Joias com cinzas e dentes dos animais aliviam saudade de tutores pelos pets

Só quem passa pela experiência sabe como é doloroso perder um animal de estimação. Diante do luto, todo amor envolvido durante os anos de companheirismo e alegria se transformam em saudade na mesma proporção.

Isso faz com que os tutores busquem, de alguma forma, eternizar a "presença" dos bichinhos, muitas vezes recorrendo às chamadas joias afetivas de pets.

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Katia Ferreira, de Ribeirão Preto (SP), se refere à cadelinha Lunna, uma pequinês que morreu aos 13 anos, como "nosso pacotinho de amor embrulhado em pelos".

Quando a "filha" de quatro patas partiu, ela buscou alguma maneira de perpetuá-la. Achou na internet artesãos que produzem peças de adorno pessoal ou de decoração da casa usando as cinzas, dentinhos ou pelos.

"Optei pelo pedacinho da Lunna comigo, porque a sinto mais próxima, como se ela ainda estivesse aqui. Achei estranho fazer a joia com uma parte dela, mas o pensamento em eternizá-la de alguma forma foi maior e me encheu o coração. Encheu um pouquinho do grande vazio que ela deixou", relata.

Katia carrega um pingente com um um pouco de cinzas e um berloque com o nome e fios do pelo de Lunna na pulseira, peças similares às que a filha também adotou.

A mãe ainda possui uma pirâmide decorativa que igualmente guarda o material da cachorrinha, enquanto o marido carrega o chaveiro com cinzas formando uma patinha.

Um negócio por amor

Valquiria Teixeira, de São Paulo (SP), artesã e fundadora da Peternizando, começou seu negócio justamente pelo amor que sentia por seu cão, Alfred, vítima de um câncer depois de 15 anos de vida.

Eternizo os pets para que as mamães não passem por essa dor de não ter nenhum pedacinho do seu filho para carregar. Hoje, eternizo não só os pelos, mas cinzas de cremação, bigodes, partes da roupinha, da caminha, do brinquedo preferido? Tudo que possa trazer um acalanto para o coração".

Roberta de Azevedo, de Campos dos Goytacazes (RJ), é outra que entrou no ramo como homenagem à gatinha que morreu, inclusive no nome de seu empreendimento — Sofia Eternizando Patinhas. A campista relata que o processo das joias é totalmente artesanal e, por essa razão, as peças são únicas.

Para (quase) todos os animais

Val, da Peternizando, revela que o maior público é formado por tutores de cães e gatos. Porém, eles não são os únicos animais que podem ser eternizados. Coelho, hamster, aves, cavalo, ferret, ovelha e macaco são outros bichinhos que podem ganhar joias afetivas.

Nesses casos, Roberta, da Sofia Eternizando Patinhas, explica que pode ser usada a crina do cavalo e a pena das aves, por exemplo. Contudo, ela já viu joias afetivas de animais mais exóticos, como cobras e tartarugas, onde foram usados pedacinhos do casco e da pele.

Para as joias afetivas à base de resina serem confeccionadas, pelos, dentinhos e cinzas precisam ser enviados aos artesãos. Embora todas as partes exijam cuidado, as cinzas pedem maior atenção, para não escaparem durante a remessa.

Normalmente, são requeridas duas colheres (das de sopa) cheias de cinza para as produções. O processo é demorado e demanda delicadeza e atenção dos artistas. Costuma-se demorar até por volta de 30 dias para uma peça ficar pronta, considerando também a demanda de interessados.

Como cuidar da joia

Por se tratar de uma peça artesanal, é essencial tomar alguns cuidados, como evitar quedas, que podem trincar o item, ou ter contato com produtos químicos, calor intenso ou choque térmico, que podem afetá-lo. "As joias são produzidas em resina poliéster e, com o tempo, podem amarelar. Isso as torna ainda mais especiais e únicas", opina Roberta.

Para a limpeza, água e sabão neutro bastam, assim como um pano limpo e macio para enxugar. Caso não sejam usadas diariamente, as peças devem ser guardadas em ambiente seco e arejado.

Lembranças em formato de acessório

A produção é tão especial quanto o motivo da aquisição. Assim como Katia, a nutricionista Jéssica Condessa, de Duque de Caxias (RJ), encomendou uma joia para homenagear seu rottweiler Slash, que morreu aos 11 anos. Ela conta que nunca houve estranheza ao pensar que teria um pedacinho dele.

"Eu queria poder andar com um pedaço dele comigo em vez de ter só a foto. Já que eu tinha o pelo dele guardado e queria algo delicado, optei pela joia afetiva", diz.

Por histórias como essas, Val conclui: "Amo o que faço. Essas joias não têm preço; elas têm valor e ele é inestimável!".