Navio onde Al Capone dava festas proibidas é revelado por mergulhador; veja
Fascinado por destroços históricos, o mergulhador Chris Roxburgh documentou na primeira semana de janeiro o estado do Keuka, um navio de quase 61 metros de comprimento onde Al Capone dava festas regadas a muito álcool durante o período da Lei Seca americana.
Construído em 1889, o Keuka teria mudado de dono em 1928 e virou uma espécie de salão de festas flutuante e taberna clandestina, com música ao vivo e bar, segundo o jornal britânico Daily Mail.
O fornecedor dos drinques, na época em que a comercialização das bebidas era ilegal, era nada mais, nada menos que o célebre gângster.
Apesar de a localização do navio — no Lago Charlevoix em Michegan — não ser exatamente um segredo, o seu estado surpreendeu Chris, que além de mergulhador é fotógrafo especializado em imagens submersas.
Os destroços estão intactos, ele está de pé, com boa iluminação e rodeado por águas limpas. Está estranhamente à espreita sob a superfície, com muitas histórias para contar" Chris Roxburgh
Durante a descida com o parceiro de trabalho Lee Rosenberg, Chris disse que foi fácil olhar para os resquícios do Keuka e imaginar "como ele era em 1929, quando as festas e a jogatina estavam com tudo, e a bebida fluía como se fosse um rio".
"Por dentro, é um navio comprido, com áreas abertas, com cerca de 61 metros de comprimento e mais de dois andares de altura. As luzes brilham pelos buracos nas portas, criando sombras pelo caminho da barcaça", relatou. No seu Facebook, ele ainda demonstrou surpresa com a quantidade de peixes que fazem do Keuka hoje a sua casa.
O Keuka em seu auge
Antes de mergulhar, Chris se familiarizou com a reputação do Keuka. Segundo o jornal Northern Express, da região de Michigan, o navio "era um daqueles lugares onde todo mundo sabia que podia conseguir uma bebida durante a Lei Seca".
"Eu acreditava (e diz a lenda local) que Al Capone e seus homens forneceram bebidas ao navio, que era também cassino, durante a operação na Lei Seca entre 1929 e 1932. Ele tinha uma casa perto de Charlevoix e as pessoas dizem que o viram por ali naqueles anos. Ele tinha diversos esconderijos no norte de Michigan", disse ainda Chris.
A localização era estratégica. Do meio do Lago Charlevoix, era possível ver toda a região e se antecipar diante de alguma visita da polícia. Mesmo assim, o fotógrafo e mergulhador crê que Al Capone ou seus parceiros subornassem alguma autoridade da região, já que as festas eram bastante visíveis para quem estava em terra firme.
A embarcação também vivia cheia de problemas e um funcionário era pago — em uísque — apenas para mantê-la funcionando diariamente. Até que, em 1º de janeiro de 1931, o gerente do navio, Ed Latham, foi baleado por um cliente bêbado, segundo uma reportagem da época do jornal local The Boyne Citizen obtida pelo Mail.
A partir daí, o Capitão J.H. Gallagher decidiu suspender a operação. Ao jornal The Kansas City Star, Chris mencionou que o navio foi confiscado pela polícia e leiloado em 1932. Um grupo de uma igreja local teria o arrematado.
Segundo o Northern Express, ele teria continuado navegando pelas águas locais para atividades não discriminadas. Misteriosamente, o Keuka afundaria no ano seguinte.
"Os rumores dizem que, depois que o gerente do navio foi baleado a bordo, ele foi afundado por este grupo de uma igreja local que estava cansada das 'festas do demônio' com bebida, música, coquetéis e mulheres", especula Chris.
Hoje, o navio segue descansando no fundo do lago, a 15 metros de profundidade.
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