Do agito às ilhas selvagens: Salinas é o 'Caribe amazônico' a se descobrir
Alter do Chão pode ter se tornado um dos destinos frequentes para quem busca praias de água doce às margens do Rio Tapajós, mas não é só o 'caribe amazônico' que reserva paisagens exuberantes no Pará.
A 220 km da capital Belém, existe um cantinho adorado pelos paraenses, mas ainda pouco explorado pelos turistas brasileiros. Prazer, Salinópolis!
Conhecida carinhosamente como Salinas, a região banhada pelo Oceano Atlântico é emoldurada por águas limpas e cristalinas, areia fininha, dunas e pequenos lagos. Ao longo de 45 quilômetros de costa, não faltam opções para relaxar e se divertir.
Apesar de o clima ser quente o ano todo, é entre os meses de junho a outubro que acontece o alto verão.
Nesse período, as chuvas são escassas, o que gera um intenso movimento no balneário. Ficou curioso para conhecer o destino? Abaixo, reunimos as melhores dicas de Salinópolis.
Atalaia: música, esportes e peixe na brasa
A Praia do Atalaia é a mais badalada do município e propícia para diversas atividades. Tem banana boat, surf, windcar (carrovelismo), quadriciclo, buggy... Mas há quem prefira apenas relaxar nas areias que somam aproximadamente 12 quilômetros de extensão.
E aí, você tem duas opções: levar a sua comidinha e o bom e velho isopor ou consumir a gastronomia local em uma das mais de 50 barracas.
As três mais tradicionais são a Atalaia Vip, Verde Mar e Casemirão. A primeira tem um cardápio bem democrático enquanto a segunda é especializada em ostras. No menu, é possível encontrar mais de 30 diferentes pratos do molusco (dá pra provar ostra assada, in natura, frita...). Já a terceira opção é certeira pra quem curte pescado, seja assado, refogado, cozido e moqueado (feito numa grelha de madeira).
Entre os peixes que fazem sucesso em Salinas estão Gurijuba, Pescada amarela, Peixe-serra e Corvina.
A trilha sonora na praia? Você escolhe. Por lá, é permitido levar a sua caixa de som (acredite: tem turista que leva caixonas!) e à medida que você caminha, o som alterna entre funk, sertanejo, forró...
Para Wagner Pajurá, condutor de atrativo turístico local e historiador, o Atalaia é como se fosse a 'cereja do bolo' de Salinas.
Quando a cidade começou a ser explorada nos anos 1970, 1980, só se conseguia chegar lá de barco. Com a construção de uma ponte até a península, o lugar passou a ser explorado pelos turistas. Em alta temporada temos uma população flutuante de 120 a 250 mil por fim de semana.
Longe do barulho e agitação
Se você for da vibe 'só quero sossego', vale visitar a Praia do Farol Velho. Ela é a continuação da Praia do Atalaia (lado esquerdo). O local não tem tanta estrutura, mas é um convite à tranquilidade.
Um pouco depois vem a Ponta do Espadarte. Pra chegar até o lugar paradisíaco, há duas formas: se a maré estiver baixa, o turista consegue atravessar de carro a partir da Praça do Pescador. Caso contrário, existem pequenas embarcações que levam até a Ponta. O tempo de travessia dura cerca de 7 minutos e custa R$ 15 (ida e volta) em alta temporada.
Na Ponta do Espadarte há pouquíssimas barracas e o único barulho que se escuta é do mar. Se o dia estiver bonito, você ainda vai presenciar um pôr do sol incrível. Outra opção é a Ponta da Sofia, localizada no fim da Praia do Atalaia (lado direito). O recanto é procurado por praticantes de kitesurf e visitantes que fogem de badalação.
Lago da Coca-Cola
Como o nome já entrega, o Lago da Coca-Cola tem esse nome porque lembra a cor do famoso refrigerante. "Esse tom é por conta das folhas escuras que caem e entram em decomposição", explica Wagner. O condutor reforça que para pegar a lagoa bem cheia é aconselhável privilegiar os meses de julho e agosto. "De setembro a novembro, ela começa a secar porque o calor aperta."
