Lingerie, brilhos e humor inspiram moda masculina em desfiles; veja looks
Quando Byung-Chul Han definiu esta como a "sociedade do cansaço", ele talvez não apostasse na literalidade em que as coisas chegariam ao ponto de vermos modelos desfilando abraçados com travesseiros em uma passarela.
Estamos cansados, cansadas, cansades. Exaustos, como Luciana Gimenez no twitter. Não há energia que se sustente em um ritmo frenético contemporâneo junto com a pressão pelo sucesso unido a uma positividade inalcançável. E isso se refletiu em uma semana de moda masculina em Milão balizada pelo minimal, pelo básico e pelo conforto, seja físico ou sentimental.
Sim, conforto sentimental tal qual um sapato em forma de sapo de JW Anderson carregando uma imagem nostálgica dos tempos de infância, em que tudo parecia mais fácil — sapatinho este preferido pelo príncipe Harry que, bom, já sabemos não teve uma vida tão perfeita assim após expor sua história em livro recém-lançado.
Ou a bolsa em formato literal de baguete da Fendi carregando a referência daquela série favorita que assistimos esparramados no sofá ou ainda do momento de levar o pão quentinho para casa depois de um longo dia de trabalho. Quem sabe até o conforto de um amorzinho para chamar de seu, como os casais de braços dados na Armani.
"O suéter é o suéter, a calça é a calça, a jaqueta é a jaqueta. Não tem nenhuma explicação exagerada sobre o look", disse Johnatahn Anderson em entrevista coletiva após seu desfile.
Já Miuccia Prada e Raf Simons dizem que o mais honesto a se fazer no momento é roupa que seja útil para as pessoas. Fendi apostou no "estudo definitivo do conforto sofisticado, da opulência do cotidiano e da elegância do inesperado".
Os desfiles de Milão mostram que a simplicidade é a máxima atual.
O desfile de abertura já sinalizava esse olhar. Quando o primeiro modelo da Gucci (agora sem Alessandro Michele) entra na passarela com uma camiseta básica branca e uma calça de alfaiataria de corte reto, o recado estava dado. Mas, para além do conforto e do minimalismo, Nossa reuniu alguns elementos em destaque nessa temporada masculina em Milão.
Comfort Mood
Sim, o desejo de conforto e acolhimento foi levado ao pé da letra nessa temporada que até as bolsas se tornaram travesseiros (ou vice-versa). Mas, outros elementos carregam essa proposta como o sleepwear incorporado no streetwear.
A proposta da Dsquared2, por exemplo, carrega a excentricidade de camisetas estilo camisola de renda em styling com jaqueta bomber e bermuda jeans. JW Anderson já foi bem literal e incluiu looks só de cueca. Já as peças com aparência acolchoada surgiram em diferentes grifes, entre camisetas e jaquetas. É a tradução daquela vontade de passar o dia na cama!
Acessórios fun
É preciso se divertir! Nessa temporada, os acessórios conquistaram destaque pela irreverência e ousadia — e devem se tornar destaques em publicações nas redes sociais. Sapatos de sapo de JW Anderson, a literalidade da Fendi com a bolsa baguete, pantufas peludas da Gucci e as bolsas estilo sacolinha de compras de Martine Rose são um convite a mais bom humor na moda masculina.
Menos é mais
O desfile que abriu a temporada já sinalizava: é chegada a era da valorização do simples. Gucci sem Alessandro Michele trouxe no primeiro look um resumo óbvio: uma t-shirt branca com calça de alfaiataria. Básico do básico. O minimal chic tomou conta do inverno de várias outras grifes, incluindo o streetwear utilitário da Alyx passando pelas peças mais alongadas da Prada.
Fuzzy Efect
Reunindo a ideia de conforto com a necessidade de esquentar o corpo somada à pegada fun, a textura felpuda surge em propostas bem ousadas, como na jaqueta pink oversized de Martine Rose, até um mais básico como o cardigan bicolor alongado de JW Anderson.
Com referência ao grunge dos anos 1990 de Kurt Cobain e seu cardigan no acústico MTV, a tendência fuzzy aparece com essa cara de roupão desgastado também na passarela da Fendi.
Não binariedade
"It's a boy", está escrita na cropped rosa justíssima desfilada pelo modelo da Dsquared2. O deboche está aí. Ainda que seja a semana de moda masculina e a própria Gucci tenha optado por separar da coleção feminina, os tempos atuais questionam a binariedade do gênero.
Na moda, isso reflete em uma liberdade muito maior em usar elementos do vestuário sem definições entre "meninos e meninas". A Dsquared2 abusou dessas criações, com babados, rendinhas, croppeds e minissaias unidas a jaquetas bomber e blusas de flanela xadrez. Sem contar os tops de um ombro só da Fendi.
Gente é feita pra brilhar
Ok! Já deu pra entender a necessidade de descansar, mas se for pra sair, um brilho é bem-vindo. Na temporada masculina, ele surge tanto mais sofisticado como a calça de lantejoulas pretas de Armani, até um tanto mais ousada como as peças prateadas da Gucci. Aplicações pontuais de pedrarias também trazem a luz para os looks da temporada, como nas propostas da Fendi.
50 tons de lavanda
A WGSN já previu para 2023 o "Digital Lavender" como um dos tons que deverá permear os mundos virtuais e físicos, especialmente pelo roxo ser associado ao bem-estar, escapismo digital e estabilidade. Sim, seguimos falando sobre saúde mental.
Além disso, os tons de roxo também se encontram nas propostas agênero e não-binárias. Gucci, Fendi e Martine Rose foram algumas das grifes que apostaram na suavidade do Lavanda.
Charles Jeffrey Loverboy incorporou em sua ousadia excêntrica e lúdica. Já a Armani dedicou um longo bloco de seu desfile para as produções com um roxo vivo e impactante.
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