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Castelos, muralhas, vales: Rota Romântica é convite para desbravar Alemanha

O castelo Neuschwanstein, famoso por ter inspirado o castelo de Cinderela na Disney - Divulgação
O castelo Neuschwanstein, famoso por ter inspirado o castelo de Cinderela na Disney
Imagem: Divulgação

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Nossa

25/03/2023 04h00

Castelos que lembram histórias encantadas, cidades muradas medievais, construções no estilo enxaimel, rios verde-água, praças forradas de paralelepípedo, igrejas que são patrimônio da Unesco, vales, florestas e mais um tanto de paisagens fantásticas num roteiro de 460 quilômetros.

Assim é a Rota Romântica, trajeto que passa por 29 cidades interioranas e são um convite para desbravar a Alemanha.

Criado em 1950 para promover o turismo local, o percurso é um dos mais famosos do país e liga cidadezinhas repletas de histórias, cultura e cenários charmosos, além de oferecerem uma gastronomia ímpar.

A rota fica na região da Baviera, indo de Norte a Sul, de Würzburg a Füssen — ou vice-versa.

Quanto tempo leva?

Para percorrer os pouco mais de 450 quilômetros e ziguezaguear por todas as cidades e vilarejos da Rota Romântica, é preciso planejamento, sobretudo no calendário. Cumprir o roteiro demora de quatro a sete dias, visitando os pontos turísticos da maioria dos lugares.

Mapa da Rota Romântica - Divulgação - Divulgação
Mapa da Rota Romântica
Imagem: Divulgação

Tal projeção considera automóveis como meio de locomoção. É claro que os motoristas apressadinhos podem rodar toda a distância em dois dias, mas perdem a chance de contemplar muitas das atrações no caminho.

Há, ainda, opção de viajar de moto, motor-home, trem (disponível em diversos pontos do itinerário), ônibus turísticos (geralmente com guias e paradas em lugares específicos) e até de bicicleta e a pé.

No caso de bikes e caminhadas, a trilha de longa distância é um pouco diferente e, apesar de somar 500 km, é considerada nível fácil.

Daisy Lee e o marido, Thiago, na Rota Romântica, na Alemanha - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Daisy Lee e o marido, Thiago, escolheram o pedal
Imagem: Arquivo pessoal

Época do ano não importa

Não existem meses certos ou errados para a viagem, ainda que a escolha influencie bastante a experiência. O clima na Baviera é temperado, ou seja, as estações são bem marcadas ao longo do ano.

Desse modo, vale esperar pelo inverno realmente frio (e com neve), o verão quente e úmido, o outono avermelhado pelas folhas das árvores e a primavera, com temperaturas amenas e muitas flores pelo caminho.

Bad Mergentheim - Divulgação - Divulgação
Bad Mergentheim
Imagem: Divulgação

Decidir a data deve levar em conta o que se quer vivenciar por lá. Se a ideia for viajar com um clima ameno e apreciar as paisagens incomuns aos brasileiros, outono e inverno são as épocas indicadas — sem contar que, no fim do ano, ainda ocorrem os incríveis mercados de Natal.

Em contrapartida, se preferir uns graus a mais e a possibilidade de fazer atividades ao ar livre, o melhor é apostar na primavera ou verão, que são mais quentes.

Donauworth - Divulgação - Divulgação
Donauworth
Imagem: Divulgação

Cidades para pernoitar

Dos 29 pontos da Rota Romântica, alguns são mais conhecidos e têm melhor estrutura, enquanto outros se destacam por serem pequenos e graciosos. Vai do viajante também escolher o tipo de lugar que quer aproveitar para a estadia.

Entre as principais cidades do trajeto estão:

  • Würzburg: a cidade foi praticamente destruída na Segunda Guerra Mundial, em 1945, e levou em torno de 20 anos para ser reconstruída. Ali, ficam a fortaleza Marienberg e o Würzburger Residenz, patrimônio da Unesco.
  • Rothenburg ob der Tauber: é a mais conhecida das cidades da rota, completamente murada, e onde fica Das Plönlein, uma das interseções de ruas mais instagramadas da Europa.
Rothenburg ob der Tauber - Divulgação - Divulgação
Rothenburg ob der Tauber
Imagem: Divulgação

  • Dinkelsbühl: as casas com fachadas coloridas, típicas da arquitetura enxaimel, estão entre as mais preservadas da Alemanha. A arquitetura histórica foi restaurada após ser atingida na Segunda Guerra Mundial.
  • Harburg: ali fica outro monumento "sobrevivente" dos bombardeios, o castelo de Harburg, fortaleza medieval do século XI, considerada uma das mais preservadas do país.
Harburg - Divulgação - Divulgação
Harburg
Imagem: Divulgação

