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Rodrigo Bocardi e banho em elefante; por que a prática tem futuro incerto

Jornalista Rodrigo Bocardi postou fotos durante férias na Tailândia - Instagram/Reprodução
Jornalista Rodrigo Bocardi postou fotos durante férias na Tailândia Imagem: Instagram/Reprodução

De Nossa

07/01/2023 11h10

O jornalista Rodrigo Bocardi, apresentador do "Bom Dia SP", da TV Globo, estava curtindo férias na Tailândia e postou fotos no Instagram.

Em uma das imagens, ele aparece dando um banho em um elefante, um passeio comum oferecido aos turistas que pode estar com os dias contados.

O jornalista ressaltou, antes mesmo de receber alguma eventual crítica, que estava em uma área de preservação.

"Antes que falem, visitei uma área de preservação que tem compromisso com resgate, cuidado e reprodução dos elefantes — animal sagrado na Tailândia. Aqui, eles representam prosperidade e bem-estar. Nesta reserva, os bichos não pintam, não desenham, não dançam. Apenas ganham banho, comem, andam e dormem — sonho de todo ser vivo. Humano, inclusive, né?!)", escreveu.

Colapso no turismo local

O debate sobre uso de animais no entretenimento de turistas cresceu nos últimos tempos, como apontado pelo recente artigo da BBC — O futuro incerto dos elefantes treinados para entreter turistas na Tailândia.

De acordo com a publicação, hoje cerca de 3 mil elefantes são usados pelo turismo no país. E como são propriedade privada, sua qualidade de vida despencou durante a pandemia com o colapso do turismo, dado o alto preço de seus cuidados.

Rodrigo Bocardi dá banho em elefante durante suas férias na Tailândia - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Rodrigo Bocardi dá banho em elefante
Imagem: Instagram/Reprodução
Jornalista da Globo deixou claro que estava em reserva de proteção dos animais - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Jornalista da Globo deixou claro que estava em reserva de proteção dos animais
Imagem: Instagram/Reprodução

Problema antigo

A redução da população de elefantes no país — já foram mais de 100 mil — e as polêmicas só trocaram de setor. Se hoje o problema é no turismo, até os anos 1980 era no setor madeireiro, onde eram usados por sua força bruta até a prática ser proibida.

A fundação World Animal Protection (WAP), uma das defensoras dos animais no país, estima que, antes pandemia, os elefantes geravam até US$ 770 milhões por ano para a Tailândia.

A instituição é uma das que lidera esforços para que exista um turismo ético dos animais no país. Ainda segundo a BBC, dos mais de 200 acampamentos ativos antes do fechamento forçado pela covid, somente 11 tinham aprovação deles para funcionamento.

Elefante na Tailândia enterra bola de basquete enquanto é observado por seu treinador - MaxKGV/Getty Images/iStockphoto - MaxKGV/Getty Images/iStockphoto
Elefante na Tailândia enterra bola de basquete enquanto é observado por seu treinador
Imagem: MaxKGV/Getty Images/iStockphoto

Futuro incerto

Algumas destas reservas, já anunciam em seus cartazes "passeios éticos com elefantes", onde é permitido esse banho com humanos, como fez Rodrigo Bocardi.

Entre os critérios exigidos para o bem-estar dos animais, está a proibição de uso de ganchos, correntes e de montar nos animais, além da exigência de mais espaço para que possam circular e regras para que não hajam treinamentos cruéis.

Em foto de dezembro de 2022, elefantes são usados em partida de futebol durante a Copa do Mundo; debate sobre exploração ética dos animais cresce na Tailândia - SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett - SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett
Em foto de dezembro de 2022, elefantes são usados em partida de futebol durante a Copa do Mundo; debate sobre exploração ética dos animais cresce na Tailândia
Imagem: SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett

A incerteza paira sobre a falta de estrutura que a indústria do turismo na Tailândia tem para uma regulamentação apropriada.

"Mas a Tailândia não tem uma estratégia para isso. Na verdade, a regulamentação dos elefantes domésticos é uma confusão, dividida entre três ministérios que não estão coordenados entre si", diz o artigo da BBC.

Com o aquecimento do turismo depois de dois anos de pandemia, este debate deve só se intensificar.