Localizada entre as dunas da Praia do Atalaia, ela é bem limpinha, ideal para adultos e crianças e totalmente instagramável. Dá pra chegar até lá a pé, mas a sugestão é fazer o passeio de quadriciclo. Você sobe e desce as dunas e finaliza o tour com um delicioso mergulho na lagoa. Ah, e se quiser adrenalina, pode se aventurar no 'escorrega' montado em uma duna que cai direto na água (o morro tem cerca de 12 metros de altura).
Ilhas selvagens e com piscinas naturais
Salinópolis é rodeada de ilhas paradisíacas e selvagens. Suas praias são ideais para fazer um bate e volta. As mais próximas são Marieta, no município de Maracanã, Praia Maria Baixinha, na Ilha de Itaranajá, e Ilha do Pilão, em São João de Pirabas. Nas duas primeiras opções é necessário alugar um catamarã (o passeio privativo para oito pessoas vai de R$ 500 a R$ 1000 e geralmente inclui almoço na embarcação).
Na Ilha do Pilão as agências de turismo costumam fazer passeios diários — dependendo da tábua de marés. O barco sai da Vila Cuiarana e o percurso dura 20 minutos. O que mais chama atenção nesse cantinho quase exclusivo são as suas formações rochosas que lembram 'crateras' da lua e de um vulcão. Ao longo dos anos, as constantes batidas do mar ajudaram a criar pequenas piscinas naturais.
O nome da ilha vem das bolsas de água, que remetem a pilões. O pilão antigamente era muito usado para moer café, pimenta do reino... E quando a maré seca, as crateras ficam em destaque.
A paisagem, cercada por mangue seco, ganha cor com a revoada de guarás, um verdadeiro espetáculo da natureza. As aves têm uma tonalidade vermelha muito forte porque se alimentam de um caranguejo rico em caroteno.
Um giro pelo centro histórico
O centro de Salinas também merece a atenção dos viajantes. Além das Praias da Corvina e Maçarico, vale fazer uma visita à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Socorro, padroeira da cidade, e à Casa da Cultura Fonte do Caranã.
Neste último, há o que os moradores chamam de 'fonte da juventude'. Reza a lenda que quem bebe água dali se mantém jovem eternamente.
E nenhum visitante sai da cidade sem conhecer o famoso Farol de Salinópolis.
Ele é como se fosse nossa Torre Eiffel.
Segundo Wagner Pajurá, o primeiro farol foi construído na Praia do Farol Velho, em 1816, e acabou destruído pelo mar. O segundo, feito sobre a pedra fundamental do antecessor, também não resistiu às marés. O terceiro tem 67 metros de altura e fica no centro da cidade.
Quando realiza um tour guiado pelo centro, o historiador faz questão de dar uma verdadeira aula sobre Salinópolis.
"Muita gente não sabe, mas a nossa história vem desde 1616, quando a primeira embarcação portuguesa trafegou nas águas de Salinas, que antigamente era chamada de Viriandeua ou Virianduba (significa abundância de pássaro em tupi-guarani).
Segundo ele, Salinas foi o maior produtor de sal no Norte e quase ganhou o nome de Atlântida em 1920.
"Como a extração de sal não era comum apenas no nosso município, decidiram chamar a cidade de outro nome. Mas Atlântida não pegou... Acabamos virando Salinópolis, sancionada por um governador em 1966".
Sai o sal, entra o turismo. Atualmente, o setor segue em alta na região e espera-se que até o fim de 2022 o número de resorts da cidade chegue a 20 unidades.
Vida noturna
Fim da tarde e à noite, a pedida é se jogar na Orla do Maçarico. Há diversos bares, restaurantes e sorveterias (aliás, não saia de lá sem provar os sabores típicos da região nas artesanais Blaus e Cairu. As lojas oferecem sorvetes de bacuri, açaí, graviola, mucuri, taperebá, cupuaçu, mangaba, castanha do pará, entre outros). Os mais animados podem curtir a vida noturna, regada a muito carimbó (ritmo musical e dança de roda típicos da Amazônia).
Como chegar em Salinas
Há três opções: de carro e de ônibus (a viagem dura cerca de 3h30) e de avião, a mais recente alternativa. O trecho Belém — Salinas é realizado pela Conecta Azul, uma subsidiária da companhia aérea Azul. O trecho leva 55 minutos e os voos acontecem quatro vezes por semana.
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