  • Landsberg am Lech: cidade pitoresca, dos tempos medievais, dizem que a torre Mutterturm, existente ali, foi outra inspiração para os clássicos da Disney e seria o "original" da construção alta em que Rapunzel foi aprisionada.
  • Füssen: a cidade mais ao sul da Rota é bastante procurada pelos turistas que querem visitar o que seria o "Castelo da Cinderella" - no caso, Castelo de Neuschwanstein, considerado um dos mais belos e icônicos do país.
Castelo de Neuschwanstein  - Frank Bienewald/LightRocket via Getty Images - Frank Bienewald/LightRocket via Getty Images
Castelo de Neuschwanstein
Imagem: Frank Bienewald/LightRocket via Getty Images

A paisagem natural vai mudando pelo caminho: há vales, colinas, florestas, lagos e rios e muita paisagem rural. Não há uma direção certa para seguir, mas quem vai de Würzburg a Füssen contempla, a partir de determinado ponto, a deslumbrante visão dos alpes germânicos emoldurando toda a paisagem.

Atrações pelo caminho

Dos cerca de 50 patrimônios mundiais listados pela Unesco na Alemanha, pelo menos três deles pedem uma visita durante o trajeto da Rota Romântica:

Pilgrimage Church of Wies: a cerca de 5 km fora da Rota Romântica, na altura da cidade de Steingaden, fica a Igreja de Peregrinação de Wies, que é uma construção no estilo rococó bávaro construída entre 1745 e 1754, pelo arquiteto Dominikus Zimmermann.

Würzburg Residence with the Court Gardens and Residence Square: o palácio barroco na cidade mais ao norte do trajeto é tido como uma obra-prima do século XVII, cercado por jardins primorosos. Foi erguido por um time de arquitetos, pintores e escultores de vários lugares do mundo.

Wertheim - Divulgação - Divulgação
Wertheim
Imagem: Divulgação

Water Management System of Augsburg: não existe sistema de gerenciamento de água similar ao da cidade de Augsburg. O complexo inclui torres de água dos séculos XV, XVI e XVII, rede de canais, fontes monumentais e centrais hidroelétricas, que seguem fornecendo energia sustentável.

Além disso, há 23 palácios e castelos nos 460 km da Rota Romântica. O mais conhecido é o Schloss Neuschwanstein, em Füssen, cidade que encerra o percurso no sentido Norte-Sul. Construído entre 1869 e 1892, é tido como inspiração para o Castelo da Cinderela, de Walt Disney World. Oferece vistas deslumbrantes dos Alpes bávaros.

Fussen - Divulgação - Divulgação
Fussen
Imagem: Divulgação

Em Harburg, o castelo medieval com o mesmo nome da cidade é bastante preservado, cuja arquitetura de pedra impressiona bastante. Em Schwangau, o Schloss Hohenschwangau foi erguido no século XIX, no estilo neogótico. Seus jardins impecáveis oferecem vista para o lago Alpsee.

Mas a Rota Romântica não conta apenas com paisagens únicas e construções que encantam. Também há muita comida e bebida boa por lá. Entre as experiências enogastronômicas recomendadas estão visitas aos wine bars (bares de vinho) e a restaurantes que servem Schäufele, à base de carne suína, e o Obatzda, um queijo macio, temperado com páprica, cebola e sementes de cominho.

Quem vai não esquece

A brasileira Daisy Lee é scrum master em Lisboa e decidiu percorrer a Rota Romântica com o marido Thiago, oito anos atrás, de bicicleta. Os 11 dias de viagem renderam muitas memórias boas — exceto pelo cheiro de adubo que o acompanhou por quase todo percurso. Ainda assim, a parte boa foi (bem) maior.

Daisy Lee e o marido, Thiago, na Rota Romântica, na Alemanha - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Daisy Lee e o marido, Thiago, na Rota Romântica, na Alemanha
Imagem: Arquivo pessoal

Quando começamos a nos aproximar de Füssen e ver os alpes no horizonte, foi uma das coisas mais lindas que já vi na minha vida. Também passamos por um rio com um tom de azul-turquesa que nunca havia visto antes. Paramos por vários momentos só para apreciar.

Ela ressalta que o trajeto é repleto de cenários e natureza de encher os olhos. "Além disso, a maior parte do caminho passa por bosques e campos abertos. É uma real conexão com uma natureza muito diferente da que conhecemos no Brasil", comenta.

Daisy Lee escolheu fazer a rota de bicicleta - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Daisy Lee escolheu fazer a rota de bicicleta
Imagem: Arquivo pessoal

A Alemanha é um dos países europeus que respeita e incentiva o ciclismo. Daisy conta que adorou cruzar com famílias inteiras pedalando e fazendo cicloviagens, das crianças aos avós. Uma dica da aventureira: é bom aprender pelo menos o básico da língua alemã, já que o percurso envolve cidades interioranas.

"Nas cidades muito pequenas, às vezes os moradores não falam inglês. Aprendemos a pedir cerveja, água, suco de maçã (é bom demais o suco de maçã na Alemanha), batata, porco e salsicha", revela. Daisy também sugere pesquisar um pouco sobre as comidas locais, para entender melhor os cardápios.

Mais informações (em inglês) no site oficial: https://www.romantischestrasse.de/en