Takanakuy: como rito peruano tenta promover a paz com socos
O Takanakuy é uma festa cultural que promove pancadaria na época de Natal em algumas províncias próximas a Cusco, no Peru. Por mais estranho que pareça, o objetivo do ritual é promover a paz.
E o evento é cercado de curiosidades:
- Termo vem do quíchua e significa "troca mútua de golpes"
- Acontece nas províncias de Chumbivilcas e Antabamba
- Além de briga, tem canto e dança
- É uma festa em que se bebe muito
- Tem seu ápice no dia de Natal
É neste dia que a arena da cidade de Santo Tomás, em Chumbivilcas, recebe centenas de lutadores de cidades vizinhas. Os embates têm como trilha sonora a cantoria huaylilla, gênero que anda de mãos dadas com o Takanakuy. Tradicionalmente, duas mulheres cantam, acompanhadas por harpa e violino. Acordeão, bandolim e violão também podem aparecer.
Hoje em dia, o ritual passou por algumas transformações e não é incomum ver pessoas não indígenas e de classe média nas brigas, que agora acontecem também nos arredores de Lima e Arequipa. Nesta última, em 2021, a polícia dispersou mais de 600 participantes por "não respeitarem as regras contra a covid-19". As forças de segurança não concordam com a prática e tentam erradicá-la.
Qual o objetivo do Takanakuy?
A ideia do Takanakuy é "lavar toda a roupa suja" de uma vez e começar o ano novo de maneira leve e bem resolvida. Por isso, as lutas devem terminar com um abraço. Entre os motivos que levam alguém à arena, estão:
- Por esporte
- Demonstrar valentia e talento
- Amizade
- Resolver problemas pessoais ou familiares
- Honra
- Solidariedade
Apesar de não ter uma origem certa, é provável que o ritual tenha nascido nas fazendas escravocratas da região no século 19. A ausência do Estado nessa terra sem lei propiciou o surgimento de rinhas espontâneas, que acabaram crescendo, institucionalizando-se em lutas organizadas, frequentes e com apostas.
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