Casas com 'escamas' que duram até 100 anos são tradição em ilha chilena
Uma das primeiras coisas que chamam a atenção do turista logo que ele chega ao arquipélago de Chiloé, no sul do Chile, são as fachadas das casas.
Sejam elas simples ou requintadas, térreas ou sobrados, o encanto fica mesmo é por conta do revestimento colorido de madeira que parece cobrir cada moradia de uma "renda" mais bem trabalhada que a outra. Efeito proporcionado pelas tejuelas.
As tejuelas são peças sobrepostas, uma ao lado da outra, em fileiras, usadas tanto por estética como para proteger as casas do frio característico da região e da chuva, já que são cortadas no sentido da fibra da madeira, o que facilita o escoamento da água.
Cada peça tem normalmente de 50 a 60 cm de comprimento, de 10 a 15 cm de largura e até 1 cm de espessura. A parte superior, chamada de cabeça, é sempre retangular, e o formato inferior varia de acordo com o gosto do cliente, podendo ser quadrado, diagonal, côncavo, redondo, pontiagudo ou em forma de trapézio.
Há muitos carpinteiros no arquipélago para fazer o tipo de tejuela que a pessoa quiser, e, eles chegam a cortar até 400 peças por dia. Ninoska Galarce, guia de turismo
A fabricação pode ser toda artesanal, bem rústica, cortando-se as toras com um machado e dando forma às peças usando-se macetes de madeira. Mas o mais comum hoje em dia é fazer o corte com serras elétricas ou máquinas mais tecnológicas.
Tradição secular veio da Europa
O revestimento não é uma criação chilota. Está presente na arquitetura europeia, e, segundo historiadores, é usada desde o século 8 antes de Cristo. O elemento, porém, acabou chegando ao arquipélago chileno e se tornou tradição.
A tejuela de Chiloé é normalmente feita de uma madeira bastante resistente e comum no sul do Chile, o alerce, uma das árvores mais altas do país, podendo atingir até 45 metros de altura. É dessa espécie a que é considerada a árvore viva mais antiga da Terra, com 5.484 anos, chamada "bisavô" e localizada no Parque Nacional Alerce Costero, entre Santiago e Chiloé.
Com a redução dos bosques nativos de alerces, hoje se tem no mercado tejuelas de material sintético, como PVC ou cimento de amianto. Sem, porém, a mesma durabilidade da madeira - uma tejuela de alerce chega a durar mais de 100 anos.
A jornalista viajou a convite do Tierra Chiloé
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.