Da culinária com maconha ao TikTok: 10 pistas de como vamos comer em 2023
Todo fim de ano tem "Esqueceram de Mim" na TV, tem mandingas para encarar os próximos 12 meses com sorte e tem a clássica reportagem sobre o primeiro bebê nascido sob regência do novo ano. Mas, recentemente, também virou tradição começar janeiro com as previsões gastronômicas que devem dominar as mesas.
Depois dos últimos anos tomados pela sombra da pandemia, talvez 2023 seja o mais nítido panorama que tivemos nos últimos tempos em qualquer tentativa de tendências. Porém, como todo exercício que mescla um pouco de aposta e muito de futurologia, é quase impossível projetar qualquer cenário com 100% de certeza.
Nossa reuniu alguns dos principais palpites de empresas de consultoria de mercados, agências de pesquisa e meios especializados para tentar ver pela fechadura o que pode determinar nossa alimentação nesse ano novo.
Vegetarianização nos restaurantes
Com mais pessoas adotando dietas à base de vegetais (quase 10% da população brasileira se diz vegetariana), o novo ano pode ser a consolidação deles na nossa mesa: do nuggets ao hambúrguer, do molho bolonhesa aos ovos mexidos.
Muito além das gôndolas dos supermercados (onde as vendas desses produtos diminuíram mais de 10% em 2021 só nos EUA), mas cada vez mais também nos cardápios dos restaurantes.
Há cada vez mais chefs recriando receitas tradicionalmente feitas com proteínas animais (como bacon, ceviche, sushi, etc.) apenas com legumes, verduras e frutas.
Menos entrega, mais "pegue e leve"
Com os custos dos combustíveis mais altos, a crise de preços tem afetado o bolso do consumidor, que deve preferir passar e pegar a comida nos restaurantes a pagar por taxas de entregas que, em muitas vezes, representam 1/3 do preço da compra de uma refeição.
Também muitos clientes têm reclamado da experiência instável dos aplicativos e da impessoalidade desse tipo de consumo, segundo a consultoria Baum + Whiteman. Muitos restaurantes têm apostado em áreas e atendimento específico para esse cliente "passante".
A imparável ascensão do TikTok
Já não é novidade que o Instagram perdeu sua hegemonia como "a" rede social para a gastronomia.
Mas o TikTok deve seguir desbancando sua rival quando o assunto é comida: de preparos a chefs que mostram como comprar os melhores produtos, de personalidades que apresentam até formas de fazer foraging na cidade.
O formato de vídeos curtos ajudou a viralizar receitas (quem aí falou nos "pães de nuvens" que renderam mais de 3,4 bi de visualizações?) e tornar o termo "food" um dos mais buscados na rede.
Comer sozinho -- e pelo mundo
O site americano "Delish" aposta que com maior foco em bem-estar e aposta em si mesmos, as pessoas vão aumentar a aceitação do fato de comerem sozinhas.
Comer só pode ajudar a ter mais foco no que se está comendo e ser uma forma de atenção, com restaurantes criando experiências mais gratificantes para os clientes solo.
Ao mesmo tempo, o site aposta que 2023 será o ano das viagens gastronômicas: cada vez mais as pessoas querem comer in loco receitas autênticas, principalmente depois da paralisação global que colocou as viagens internacionais em espera.
O turismo internacional voltou a crescer em quase 60% dos níveis pré-pandêmicos, de acordo com a Organização Mundial de Turismo da ONU.
Muitos países estão usando sua culinária para atrair viajantes. Algumas tentações são cervejas artesanais na Costa Rica, moquecas no Brasil e 'supper clubs' indonésios em Londres", aposta o site.
E o mundo na mesa
A NRA (Associação de Restaurantes dos EUA) indica um aumento da demanda por sabores de todo o mundo, especialmente por parte dos consumidores da Geração Z.
