes de explorar destinos internacionais.