Cocô de vaca a ratos empalados: fiscais mostram apreensões em aeroporto

Quando viajamos, tudo pode se tornar uma lembrança dos bons tempos que passamos conhecendo um lugar novo. Ou, caso você seja um imigrante, qualquer coisa pode ser uma ligação com a sua terra natal. Isso pode incluir um salgadinho que você curte muito, um ingrediente que só tem no lugar onde você esteve.

Não há limites para o que podemos colocar dentro de uma mala. Os fiscais da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), órgão responsável pela fiscalização da entrada de produtos agropecuários no país, sabem bem disso.

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Se você assiste o programa "Aeroporto — Área Restrita", do canal Discovery, sabe bem que, ao abrir uma mala, um agente da Vigiagro pode encontrar de tudo: quilos e mais quilos de peixe seco, sementes, comidas ultraprocessadas, legumes ou, em casos mais inusitados, ratos empalados, sapos secos e esterco dissecado.

Os funcionários do Aeroporto de Guarulhos, por onde passam cerca de 100 mil passageiros de várias partes do mundo, decidiram contar o seu dia a dia em uma bem-humorada conta no TikTok.

Ao som de pisadinha, músicas infantis e funk, eles mostram as surpresas que encontram nas bagagens dos passageiros, sem falar nas estratégias que as pessoas usam para tentar burlar a fiscalização. "Elas acham que começamos nesse trabalho ontem", brinca o perfil.

Sem mostrar o rosto de nenhum dos funcionários, o perfil usa a legenda ou a voz automatizada do próprio TikTok para brincar, mas também informar sobre o que pode ou não pode entrar na mala dos viajantes, informar sobre mudanças nos protocolos para levar ou trazer animais de estimação e entre outros.

Tudo isso com uma vinhetinha viciante (muito difícil sair do perfil sem cantarolar "Vigiagro, gru").

Ratos empalados

Em uma bagagem vinda da Nigéria, foram encontrados ratos empalados. "Eles são uma iguaria em algumas culturas nigerianas, onde sua venda e consumo são considerados legais", diz a legenda da publicação. Porém, no Brasil, não é permitida a entrada desse tipo de item porque pode ser vetor de doenças que comprometeriam a produção agrícola do país. "Sendo o Brasil um grande produtor e exportador de alimentos, qualquer possível contaminação pode ter consequências devastadoras para o agronegócio", escreve o autor da postagem.

Esterco bovino dessecado

Há quem traga, até mesmo, fezes na mala. Quer dizer, esterco bovino dessecado. No voo vindo da Índia, o produto foi apreendido para a destruição. De acordo com o viajante, o produto teria fins religiosos.

Buquê de noiva seco

A amiga casou em Portugal, ela pegou o buquê e, como uma boa lembrança, quis trazer as flores na bagagem. A Vigiagro não deixou. É que, de acordo com o órgão, flores são grandes vetores de doenças agropecuárias. "Um surto de ferrugem de café na América Central foi causado pela introdução de plantas infectadas de outras regiões", exemplifica a postagem.

Caramujos vivos

Um passageiro da Nigéria trouxe alguns caramujos gigantes, vivos, na mala. Como não tinha a documentação necessária, eles foram apreendidos para destruição. Que dó!

Carne seca de canguru e de crocodilo

Esse tipo de iguaria pode não fazer parte da nossa dieta, mas nada impede que você traga alguns deles se seguir todas as regras. No caso mostrado no TikTok, as carnes eram secas e tinham sido processadas industrialmente, além de estarem em suas embalagens originais não violadas. A Vigiagro liberou.

Camaleões mortos

Nesse caso, a Vigiagro teve muito trabalho a fazer: foram apreendidos 48 camaleões mortos, 56 ratos silvestres mortos, 1 cabeça de roedor não identificada, 15 partes de cobras e 10 partes de aves. Além de perder a bagagem, o passageiro precisou pagar uma multa do Ibama.

E 28 quilos de guloseimas?

Parece que não acaba mais a quantidade de biscoitos, chocolates e outros doces que saem dessa mochila de entregas. Porém, como eram itens processados e estavam em suas embalagens originais, o carregamento de doces passou.

Sucesso de apreensões: queijos e embutidos

Apesar dos casos curiosos chamarem mais a atenção, estas não são as apreensões mais comuns. De acordo com o perfil do TikTok, há alguns itens que sempre vão parar na bancada da Vigiagro: queijos portugueses e franceses sem a rotulação correta, assim como embutidos espanhóis e presunto italiano. Sem falar no bacalhau, um dos itens favoritos de quem vem de Portugal. A Vigiagro até comemora quando encontra um deles dentro das regras: salgado e seco, processado industrialmente, com as etiquetas dos órgãos reguladores.

Mas o que pode trazer?

Na maioria dos casos, alimentos podem entrar no país caso sejam industrializados ou tenham passado por algum tipo de processamento. Não basta ser um pedaço de queijo em uma embalagem à vácuo, por exemplo. Eles devem estar na embalagem lacrada, com selos de fiscalização local legível. Ainda assim, há exceções: produtos de origem animal cru e congelados não entra, mesmo com todas as etiquetas. Assim como o mel, que tem algumas exigências mais complicadas a serem atendidas. Sementes também.

Produtos de carne suína estão, atualmente, terminantemente proibidos de entrar no Braipsil por conta da peste suína africana, que, além de ter focos no continente africano, também já foi encontrada em países da Europa. Sabe aquele presunto italiano ou espanhol que você adoraria trazer de sua viagem pela Europa? Não pode. E se trouxer, pode aparecer no perfil do TikTok. "Perdeu. Pode chorar ou espernear", diz o vídeo.

Até mesmo as iguarias mostradas aqui, como sapos secos, são liberados, caso seja importado de maneira regular. É preciso preencher, antes, da viagem, um formulário avisando a importação desses itens pelo canal Bens a Declarar. Eles devem emitir um certificado fitossanitário que vai constar informações como o peso individual dos itens, além da origem e certificações.

Você acha que aprendeu tudo? Então faça esse teste criado pelos próprios personagens da Vigiagro: