Gordofóbico e gênio da moda: as faces de Karl Lagerfeld, tema do Met Gala
Sem dúvida, Karl Lagerfeld, foi um dos maiores nomes da moda. Diretor criativo da Chanel e da Fendi até sua morte, em 2019 aos 85 anos, o estilista alemão acumulava passagens por Balmain, Patou e Chloé, além de possuir uma marca própria. Na segunda, 1° de maio, em Nova York, essa trajetória será homenageada pelo Met Gala.
Escolhido como tema da edição de 2023, o kaiser, como era chamado, estará no dress code do baile: os convidados devem soltar a imaginação e se vestir com referências ao estilista.
O evento segue capitaneado pela editora-chefe da "Vogue América", Anna Wintour, e a edição de maio da revista se juntou à homenagem com uma celebração à carreira do designer.
Além disso, o designer inspira a exposição do Met intitulada "Karl Lagerfeld: A Line of Beauty", que traz 150 looks desenhados por ele. Com a genialidade criativa do seu trabalho e visual inconfundível marcado por rabo de cavalo, óculos escuros, terninho, camisa de gola alta e luvas de couro, o kaiser escreveu seu nome na história.
Genial para muitos, controverso para tantos outros, Karl Lagerfeld também era uma figura polêmica, com falas problemáticas.
Nossa reuniu os momentos mais icônicos do estilista. Confira.
Culto à magreza e declarações chocantes
O estilista era visto como uma pessoa que idolatrava a magreza. Em 2001, ele mesmo chegou a perder 42 kg para poder usar as peças de alfaiataria justíssimas desenvolvidas por Hedi Slimane para a Dior Homme. As críticas às modelos magras nas passarelas também eram constantemente rebatidas pelo designer.
Em 2009, ele chegou a dizer que quem achava as modelos feias eram "mães gordas sentadas com seus salgadinhos em frente à televisão". Já em 2012, se envolveu numa saia justa com a cantora Adele ao declarar para o jornal "Métro de Paris" que a britânica tinha um rosto lindo e voz divina, mas que era gorda demais. Meses depois, como um pedido de desculpas, enviou bolsas da Chanel para a artista.
O movimento #MeToo, que revela abusos e assédios sexuais sofridos por mulheres, foi outro alvo de Lagerfeld. Em entrevista à revista francesa "Numéro" em 2018, o estilista duvidou do teor de algumas denúncias, como as acusações de assédio feitas por modelos contra Karl Templer, ex-diretor criativo da revista "Interview".
"Se você não quer que tirem sua roupa, não seja uma modelo. Entre para um convento, sempre haverá um lugar para você no convento. Eles estão recrutando até", declarou na época.
Karl Lagerfeld frequentemente entrava em conflito ainda com ativistas dos direitos animais, por se posicionar de forma contrária à condenação do uso de pele animal na indústria da moda. Ao jornal "The New York Times", afirmou em 2015 que não entendia a abominação do couro, por exemplo, em bolsas, sapatos e outras peças, se as pessoas continuavam comendo carne.
O kaiser também era contra a política de boas vindas a refugiados adotada pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, durante a crise migratória na Europa. Em 2017, num programa de TV francês, chegou a fazer referência ao Holocausto para defender seu ponto de vista.
"Não é possível, mesmo depois de décadas, matar milhões de judeus para depois trazer milhões de seus inimigos em seus lugares", disse. No ano seguinte, declarou que renunciaria à sua cidadania alemã por causa das ações do governo.
Desfiles grandiosos
A expectativa em torno dos desfiles da Chanel com Karl Lagerfeld era sempre muito alta. A cada temporada, o kaiser transformava o momento num grande espetáculo com cenários super criativos. Sob sua regência, o Grand Palais de Paris, por exemplo, já virou os ambientes mais inesperados.
Na temporada de Outono-Inverno 2014, as modelos desfilaram entre corredores, prateleiras e gôndolas montadas no espaço, como se estivessem escolhendo produtos num supermercado. Uma explosão de leggings, peças metalizadas, twed, lurex e cores vibrantes fizeram as compras do mês mais cool impossível.
Já na apresentação da coleção Primavera-Verão de 2016, o Grand Palais se transformou num aeroporto e guichês de atendimento, balcões para despachar bagagens, carrinhos, portões de embarque e telão de chegadas e partidas serviram de cenário para looks que misturavam luxo e streetwear.
Até ambientação de cassino já deu o tom dos desfiles de Karl Lagerfeld na Chanel. Em 2015, na temporada de Outono-Inverno, o designer colocou as modelos para desfilar entre mesas de jogo e máquinas caça-níqueis. O gran finale ficou com Kendall Jenner usando terno branco mais calça de alfaiataria e véu de noiva, numa referência a Las Vegas, cidade conhecida por seus cassinos mas também por ser procurada para celebrar casamentos.
Nos tapetes vermelhos
Além das passarelas, as criações de Karl Lagerfeld já deram o que falar em eventos do tipo tapete vermelho como Oscar, Globo de Ouro ou o próprio Met Gala.
Diversas estrelas se renderam ao talento do estilista e vestiram looks assinados por ele, como a cantora Jennifer Lopez, que apareceu com saia ampla de tecido metalizado combinada à peça transparente e de um ombro só na festa do Oscar em 2001. Em 2008, foi a vez da atriz Penélope Cruz chamar atenção na premiação com um vestido preto sem alças e com aplicações de plumas.
No Met Gala, quem já roubou a cena usando um look assinado pelo kaiser foi a atriz Cara Delevigne em 2017. Na ocasião, ela vestiu um tailleur prateado todo bordado da Chanel.
Karl "brasileiro"
Ninguém resiste ao Brasil, né? Em 2016, Karl Lagerfeld se juntou à rede de fast fashion Riachuelo para o lançamento de uma linha especial com 75 peças, cujos valores variavam entre R$ 49,90 e R$ 399,90. Na coleção, camisetas, calças e até conjuntos de casaquinho de tweed com saia, em alusão a uma criação clássica da Chanel.
Acessórios também ganharam destaque na collab como as bolsas, clutches e capinhas de celular estampadas com desenho de Choupette, a gatinha do designer, que hoje provavelmente é um dos pets mais famosos do mundo e tem até perfil no Instagram.
Essa não foi a primeira parceria do estilista com marcas brasileiras. Em 2013, ele já havia colaborado com a Melissa e o resultado do feat veio em forma de sapatilhas douradas de bico fino, sandálias pretas com listras coloridas e scarpins com salto em forma de sorvete.
Além de criar, Karl Lagerfeld tinha uma exímia vocação para fotografia. O designer chegou a fazer algumas exposições fotográficas com seus trabalhos nessa área, mas seu momento mais icônico atrás das câmeras foi quando clicou a top model Gisele Bündchen em 2014 para a edição de dezembro da Vogue Brasil.
Na ocasião, a gata Choupette participou do ensaio e inclusive foi capa da publicação junto com Gisele.
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