Possíveis tendências incluem um interesse geral em sanduíches internacionais, como o argentino choripán e o vietnamita bàhn mì, além de refeições e ingredientes específicos como a erva peruana huacatay e a haupia, uma sobremesa tradicional havaiana feita com coco (parecida com nosso manjar).
A associação ainda prevê um maior interesse pelo amazake, bebida japonesa derivada de arroz fermentado, e raki, o tradicional destilado turco feito com uvas e sabor de anis.
Alimentos com benefícios
Segundo a consultoria de tendência Mintel, os consumidores estão exigindo formulações que os ajudem a otimizar seu desempenho mental no trabalho, em casa e no lazer.
"A nutrição será uma ferramenta valiosa para o gerenciamento da saúde cognitiva que ajuda a capacitar as pessoas em seus trabalhos, hobbies e lazer", diz a consultoria.
Deve haver um boom de alimentos e bebidas que promovem impulsos cerebrais a partir de ingredientes energizantes, como a cafeína, mas sem exageros — já que novos estudos indicam que é possível ter uma "energia sustentada" sem excesso de cafeína.
O relatório da empresa cita como exemplo a startup norte-americana Buzz Lite e a startup britânica Cafe Libre, que oferecem cafés com baixo teor de cafeína. E como novas pesquisas tentam buscar o elemento em outros alimentos (sem ser o café) e estudar outros ingredientes funcionais, de vitaminas do complexo B a nootrópicos.
A volta das galinhas
A rede de supermercados orgânicos Whole Foods prevê uma retomada das galinhas (e outras aves) à alimentação. Isso porque acredita que com novas formas de acompanhar e garantir o bem-estar desses animais em detrimento a outros, as pessoas estão preferindo focá-los em suas dietas.
"Muitos consumidores estão priorizando o bem-estar ao comprar aves e ovos", diz o relatório da rede, que explica que iniciativas como a da Global Animal Partnership (GAP) estão ajudando a melhorar a vida das aves, bem como a qualidade do frango que comemos.
Isso também vale para uma maior procura por ovos orgânicos ou de galinhas criadas soltas, segundo a rede, com ainda mais foco no tempo que passam ao ar livre. O preço do frango e o do ovo também ajudarão na sua popularização em tempos de crise.
Culinária canábica
Com mais países e estados legalizando o consumo da maconha, chefs estão cada vez mais interessados em entender como utilizar a erva — e seus efeitos — no prato.
Também grandes empresas (Nestlé, Kraft Heinz, Carl's Jr., etc.) entraram no cenário para criar cafés com CDB ou balas e chocolates feitos com THC. Companhias como a Cannadish criaram livros de receitas para cozinheiros domésticos e produtos para ajudá-los a fazer suas próprias gomas.
De azeites a meles infusionados com a erva "é verdadeiramente o que podemos chamar de renascimento destes produtos", como garante o site Turning Table em suas projeções para 2023, que deve ser mais adotada também em restaurantes.
Onde há vapor
Ainda sobre fumaça, o mesmo site aposta no ano das receitas preparadas no vapor: o que significará também uma maior procura de panelas que permitem o cozimento com essa técnica.
Influenciados pela popularização das air fryers, os consumidores querem "levar a culinária saudável um passo adiante, por isso os alimentos cozidos no vapor são a última tendência a ser observada", escreve.
A técnica preserva a umidade e os nutrientes de carne ou de vegetais, além de representarem maneiras mais baratas de cozinhar suas refeições, já que exigem menos energia e nenhum gás. Produtos como sacos de vapor para micro-ondas também estão em alta, ressignificando o uso desse eletrodoméstico tão ignorado.
A volta dos "supper clubs"
Clubes privados, jantares apenas para membros e eventos exclusivos em torno da comida deverão ser mais presentes em 2023 segundo a consultoria de tendências Baum + Whiteman, que chama a tendência de "clubsterants".
Talvez um reflexo (ainda) da pandemia que fez com que pessoas prefiram experiências mais reservadas, para os que têm dinheiro para pagar por elas, claro.
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