Eles eram pilotos de helicóptero e largaram carreira para viajar o mundo

Viagens para hotéis luxuosos, destinos paradisíacos, e uma vida que parece ser completamente um sonho para quem vê. Luana Torres, 32 e Fred Garcia, 36, do @pilotluana — com 312 mil seguidores —, têm a profissão que muitas pessoas almejam: viajar o mundo trabalhando.

Eles compõem o nicho de influenciadores de viagens, e ganham dinheiro vivenciando experiências inesquecíveis de luxo, como ficar em um hotel iglu na Lapônia ou mergulhar nas águas azuis dentro de um quarto privado em um resort na Maldivas.

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Mas como muitos podem pensar que a vida "fácil" do casal pode ter começado com poucos desafios, a verdade é que não foi bem assim.

A história do casal começou em 2014, no Rio de Janeiro. Fred era advogado, e Luana, economista, e ambos cansados de trabalhar em suas profissões, descobriram na aviação uma grande paixão.

O meu irmão e minha cunhada são pilotos de helicópteros, eu cresci com ele falando sobre isso, e não acreditava quando sabia que as pessoas eram pagas para isso. É o melhor emprego do mundo, eu pensava.

O casal entrou na mesma época em uma escola de aviação para fazer um curso de pilotos profissionais. A aviação fez com que os dois pudessem despertar uma paixão um pelo outro, e além da sala de aula. Foi quando eles resolveram se aventurar em um relacionamento e seguirem a vida fazendo o que mais amavam: voar.

Voando nos ares da América do Norte

Em 2015, já com a carteira de piloto privado no Brasil, resolveram apostar em trabalhar nos Estados Unidos. Ficaram alguns meses em Las Vegas, mas as regras da aviação no outro país eram bem diferentes do que no Brasil, e eles iriam precisar fazer mais horas de voos para conseguir tirar a carteira que fosse válida.

Na época, Luana criou uma conta no Instagram e postava sua rotina nada diferente como pilota de helicóptero.

Foi quando ela começou a chamar muita atenção na internet e começou a ganhar muitos seguidores, até que recebeu, por meio do Instagram, a primeira proposta de trabalho.

Uma empresa do helicóptero do Canadá fez uma proposta para a gente trabalhar com eles lá. A gente já tinha batido o número de horas suficiente para conseguir ter a carteira que precisávamos, e imaginávamos que as regras eram parecidas. Arrumamos nossas coisas, e fomos.

Os brasileiros chegaram em 2017 em Vancouver e ficaram entusiasmados com a oportunidade que iriam poder ter caso passassem na entrevista para a empresa.

Porém, foi quando eles tiveram o conhecimento que para serem aprovados, teriam que fazer novas horas de voos no país, porque boa parte do trabalho que tinham feito nos Estados Unidos não iriam conseguir validar, por conta do regulamento ser diferente.

A vida lá fora

Enquanto legalizavam sua permanência e cumpriam suas horas de voo, Luana começou a estudar no ramo de hotelaria, enquanto Fred trabalhava em um restaurante. A rotina durou seis meses, até que o casal conseguiu tirar a carteira de piloto comercial no Canadá.

Já em 2019, enquanto a conta no Instagram já chamava a atenção e ultrapassava mais de 100 mil seguidores, eles começavam a trabalhar como pilotos em uma empresa aérea no país.

O Fred já tinha conhecimentos de fotografia porque ele já tirava foto de alunos e tours que eram feitos na empresa que trabalhamos nos Estados Unidos.

Então, começamos a viajar pelo Canadá, e muitas empresas começavam a querer fazer trabalho conosco, porque eu postava muito material enquanto fazia os voos", destaca Luana.

A demissão fez uma nova profissão

No início de 2020, começo da pandemia, foram demitidos. Continuaram se mantendo durante alguns meses por lá, por conta de um auxílio do governo, mas se viram sem saída, já que eles tinham uma profissão diretamente ligada ao turismo, e sem saber quando conseguiram voltar a trabalhar. Pensando já na renda extra que faziam por meio das redes sociais, resolveram se mudar para Portugal, onde a mãe de Luana já morava, e focar no projeto de influenciadores digitais.

