Aurora boreal no quintal e milhões de views: uma brasileira na Islândia
Eu sou do Rio de Janeiro, mas nunca gostei de praia."
São cerca de 9.858 km que separam a cidade do Rio de Janeiro de Reykjavik, onde hoje mora Anna Kellen Bull, de 30 anos.
Destino cada vez mais cobiçado por quem busca aventura, paisagens e a aurora boreal, a Islândia se tornou morada da brasileira.
Quase um ano atrás, ela e o marido, Pietro Pirani, 31, decidiram embarcar no mesmo sonho de morar na ilha depois de receberem uma proposta de trabalho.
Mas a primeira vez que ela conheceu o destino foi um pouco antes, quando passaram 20 dias de férias enquanto ainda moravam no Reino Unido.
"Estávamos ainda namorando quando decidimos fazer essa viagem, eu estava cansada de me mudar sempre de país nesse estilo nômade, já completava oito meses na estrada. Meu marido já tinha ido uma outra vez a passeio na Islândia, e era um desejo dele morar lá, mas não ficamos pensando nessa possibilidade."
Durante toda a viagem, o casal explorou diversas regiões da ilha, e conseguiram ter a sorte de contemplar a aurora boreal, em um dia que foi especial na vida do casal. Enquanto se emocionavam vendo as luzes verdes no céu, e os termômetros registravam números abaixo de zero, foi o grande momento em que Pietro pediu Kellen em casamento.
E a mudança?
Desde então, o casal começou a se replanejar para mudar de país, já que a experiência no Reino Unido não estava como imaginavam.
Porém, a Islândia não estava nos planos, até o ponto em que o marido resolveu se candidatar para algumas vagas de trabalho por lá, enquanto esperava o resultado de outras entrevistas de emprego em outros países da Europa.
Idioma não é um problema
O islandês é uma das línguas mais difíceis de aprender, principalmente porque tem raízes germânicas, e para quem é falante de línguas originárias do latim a dificuldade pode ser ainda maior. Por outro lado, a Islândia tem fama de ser muito receptiva com os estrangeiros, e o inglês é a segunda língua falada no país.
Com a garantia do emprego, o marido da jornalista também obteve o direito ao acesso a uma escola de idiomas para auxiliar na adaptação do país.
Mesmo que minhas limitações na hora de me comunicar em islandês atrapalhe, muitos empregos acabam exigindo mais a proficiência do inglês. Não tenho dificuldade em fazer as atividades básicas do cotidiano.
Porém, ela acredita que, para quem pensa em morar definitivamente no país, é aconselhável aprender o idioma a fim de também socializar com os locais.
A terra da escuridão e dos altos preços
Ir ao mercado na Islândia pode até ser uma tarefa fácil, mas quem está acostumado com os preços em reais dos supermercados brasileiros vai ficar impressionado. Kellen afirma que, de todos os países onde esteve viajando, a Islândia é o mais caro para fazer compras.
"Mesmo morando há quase um ano aqui, eu ainda não me acostumei com os preços, eu levo um choque toda vez que preciso comprar alguma coisa, ou simplesmente coisas básicas mesmo. Me lembro que eu cheguei a pagar o equivalente a R$ 50 em uma couve-flor, e as carnes aqui — apesar de eu não comer — são muito caras, não dá para comprar".
Mas uma das coisas positivas por lá é que eles têm uma das águas mais potáveis do mundo, e nem mesmo sequer você precisa comprar, é só utilizar a das torneiras.
Por ser uma ilha, existe a dificuldade da chegada de mercadorias, que faz com que os preços sejam bem mais altos que em outros países da Europa.
O grande desafio do casal nem tem sido as compras, mas sim se acostumar com o clima, e principalmente com os meses de escuridão durante o inverno. Nos últimos meses, os brasileiros chegaram a ver os termômetros registrando - 20º C em Reykjavik, e afirmam que o país é bem preparado para as mudanças de clima, e eles têm em seu celular um aplicativo do governo que alerta moradores sobre alguma incidência de tempestade. Em compensação, no verão a temperatura fica entre 9º a 15º C.
De dezembro a março, só há luz por cerca de três horas e há aquela escuridão total que dura. Isso é muito difícil porque parece que você nunca consegue acordar. Aqui amanhece às 11h e às 15h começa a escurecer novamente.
Novos caminhos no turismo
Mesmo com tantos desafios no país, ela se considera uma mulher de sorte, principalmente por ter o privilégio de morar em um lugar onde é possível ver a aurora boreal com certa frequência. E foi a partir dos seus conteúdos, que muitos seguidores começaram a pedir recomendações de roteiro para explorar a ilha, e ela viu nisso uma oportunidade de gerar uma renda extra com seus conhecimentos.
"Eu sempre penso em como sou sortuda de conseguir ver isso, nunca me conforto e acostumo, e penso qual a sorte que eu tenho. Os islandeses falam quando tem aurora, fecham a cortina por ter se acostumado com o fenômeno. Já vimos a aurora boreal com cor rosada, foi uma emoção muito grande. E agora estou oferendo para as pessoas que querem vir fazer o passeio consultoria e roteiro pra explorar o país, e aproveito que meu marido também é fotógrafo", conclui a brasileira.
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