Gabriel Santana usa cropped no BBB 23: homens aderem à barriga de fora
Na entrada na casa do BBB 23, o ator Gabriel Santana surpreendeu com um look com top cropped deixando a barriga à mostra — e as fãs foram à loucura nas redes.
A peça, a princípio muito mais comum entre o público feminino, entrou novamente no radar da moda masculina com força em 2022, angariando adeptos no exterior e no Brasil.
O ator e cantor João Guilherme causou burburinho "reagindo" em seu Instagram ao vestir um top cropped. Na Paris Fashion Week, diversos modelos apareceram vestindo as peças que deixam a barriga à mostra.
Essa moda não é de hoje. Especialmente nos anos 1980 e 1990, o cropped masculino fez história em filmes, clipes e shows e chegou a ganhar as ruas. Mas como aconteceu esse retorno com direito aos holofotes do BBB 23? Confira a seguir essa "linha do tempo":
Primeiro ato
Entre os famosos
Comecemos pelos entusiastas à frente dos holofotes. Nos anos 1980, o então galã teen Johnny Depp era um dos defensores da blusa curta, pelo menos nas telonas, ao dar ao seu abdômen um registro cinematográfico na produção "A Hora do Pesadelo" (1984).
Na mesma década, em cima dos palcos, o multiartista Prince levava a peça como uma de suas marcas mais características. O estilo se fundia às perfomances, que, assim como sua arte, o tornaram imortal. Vale a lembrança no Arena Wembley, em Londres, em 1986.
Nos anos posteriores, principalmente na década de 1990, o traje se popularizou. Deixou de ser algo que, de certa forma, pertencia ao universo artístico para ser adotado em looks casuais — mesmo que muitas das vezes em produções de grandes emissoras.
Will Smith, por exemplo, vestia o top cropped como um uniforme nos episódios de "Um Maluco no Pedaço" (1990). Lenny Kravitz, por sua vez, deixava com que seus dreads ultrapassassem o comprimento da blusa. Até mesmo Adam Sandler, muito antes de ser tornar um ícone fashion da Geração Z, já vestia tal look.
Em tempos de hoje, os famosos que vestem a blusa com a barriga à mostra, não coincidentemente, são os mesmos que têm grande influencia na moda — seja ditando tendências entre o público ou abraçados como queridinhos de grifes.
João Guilherme pode ser citado como nosso exemplo brasileiro ao trajar o meme "bota um cropped e reage". Ou melhor, Supla antes mesmo que os influenciadores ousassem existir no Instagram.
Em terras gringas, a estrela de "Euphoria", Jacob Elordi já nos presenteou com um ensaio à revista "Wonderland" em que o traje era o protagonista. Nesta versão, encaixava-se como um corset ao abdômen, em vez de exibir as curvas musculares.
Já Jaden Smith, cantor e filho de WIll Smith, já citado anteriormente, parece carregar os cortes minísculos nas veias. Ou melhor, nos guarda-roupas.
Segundo ato
Passarelas e grifes
A obsessão das grandes etiquetas em colocarem o top cropped como um dos protagonistas entre as suas coleções masculinas não é de se estranhar. Aqui, podemos citar alguns dos motores propulsores, como a grande efervescência pelo genderless e, junto a ele, a obsessão pelos anos 2000.
Enquanto para as mulheres, vemos as calças de cintura baixa, por exemplo, entre os homens a blusa de pouco comprimento parece estar exercendo tal papel.
Entre as grifes de destaque aparece a Balenciaga. A coleção de Demna Gvsalia, apresentada para o Outono/Inverno de 2019, já nos introduzia a roupa. Uma versão mais tímida, mas, ainda assim, menor do que usada popularmente.
Em 2022, os croppeds se fizeram onipresentes. Para a Vetements, sob a direção do outro Gvsalia, Guram, a blusa aparecia em um look todo em tons terrosos, com a malha fina contrastada ao couro da calça e jaqueta. E um acessório, em especial: a cueca à mostra. Afinal, poucas coisas hoje em dia são íntimas na moda.
Nesse mesmo passo, outras labels que também investiram na peça entre os homens foi a Fendi, em um flerte com a alfaiataria, a JW Anderson, em altos relevos, e a GmbH, em uma adaptação college dos coletes de tricô.
Todas essas tanto para os desfiles de Primavera/Verão como Outono/Inverno. Não há tempo ruim para um homem e seu cropped.
Como opina o consultor de estilo Gauss Damascena em entrevista para Nossa, essa forte presença do top cropped acontece em consequência da tomada das gerações mais novas, tanto como consumidores como influenciadores para que tendências ganhem força.
"Acredito que os olhos do mercado da moda estão, mais do que nunca, voltados para o jovem e acho incrível essa capacidade da moda em romper barreiras e chacoalhar a estética vigente", diz o especialista.
Ninguém melhor que o jovem e sua ousadia pra ser o protagonista dessas mudanças."
Gauss Damascena, consultor de imagem e estilo
Terceiro ato
Nas ruas
No street style, os que estão abraçando o top cropped como parte do look, em sua maioria, é a comunidade queer. Pouco a pouco, assim como nas passarelas, vemos a moda sem gênero dar os seus passos entre os consumidores — embora ainda seja de uso um tanto quanto restrito ao cenário undeground.
Para Gauss Damascena, há um contraponto: ao mesmo tempo em que essas roupas abraçam a diversidade, elas também perpetuam uma figura do corpo masculino: abdômenes sarados e os chamados "tanquinhos", o que todos sabemos não ser uma realidade fora do feed do Instagram.
"A moda ainda está longe de ser inclusiva", opina o consultor de moda e estilo."Somos frequentemente inundados por imagens de corpos definidos e naturalmente inalcançáveis."
Essa peça vem como emoldurar e enaltecer esses corpos."
Aos que pretendem se aventurar nesta moda, com ou sem o corpo dentro dos estereótipos o qual o top cropped é atribuído, a dica do profissional é: "Estar consciente do desejo de imagem que se quer passar pra se sentir confiante. Quer começar devagar? Experimente a cropped numa sobreposição com uma malha mais longa e coladinha, tipo uma segunda pele."
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