Nesse tempo, o casal já somava 180 mil seguidores. Para que conseguissem atrair ainda mais empresas, queriam aproveitar a oportunidade de criar conteúdo de viagem no período ainda que muitos países estavam fechados, e muitas pessoas não conseguiam viajar.

Planejamos ir para países como Maldivas, em fevereiro de 2021, porque era um dos únicos países abertos na época, e começamos a disparar e-mails pedindo parceria nos hotéis e passeios. Já que eles não estavam recebendo hóspedes, a gente tinha uma boa oportunidade de fazer trabalho sem gastar nosso dinheiro.

O projeto deu certo. Depois das Maldivas, receberam convites para Dubai, viajaram por quatro meses e focaram no segmento de luxo

Acreditamos que, quando você faz algo com paixão, as pessoas também podem senti-lo, e é por isso que amamos ser criadores de conteúdo. Voltamos para casa com o mesmo dinheiro quando saímos.

Eles ressaltam que ainda criaram alguns métodos de ganhar dinheiro durante as estadias.

"A ideia é sempre pensar o que o público vai gostar de consumir, mas também entender a época que estamos para estar de acordo com a estação. No início do ano, estivemos na Finlândia e produzimos muito conteúdo de inverno por lá. E o legal, que hoje muitos hotéis acabam nos convidando para voltar, por conta do nosso trabalho".

Os perrengues dos criadores

Eles contam que nem só de luxo eles vivem, e contam uma das viagens que eles tiveram um verdadeiro perrengue chique. Durante a viagem a Zanzibar, África, em abril de 2021, eles foram passar alguns dias em um resort de luxo. Mas até chegar no hotel, o desafio foi ainda maior.

"Chegamos no aeroporto com muita chuva, e vimos algumas pessoas pegarem nossa mala e cobrar para levar até o carro. Quando descobrimos o esquema de pegar nosso dinheiro, negamos, e eles foram bem agressivos. Pegamos o primeiro táxi que avistamos, mas tudo era bem estranho, no caminho policiais nos pararam e o taxista falando na língua local teve que dar dinheiro a eles. Não tínhamos internet, e a estrada era bem escura. Pensei de tudo naquela hora, não só roubo, que poderiam fazer alguma coisa comigo", afirma Luana.

Apesar de toda a aventura para chegar ao hotel de luxo, o casal chegou bem e sem nenhum problema.

Uma reserva não confirmada

Em uma outra viagem, dessa vez para Grécia, o casal havia conseguido fazer também uma colaboração com um hotel cinco estrelas. Depois da confirmação por e-mail, Luana enviou uma mensagem para o local pedindo um quatro extra para levar sua mãe junto na viagem, porém eles pararam de responder.

A gente viaja sempre só eu e o Fred, mas dessa vez queríamos que minha mãe também aproveitasse, e iríamos produzir um conteúdo extra por isso. Mas eles pararam de nos responder, então pensamos que eles não tinham curtido a proposta e resolvemos alugar um Airbnb.

Mas quando chegaram no aeroporto, deram de cara com um transfer do hotel esperando pela família no saguão com um papel escrito o nome de Luana.

"A Lu e a mãe dela foram pegar um táxi, quando vimos um papel com os nossos nomes ficamos surpresos. Ou seja, eles fizeram a reserva, mas esqueceram de nos confirmar".

Apesar da reserva já feita no Airbnb, eles seguiram com o trabalho no hotel, e puderam proporcionar a mãe de Luana uma experiência diferente na viagem.

Atualmente, além de trabalhar em criação de conteúdo para o setor de luxo, o casal do @pilotluana resolveu iniciar mentorias para brasileiros que também gostariam de ganhar dinheiro durante suas viagens.