Mata-leão e parto em voo: treino dos comissários de bordo não é nada fácil
Ao ver um comissário de bordo sorrindo para os passageiros na entrada do avião (ou servindo refeições no meio do voo), pouca gente imagina que, para estar ali, tal profissional passou por uma formação com diversas camadas de complexidade.
Sim: os comissários têm a missão de tratar bem os viajantes.
Mas não é só isso: eles também devem estar preparados para lidar com situações delicadas e, muitas vezes, perigosas que podem ocorrer em um voo.
Para isso, passam por simulações muito mais complexas do que você pensa.
"Recebemos treinamentos e fazemos reciclagens constantes para atuar nas mais diferentes situações a bordo", explica Clauver Castilho, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeronautas e comissário de bordo.
Somos agentes de segurança. Um de nossos principais focos é aprender ações de segurança preventiva, para eliminar comportamentos e fatores que possam resultar em uma emergência no avião. E caso haja uma emergência, estamos preparados para lidar com ela.
Sobrevivência no mundo selvagem
Comissários estão preparados para lidar com situações envolvendo pousos de emergência do avião em áreas remotas e selvagens.
"Há treinamentos para sobrevivência no mar, deserto, gelo ou selva, nos quais aprendemos a fazer a evacuação da aeronave rapidamente, realizar uma triagem entre os passageiros para prestação de primeiros socorros, na sequência encontrar um local seguro para montar abrigo e começar a sinalização para que equipes de resgate possam nos encontrar", explica Clauver.
Na selva, por exemplo, os comissários podem montar abrigos sob as árvores usando os destroços do próprio avião e encontrar alimentos no ambiente selvagem.
"E, no mar, conseguimos fazer do próprio bote salva-vidas um abrigo e ativar os localizadores para que sejamos encontrados por equipes de resgate", conta o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
Lidando com passageiros agressivos
Comissários de bordo aprendem técnicas para lidar com passageiros violentos.
Se, por exemplo, um viajante embriagado começar a agredir fisicamente outras pessoas a bordo, haverá, no voo, comissários com capacidade para imobilizar o agressor.
E para isso, em muitos casos, eles contam com a ajuda de algemas descartáveis, capazes de conter os braços do agressor e que costumam ser carregadas em aviões, justamente para esse tipo de situação.
Além disso, há casos de comissários que usaram fita adesiva para prender passageiros violentos em seus assentos.
Auxílio em casos de parto e pânico a bordo
Há casos de partos que ocorrem em pleno voo.
Por isso, comissários são treinados para atuar neste tipo de situação, com procedimentos para deixar o parto mais seguro - colocando, por exemplo, a mulher em uma posição correta em um lugar mais espaçoso do avião e até ajudando no processo do nascimento do bebê.
"Porém, é muito importante ressaltar que o primeiro procedimento nesses casos é verificar se há algum médico a bordo, porque é ele quem vai orientar a tripulação e até recomendar um pouso de emergência, a depender da gravidade do caso", informa o Sindicato Nacional dos Aeronautas.
"Além disso, os comissários fazem um curso de primeiros socorros junto à Anac voltado para emergências traumáticas".
E tem mais: o comissário tem que também estar preparado para agir como um verdadeiro psicólogo, para acalmar eventuais passageiros em pânico.
Temos que saber conversar da maneira correta com passageiros com medo de voar, para acalmá-los durante o voo.
Audição e visão treinadas para sinais de emergência
Dentro do avião, existem sinais sonoros e visuais cujos significados os passageiros não conseguem entender — mas que são compreendidos pelos comissários.
"São sinais que nos permitem identificar o que está acontecendo com o avião, que é nosso local de trabalho, nosso escritório", explica Clauver.
São diferentes sinais que variam de acordo com o tipo de aeronave. Mas através deles, que têm cores e sons próprios, nós comissários sabemos se há, por exemplo, um alerta de incêndio dentro da aeronave.
Esvaziar um avião em 90 segundos
E comissários são altamente treinados para manter a calma em situações críticas que podem ocorrer em uma viagem aérea.
"Aprendemos que o primeiro passo é sempre manter a calma, analisar o cenário e, em seguida, realizar uma tomada de decisão assertiva", diz o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
"São meses de treinamentos e reciclagens constantes para que essas habilidades estejam 100% operantes. Somos treinados para agir rapidamente em qualquer situação atípica e/ou de emergência".
Clauver diz que comissários são preparados, inclusive, para retirar todas as pessoas da aeronave em segurança em até 90 segundos, no caso de necessidade de evacuação.
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