Vinho no Sertão! Rota tem degustação em barco e vinícolas nordestinas
Água doce em abundância e parreirais carregados de uvas. Essa não é a primeira imagem que vem à cabeça quando se pensa em turismo no Sertão, mas um projeto tem mudado essa rota de visitas ao Nordeste.
O Vapor do Vinho oferece um passeio pelas águas do Rio São Francisco, com direito a almoço com as delícias da culinária regional, regado aos bons vinhos locais.
Todos os fins de semana e feriados, há mais de 11 anos, a movimentação de ônibus de passeio é intensa na frente dos hotéis de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), principais cidades do Vale do São Francisco. Saem dois ou três por dia, seguindo destino às vinícolas, entre as cidades de Casa Nova (BA) e Sobradinho (BA).
Em apenas um dia é possível cruzar a divisas dos estados várias vezes, sem nem notar.
Saindo dos hotéis, depois de um curto trecho de estrada, o marrom da Caatinga, único bioma genuinamente brasileiro, vai sendo contrastado pelo verde das plantações possibilitadas pela tecnologia da irrigação. A paisagem em si já é uma atração, além das histórias ribeirinhas que são contadas no caminho.
Após média de 40 minutos de trajeto, a primeira parada é nos parreirais da Fazenda Terra Nova, no município de Casa Nova (BA), onde é possível colher uvas direto do pé e provar o sabor da fruta que tornou a região um dos destaques na produção nacional, por ser a única capaz de produzir duas colheitas ao ano.
Depois da retomada do projeto, após a pausa por conta da pandemia, a expectativa dos organizadores é para a alta estação, que já começou e segue até o final do ano.
O movimento aumenta bastante em períodos de feriado. O nosso passeio é regular o ano todo, independente do número de pessoas, e dá para trazer a família e se divertir. Luiz Rogério Rocha Pereira, administrador do roteiro
Taça na mão
Depois de saborear as frutas, o convite é para visitar a vinícola do Grupo Miolo. Um enólogo recepciona a turma, que já na chegada recebe uma taça para provar as bebidas produzidas no local. A aula espontânea apresenta o processo de industrialização de vinhos e espumantes, desde a seleção das frutas até os testes dos produtos.
Em uma área de grandes tanques, é exposta um pouco da história da viticultura no interior nordestino, contando sobre os equipamentos vindos da região de Cognac, na França, para o procedimento dos destilados. Alguns visitantes mais empolgados topam até provar o álcool em seu estado mais concentrado.
Em outro galpão, um forte aroma de madeira sai dos tonéis de carvalho americano. As barricadas fazem a micro-oxigenação da bebida, dando cor e aroma durante seu amadurecimento.
Ao passar pelos corredores, os visitantes percorrem todo o caminho que os vinhos e espumantes seguem, da fermentação até o engarrafamento.
Depois de tanto observar, é chegada a hora de um dos momentos mais aguardados, a degustação. São oferecidas rodadas de cinco rótulos produzidos na região. Entre um gole e outro, há aprendizagem sobre os tipos de taças utilizadas para cada bebida, como manusear o recipiente e até como fazer um belo estouro de garrafa de espumante.
Em uma loja montada no próprio prédio, também é possível adquirir os produtos locais por um preço bem mais em conta. "Nós temos produtos que variam de R$ 19,00 até R$ 870,00, que é o vinho mais caro que nós temos hoje na prateleira", explica o enólogo Rafhael Loura. Todas as compras são etiquetadas e guardadas no ônibus, porque é hora de seguir viagem.
Navegando no Velho Chico
O próximo percurso é sobre as águas do Rio São Francisco, navegando em uma embarcação com capacidade para 400 pessoas no reservatório da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, o maior lago artificial do mundo.
O barco de três andares, conta com mesas compartilhadas que permitem a interação para conhecer novas pessoas, playground para as crianças, música ao vivo com repertório de muita brasilidade, restaurante, jacuzzi e até um toboágua para mergulhar direto no rio.
Paradas são realizadas em ilhas no meio do lago para aproveitar um tempo de banho no Velho Chico, entre a Ilha da Fantasia e a Ilha do Amor, que em algumas épocas do ano fica submersa por conta do nível da água.
O passeio atrai turistas de várias regiões. A fisioterapeuta paulista Luzia Botelho, 56, reside em Brasília-DF, pela primeira vez cruzou o Sertão nordestino. "Estou sozinha fazendo um mochilão. Eu comecei na Bahia, Valença e Boipeba, vim para cá e daqui vou para a Serra da Capivara. A ideia é descer o São Francisco até Piaçabuçu", conta, informando que segue depois por mais estados ainda este ano.
Para ela, o passeio foi uma grande surpresa. "Foi muito interessante e muito esclarecedor. Passando toda a caatinga, de repente ver um monte de fruta plantada mostra como a economia está aquecida com a questão da irrigação. (...) O turismo aqui na região tem que ser explorado e facilitado, para gente não ficar só no litoral como sempre fizemos. O Sertão precisa ser mais divulgado, porque é uma região muito rica", opina.
Como fazer
O agendamento é todo feito online, de forma prática pelo Whatsapp (87) 98130-5630 ou pelo site do Vapor do Vinho O passeio, que tem nome inspirado no roteiro turístico Maria Fumaça dos gaúchos, custa R$ 198,00 por pessoa — crianças têm tarifa especial —, incluindo a alimentação.
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