Gucci convoca influencers e resgata passado para voltar ao topo da moda
Qual a importância dos influenciadores hoje na moda? Para muitas grifes, provavelmente a engrenagem para inflar sua autoridade e alavancar, não só suas vendas, mas o status nas redes sociais.
A Gucci, como muitas outras, se valeu destas celebridades para a sua divulgação. No mais recente desfile apresentado pela marca na Semana de Moda de Milão, as personalidades com milhões de seguidores ocupavam os assentos da "tão desejada" primeira fila.
O tapete amarelo mostarda retrô e as superfícies de concreto serviam como plano de fundo para as poltronas circulares, instaladas para assistir ao show que introduzia os looks de Outono 2023. O primeiro deles, já adorado nas redes sociais: um minúsculo sutiã GG de malha de corrente, usado com uma saia preta de cetim duchesse e luvas de ópera.
De volta aos assentos — e influenciadores, compradores, jornalistas, críticos e, sobretudo, os famosos, como A$AP Rocky ou Dakota Johnson — estavam atrás da posição privilegiada dos donos de perfis engajados. A disposição foi chamada por veículos, como o "New York Times" e o "WWD" como um "poço de influenciadores".
Há uma ironia admirável, seja ela proposital pela Gucci ou não: qual a relevância deles perante a todos os outros? Eles moldam mais a opinião popular do que os jornalistas hoje em dia? Influenciam pessoas a usarem determinadas roupas mais do que os famosos?
Não há resposta certa ou errada. E isso não é uma novidade, até mesmo no Brasil, onde a principal semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week, teve suas últimas edições tomadas por eles — em posições de extremo privilégio.
Aparecer para sobreviver
Ganhar (ainda) mais prestígio nas redes sociais é uma estratégia urgente para a Gucci. Recentemente, a grife, depois de travar uma batalha por trimestres com a Balenciaga no topo do pódio das casas de moda mais poderosas, caiu para o segundo lugar na lista elaborada pela Lyst Index. Quem assume agora é a Prada.
Os lucros, apesar disso, ainda são numerosos: gerou mais de R$ 13 milhões em receita no terceiro trimestre de 2022 e tornou-se a primeira grande marca de luxo a construir seu próprio mundo no metaverso. O que muitos dizem ser o futuro.
Entretanto, em meio a tudo isso, a Gucci perde um dos seus maiores triunfos: o diretor criativo Alessandro Michele, que deixou o cargo após cerca de sete anos.
No Instagram oficial da marca, milhares de seguidores tecem críticas sobre a decisão: "Não comprarei mais Gucci" ou "Tragam ele de volta", escrevem alguns dos usuários.
O fato é que quem assume agora é Sabato De Sarno, ex-Valentino. Sua primeira coleção para a Gucci, segundo a própria grife, ainda irá acontecer, na primavera de 2024.
Volta ao passado
Nesse meio tempo, a etiqueta italiana preparou o território revivendo o que fez dela... a Gucci.
A sensualidade de Tom Ford, que representou a marca nos anos 1990, e o maximalismo firmado por Michele nos últimos anos se misturaram a fim de criar uma viagem ao passado. Sem deixar de ser presente. Proposta interessante, visto que as peças vintage da marca têm se destacado em looks de grandes artistas, como Rihanna, Miley Cyrus e Bella Hadid.
Golas de pele sintética em forma de coração, vestidos justos feitos de lantejoulas transparentes e jeans discretos e camisas de botão foram algumas das peças apresentadas pela casa de moda para a estação.
No lado clássico, a Gucci trouxe alfaiataria sólida, com destaque para um terninho de couro de bezerro, cinza claro, com um blazer boxy trespassado e calças terminando em sapatos vermelhos, que honravam o legado de couro da casa. Além desses, brilharam aos olhos um blazer marrom despojado e jeans largos com botas de cano alto.
Em contraponto, apareceram também um pouco de lingerie e roupas fetichistas. Uma calcinha com o logo "GG", aparecendo por baixo de um vestido de cetim, além de um vestido transparente de lantejoulas com meia-calça azul à vista. É importante citar ainda a presença da tão falada cintura baixa e as bolsas maximizadas.
O desfile foi finalizado com toda a equipe de design da grife surgindo no "palco" para a reverência final. O ponto a ser provado é que a Gucci é de que ela é muito mais do que qualquer um que ocupe o cargo de diretor criativo — embora a importância desse seja inegável para a construção de coleções atuais e pertinentes.
É sobre a importância do "círculo colaborativo", como a própria empresa afirmou à imprensa sobre o show.
O que nos reserva a Gucci de Sabato De Sarno? O caminho restante, agora, é o futuro. Assim como Ford e Michele, o diretor criativo tem a missão de criar uma marca na grife italiana e conquistar o público mais jovem.
Algumas iniciativas já foram tomadas pela etiqueta para chamar a atenção deles: sua última fragrância, a Gucci Guilty, tem nomes como Elliot Page, A$AP Rocky e Julia Garner como "rostos" da campanha. Todos eles ídolos da geração novata.
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