Isenção de vistos poderia gerar até R$ 800 mi ao ano em turismo no Brasil
O país poderia gerar ao menos R$ 800 milhões a mais ao ano no turismo sem a retomada da exigência de vistos para cidadãos de Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão.
A conclusão é de um estudo de Glauber Santos, professor do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade de São Paulo.
Se não fosse a pandemia, o primeiro ano em vigor da isenção de vistos para esses países poderia ter resultado em uma entrada extra de 200 mil viajantes internacionais apenas dessas nações em seu primeiro ano em vigor.
Em março de 2023, o governo anunciou que voltará a exigir vistos dos quatro países, medida que vem sendo fortemente criticada pelo setor do turismo.
Crescimento
Segundo o acadêmico, enquanto a isenção de vistos esteve em vigor antes da pandemia, entre julho de 2019 e o fim de fevereiro de 2020, foi registrado um aumento de 80 mil chegadas de turistas daqueles países e um total de R$ 328 milhões a mais na receita turística internacional.
Santos chegou à conclusão de que, mantendo o ritmo de crescimento e observando dados de décadas anteriores em comparação com o início do fim da exigência, a isenção de vistos poderia gerar até R$ 800 milhões a mais ao ano apenas levando em conta cidadãos dos quatro países.
Embora o estudo seja uma estimativa, ele aponta que a isenção de vistos trouxe, de fato, mais turistas e dinheiro ao Brasil.
Podemos rejeitar tranquilamente a ideia de que a isenção de vistos não teria tido impacto no turismo no Brasil. Glauber Santos
Os dados foram observados a partir do histórico de chegadas de turistas dos quatro países desde 1989, e a tendência de crescimento no fluxo no período de oito meses em que a medida esteve em vigor antes do início da pandemia.
Setor aéreo teme impacto
O fim da cobrança recíproca de vistos entre os países é uma medida que vinha sendo elogiada por integrantes do setor aéreo, que teme os impactos da volta da exigência.
Em um ofício enviado à ministra Daniela Carneiro (Turismo) por entidades da área, ao qual Nossa teve acesso, é revelado que o Brasil ainda não recuperou a conectividade com outros países.
Segundo Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas), é de extrema importância a manutenção dessa isenção nesse momento em que o país ainda não conseguiu voltar ao nível de voos pré-pandemia.
Segundo o executivo, a revogação que ocorreu em 2019 era uma demanda do setor havia 30 anos.
Entendo que alguns países exijam vistos de brasileiros porque esses países, nos momentos em que a economia brasileira passou por maus bocados, viu levas muito grandes de migração ilegal ou clandestina. Mas não há registros, por exemplo, de que alguém de Nova York queira se mudar para o Brasil ou de Tóquio queira fazer migração clandestina o Nordeste. Eduardo Sanovicz
"Esse conceito do Itamaraty é algo ultrapassado, do século 20, que, mais do que diplomacia, me parece uma lei de talião. O interesse do Brasil é atrair mais turistas, mais divisas e moeda forte, gerando aqui um impacto positivo de renda e emprego e, principalmente, de inclusão", afirma o executivo.
Reciprocidade
O governo federal anunciou na primeira quinzena de março que irá retomar a exigência de vistos para cidadãos de Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão a partir de 1º de outubro deste ano.
A medida foi tomada após consultas a esses países sobre uma possível concessão de isenção de vistos para brasileiros.
Segundo o MRE (Ministério das Relações Exteriores), a decisão visa o respeito ao princípio da reciprocidade e igualdade de tratamento entre as nações.
Em nota, o MRE afirma que a isenção concedida em 2019 durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro significava um rompimento com o padrão da política migratória brasileira. "O Brasil não concede isenção unilateral de vistos de visita, sem reciprocidade, a outros países", diz a nota do ministério.
O governo ainda relata seguir negociando com os quatro países acordos para a isenção de vistos em atenção aos interesses dos cidadãos brasileiros.
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