Turistas espaciais devem ser proibidos de fazer sexo, alertam cientistas
Turistas que se aventuram a ir ao espaço nestas primeiras missões comerciais — como as promovidas pela SpaceX de Elon Musk e pela Blue Origin de Jeff Bezos — deveriam ser proibidos de fazer sexo fora do planeta Terra.
A conclusão é do professor David Cullen, especialista em astrobiologia da Universidade de Cranfield, no Reino Unido. Segundo ele, há "questões biológicas e legais não respondidas" a respeito de sexo no espaço que precisam ser "urgentemente abordadas".
Em um artigo aberto à consulta pública que escreveu junto a outros pesquisadores — entre eles o brasileiro Rafael Elias Marques, do Laboratório Nacional de Biociências — e que será apresentado em uma sessão paralela à Conferência de Turismo Espacial de 2023 na sexta (28), em Los Angeles, Cullen alerta para possíveis consequências de uma gravidez espacial.
Segundo os estudiosos, caso turistas façam sexo e a concepção ocorra, o embrião poderia ter sua forma humana alterada ou colocada em risco de forma imprevisível pela radiação, o que poderia levar a processos contra a empresa que organizou o voo.
Por isso, o professor britânico recomenda que as organizações que começam a oferecer estes voos turísticos para fora do planeta obriguem os viajantes a assinarem documentos legais que os proíbam de fazer sexo durante o voo, eliminado o risco de potencial gravidez.
O artigo ainda considera "irreal" presumir que todos os turistas espaciais irão espontaneamente deixar de fazer sexo enquanto estiverem expostos à microgravidade — flutuando fora da atmosfera — e a níveis aumentados de radiação ionizada.
"Nosso conhecimento dos efeitos do ambiente espacial nos estágios iniciais da reprodução humana e a consequência de longo prazo para os filhos está no começo", diz o texto. A Nasa até hoje nega que já tenha ocorrido sexo entre humanos fora do planeta.
Mas, com o surgimento do turismo espacial promovido por empresas privadas nos últimos anos, um mercado que deve crescer ainda mais na próxima década, o professor Cullen considera "esperado que as motivações e comportamentos de turistas espaciais sejam diferentes daquelas de astronautas profissionais".
Ou seja, é menos provável que civis de férias controlem o apetite sexual como pilotos militares treinados para a função. Atualmente, voos espaciais exigem trajes restritivos. As cápsulas também não possuem muito espaço e, por isso, não há privacidade.
Contudo, os designs devem se tornar mais luxuosos em breve, segundo o jornal britânico Daily Mail, o que pode deixar os viajantes mais confortáveis. Apesar de o artigo focar nos riscos da gravidez, mais do que no sexo em si, David Cullen reforçou à publicação que há muito que não se entende sobre a experiência sexual neste tipo de ambiente.
Existe mais um risco ou questão — a maior parte dos métodos contraceptivos não teve sua eficácia validada em ambiente espacial." Ponderou Cullen ao Mail.
Entre as recomendações feitas pelo grupo de cientistas do qual o professor britânico é parte, estão o aprofundamento de estudos para entender as consequências de sexo no espaço, a obrigatoriedade de estudos de sexologia como preparação para as missões espaciais e a organização de reuniões para debater "a reprodução humana descontrolada no turismo espacial."
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