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Takanakuy: como rito peruano tenta promover a paz com socos

Homens lutam durante o Takanakuy, no Peru - Sebastian Castaneda/Anadolu Agency/Getty Images
Homens lutam durante o Takanakuy, no Peru Imagem: Sebastian Castaneda/Anadolu Agency/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

23/12/2022 04h00

O Takanakuy é uma festa cultural que promove pancadaria na época de Natal em algumas províncias próximas a Cusco, no Peru. Por mais estranho que pareça, o objetivo do ritual é promover a paz.

E o evento é cercado de curiosidades:

  • Termo vem do quíchua e significa "troca mútua de golpes"
  • Acontece nas províncias de Chumbivilcas e Antabamba
  • Além de briga, tem canto e dança
  • É uma festa em que se bebe muito
  • Tem seu ápice no dia de Natal

É neste dia que a arena da cidade de Santo Tomás, em Chumbivilcas, recebe centenas de lutadores de cidades vizinhas. Os embates têm como trilha sonora a cantoria huaylilla, gênero que anda de mãos dadas com o Takanakuy. Tradicionalmente, duas mulheres cantam, acompanhadas por harpa e violino. Acordeão, bandolim e violão também podem aparecer.

Hoje em dia, o ritual passou por algumas transformações e não é incomum ver pessoas não indígenas e de classe média nas brigas, que agora acontecem também nos arredores de Lima e Arequipa. Nesta última, em 2021, a polícia dispersou mais de 600 participantes por "não respeitarem as regras contra a covid-19". As forças de segurança não concordam com a prática e tentam erradicá-la.

Qual o objetivo do Takanakuy?

A ideia do Takanakuy é "lavar toda a roupa suja" de uma vez e começar o ano novo de maneira leve e bem resolvida. Por isso, as lutas devem terminar com um abraço. Entre os motivos que levam alguém à arena, estão:

  • Por esporte
  • Demonstrar valentia e talento
  • Amizade
  • Resolver problemas pessoais ou familiares
  • Honra
  • Solidariedade

Apesar de não ter uma origem certa, é provável que o ritual tenha nascido nas fazendas escravocratas da região no século 19. A ausência do Estado nessa terra sem lei propiciou o surgimento de rinhas espontâneas, que acabaram crescendo, institucionalizando-se em lutas organizadas, frequentes e com apostas.