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'Limonada adulta', Tom Collins é drinque refrescante para fechar o verão

Tom Collins: a limonada para adultos  - Getty Images/iStockphoto
Tom Collins: a limonada para adultos Imagem: Getty Images/iStockphoto

Sergio Crusco

Colaboração para o Nossa

17/03/2023 04h00

Quer um coquetel de verão gostoso, levinho, geladão, refrescante e realmente fácil de fazer? Misture gim, suco de limão, açúcar e água com gás num copo alto com muito gelo. Dê uma mexida. Se quiser dar uma de bartender bacana, decore o topo com uma rodela de limão e uma cerejinha.

Pronto. Taí o Tom Collins, a limonada para adultos que faz sucesso desde o começo do século 18. Como todo grande clássico da coquetelaria, passou por momentos de glória e de descaso ao longo desses 300 anos, mas sempre reaparece quando alguém lembra de matar a sede com algo simples e sensacional.

O bartender Michel Felicio, do Bottega 21 Bar, em São Paulo, não se preocupou em colocar o Tom Collins na sua carta de coquetéis (na verdade, já oferecia o Red Collins, variação do drinque com infusão de hibisco). Só que os clientes, espontaneamente, começaram a pedir a limonadinha divertida sem dar bola para sua ausência no menu.

A tendência se repete em outros bares da cidade, em que o Tom Collins ganha corpo e encara a disputa com o Fitzgerald e o Basil Smash, outros dois coquetéis com gim que estão na crista da onda.

É mais uma alternativa para quem quer consumir gim de outras maneiras, depois da onda do Gim Tônica. Acho que é uma pedida até mais acertada para o calor, pois tem a ver com o gosto brasileiro por drinques doce-azedos, vide a Caipirinha. O Tom Collins tem tudo para virar o próximo hit", diz Michel.

Red Collins - Divulgação - Divulgação
Red Collins
Imagem: Divulgação

Apostando nessa preferência, o bartender vai nomear o coquetel na nova carta que está prestes a lançar, incluindo versões de Collins com outros tipos de bebidas carbonatadas. Em suas criações, devem entrar sodas gaseificadas saborizadas artesanais e fermentados de abacaxi, carambola e pera produzidos no bar.

A família Collins

A quem se adianta em dizer que isso é invencionismo, basta lembrar que o coquetel faz parte de uma grande família, a categoria Collins. A base sempre será um destilado, limão, açúcar e um elemento gasoso. A partir desta receita, você pode pirar nas variações, lançando mão do que tem em casa.

Tom Collins, do bar Belle Epoque - Tales Hidequi/Divulgação - Tales Hidequi/Divulgação
Tom Collins, do bar Belle Epoque
Imagem: Tales Hidequi/Divulgação

De acordo com o destilado escolhido, o nome do sujeito muda, mas permanece o sobrenome: Joe Collins (com vodca), Juan ou José Collins (tequila), Colonel Collins (bourbon), Sandy Collins (scotch), Mike Collins (uísque irlandês), Pedro Collins (rum), Pierre Collins (brandy ou conhaque), Dutch Collins (genebra) e por aí vai.
Cá no Brasil, claro que os bartenders já deram um jeito de aclimatar o Collins à nossa cultura. Por isso, você já sabe do que se trata se vir, numa carta de coquetéis, o Cachaça Collins (ou algum outro apelido engraçadinho, tipo Zé ou Mané Collins).

"Se você usar bebidas de qualidade, quase tudo vai ficar gostoso preparado à maneira Collins. A chance de errar é mínima. Muito fácil de fazer e de beber, é o drinque perfeito para o verão", recomenda Michel.

Invenção inglesa

Tom Collins, do bar Riviera - Tales Hidequi/Divulgação - Tales Hidequi/Divulgação
Tom Collins, do bar Riviera
Imagem: Tales Hidequi/Divulgação

Como acontece em inúmeros casos na coquetelaria, a história do Tom Collins tem mais de uma versão. A mais aceita é a de que teria nascido no início do século 18, em Londres, inventado pelo bartender John Collins, no hotel Limmer's Old House. Nada modesto, John teria batizado o coquetel com seu próprio nome.

Algum tempo mais tarde, ainda na Inglaterra, os clientes dos bares começaram a pedir Tom Collins, em vez de John Collins, indicando o tipo de gim que gostariam de ter como base no seu coquetel. O estilo old tom gin, popular na época, tem adição de açúcar, elemento empregado para amaciar a sensação alcoólica do destilado.

A receita atravessou o oceano e foi parar nos Estados Unidos, onde o bartender Harry Johnson a publicou no livro "New and Improved Bartender's Manual or How to Mix Drinks of the Present Style", de 1882, indicando a diferença entre John e Tom Collins.

No final do século 19, a limonada com gim era hit nos Estados Unidos. A publicidade do livro "The Modern Bartender's Guide", de O.H. Byron, descreve o Tom Collins como "um dos drinques favoritos, pedido em todos os cantos".

Hoje não faz diferença se você pede seu Tom Collins com london dry gin (o tipo mais comum) ou com old tom gin (raro de se ver por aí).

Se quiser refrescância máxima em sua próxima rodada à mesa de bar na calçada, é só chamar o Tom. Ou aprender a prepará-lo em casa.