Ele resgatou gata na estrada e a levou em viagem de moto por 22 países
Em 2017, ao realizar uma viagem de moto com amigos, o alemão Martin Klauka (@motomogli) se deparou com uma gata em situação de perigo na estrada.
"Ela estava abandonada, machucada e faminta", conta ele. "Eu a chamei e ela veio até mim. Criamos um vínculo de imediato. Resolvi levá-la para meu hotel e alimentá-la. Nos primeiros 15 minutos, ela ficou com medo de estar na moto. Mas logo ficou à vontade".
Martin acabou adotando sua nova amiga — e a batizou de Mogli.
Naquele momento, o alemão estava com uma grande viagem programada: com sua moto, ele queria ir, por terra, da Alemanha até a Índia. E tomou a decisão de levar Mogli na aventura.
No próprio 2017, a dupla subiu no veículo de duas rodas e começou a rumar para o leste, passando, nos meses e anos seguintes, por lugares como Áustria, Eslovênia, Croácia, Montenegro, Albânia, Grécia, Turquia, Irã, Paquistão e, finalmente, Índia.
Com a pandemia, os dois ficaram presos no território indiano. E, após a reabertura das fronteiras, começaram o regresso (também por terra) à Europa, passando agora por novas nações como Armênia e Geórgia.
Ao todo, Martin e Mogli ficaram mais de 5 anos na estrada, visitando, neste tempo, 22 países.
Na bolsa e no ombro
Mogli viajava dentro de uma bolsa presa em cima da moto de Martin.
"Eu deixava a bolsa bem na minha frente, com o zíper aberto. Assim, a Mogli podia colocar a cabeça para fora sempre que quisesse", diz o alemão. "Ela se acostumou com a moto e ficava confortável dentro da bolsa, que também a protegia do frio e da chuva".
Sobre o veículo de duas rodas, também iam mochilas de Martin e equipamentos de camping.
"A gente acampou bastante ao longo da viagem. Mas estivemos em países que não ofereceram condições de camping muito seguras para a Mogli. Um deles foi a Índia, onde circulam muitos cachorros de rua. Por isso, também ficamos bastante em pousadas e hotéis".
Quando se hospedava em quartos de hotel, Martin se preocupava em criar um ambiente confortável para sua gata, espalhando pela acomodação seus pratinhos de comida e água, brinquedos e caixa de areia para as necessidades básicas.
Com a Mogli instalada em seus novos domínios, ele podia deixá-la sozinha por algumas horas e sair para explorar o mundo exterior.
"Em grandes cidades, eu nem sempre levava ela para a rua comigo, pois ela podia ficar assustada", conta ele. "Mas às vezes ela ia junto, em uma mochila especial para o transporte de gatos ou sobre o meu ombro".
Paisagens, fronteiras e sumiço
Martin e Mogli puderam curtir inúmeras paisagens de natureza ao longo da estrada.
Juntos sobre a moto, eles passaram por lagos e bosques no Leste Europeu, por praias da Turquia, por extensas regiões desérticas no Irã e por lindos vales na região do Himalaia.
Para cruzar as fronteiras com a gata, Martin enfrentou pouca burocracia: em diversos países, ele teoricamente teria que mostrar documentos veterinários comprovando que Mogli estava vacinada e saudável. Mas quase ninguém pediu tais atestados.
Os guardas estavam mais preocupados com contrabandos e coisas do tipo. Ninguém ligou muito para a gata".
A viagem, entretanto, teve seus sustos.
"A Mogli sumiu em algumas ocasiões. Uma vez, voltei para o hotel e ela tinha escapado pela janela. Mas logo descobri que ela estava no teto do vizinho", diz Martin. "E uma vez ela sumiu quando estávamos em um camping no Irã. Fiquei muito preocupado. Diversas pessoas me ajudaram a procurá-la. Horas depois, ela reapareceu no camping, como se nada tivesse acontecido".
Para o alemão, estar com sua gata deixou a jornada muito mais fácil.
"Com ela, eu me sentia em casa em qualquer lugar. Além disso, quando me viam viajando com um gato, as pessoas dos países que visitamos se abriam conosco mais facilmente. Isso facilitou a criação de amizades na estrada".
A dupla voltou para a Alemanha no final de 2022.
Martin, por sua vez, gosta de pensar no Brasil como um possível destino para explorar ao lado de sua fiel companheira.
"Adoraria visitar a Amazônia com a Mogli", diz ele. "Quem sabe um dia".
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