Cão mais velho do mundo completa 31 anos com direito a festa; veja vídeo
Bobi, o cão vivo mais velho do mundo, completou seu 31º aniversário na última semana. E, para celebrar, o recordista mundial — reconhecido em 1º de fevereiro pelo Guinness World Records — ganhou uma festa neste sábado (13).
Seu tutor, Leonel Costa, contou à organização que publica o Livro dos Recordes que a celebração foi preparada na própria casa onde a família vive, no vilarejo português de Conqueiros.
Segundo ele, foi "uma muito tradicional festa portuguesa" para mais de 100 convidados. Alguns voaram de fora do país especialmente para a comemoração de mais de um ano de vida do querido e famoso pet.
Os festejos contaram com pratos de carne — como porco no espeto — e peixe para os visitantes, além de acompanhamentos sem temperos para o aniversariante, já que Bobi sempre se alimentou de comida humana sem condimentos. "Só não gosta de espaguete à bolonhesa", entregou Leonel à agência Lusa.
"Não pode ser no seu dia de aniversário, porque alguns veterinários estrangeiros queriam estar presentes e não podiam vir na quinta-feira", explicou. Ele teria gasto cerca de mil euros (R$ 5.334) na comemoração. "Pelo Bobi vale tudo. Ele merece. Se não fosse o Guinness tinha realizado uma festa só para os amigos, mas assim vieram pessoas de todo o mundo."
A vida após a fama
Leonel se preocupa com o impacto do reconhecimento na vida de Bobi. "Tivemos muitos jornalistas e pessoas que vieram de todo o resto do mundo para tirar uma foto com ele [desde o recorde]. Pessoas da Europa, dos Estados Unidos e até do Japão".
Um grupo de dança ainda animou os convidados e o cão teria participado de uma das coreografias. Ainda de acordo com a Lusa, o próprio time do Guinness desafiou Leonel a fazer a festa, mas ele exigiu que fosse em casa.
"Foi aqui que o Bobi sempre viveu e quisemos que a festa de aniversário fosse no seu espaço. Só tratei que ficasse tudo mais bonito e garantir que o Bobi tivesse os seus pratos favoritos", revelou à Lusa.
Por isso, o tutor levou Bobi recentemente ao veterinário para exames de rotina, por estar preocupado com o potencial estresse mental e físico de tantos visitantes para o pet idoso. "Houve muitas fotos tiradas e ele teve que levantar e sentar muitas vezes. Não foi fácil para ele. Sua saúde foi um pouco prejudicada, mas agora ele está melhor".
Leonel estabeleceu uma "fila" de interessados em encontrar o recordista. "Tenho pessoas inscritas para conhecer o Bobi até junho". Ainda à Lusa, Leonel ressaltou que o cão é como um filho. "Bobi é um anjo. Não é um cão nada protetor. Se alguém entrar em casa, ele deixa. É muito sociável, é um doce e adora animais e pessoas."
O recorde
Um legítimo Rafeiro do Alentejo, uma raça de cão pastor típica da região de Leiria, sua expectativa de vida média seria de 12 a 14 anos. No entanto, Bobi foi muito mais longe, o que pode ser comprovado graças aos registros que a família Costa, seus tutores, realizaram junto às autoridades veterinárias locais quando ele ainda era filhote.
Nascido em 11 de maio de 1992, Bobi teve sua documentação regularizada pelo Serviço Médico-Veterinário de Leiria meses depois. Sua idade também pode ser confirmada pela SIAC, uma base de dados para pets do governo português que é gerenciada pelo Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários.
Ou seja, existe um histórico das visitas do cão aos consultórios desde "bebê", o que possibilitou a verificação final do recorde. Este, no entanto, não foi o único que Bobi bateu. Ele ainda foi reconhecido como o cão mais velho da história, ultrapassando Bluey, um pastor australiano que viveu 29 anos e 5 meses entre 1919 e 1939.
A história de Bobi
Apesar disso, Bobi quase morreu logo após o nascimento. Ele era um de quatro filhotes da cadela Gira, que já vivia com a família. "[Quando ele nasceu], eu tinha 8 anos. Meu pai era um caçador e sempre tivemos muitos cães", contou Leonel, hoje aos 38 e responsável por Bobi, ao Guinness.
Seu pai, na época, acreditava que não tinha como manter tantos animais. "Infelizmente, era considerado normal pelas pessoas mais velhas que não podiam ter mais pets em casa enterrá-los em um buraco para que eles não sobrevivessem".
No dia seguinte ao nascimento da ninhada, os pais de Leonel entraram no galpão de estocar madeira onde Gira deu à luz e retirou os filhotes enquanto a cadela estava ausente. Na pressa, eles não notaram que deixaram um para trás.
Leonel garantiu que ele e seus irmãos ficaram muito tristes nos dias seguintes ao enterro dos irmãos de Bobi, mas perceberam que a cadela continuava voltando ao galpão onde os filhotes tinham nascido. "Achamos a situação estranha, porque se os animais não estavam mais lá, por que ela ia?".
As crianças então seguiram Gira e descobriram Bobi sendo cuidado pela mãe, escondido em meio à madeira. O grupo então decidiu guardar segredo por um tempo. "Sabíamos que quando o cachorro abrisse os olhos, meus pais não poderiam mais enterrá-lo. Era de conhecimento popular que isso não poderia nem deveria ser feito".
Leva, em média, entre uma a duas semanas para um filhote abrir os olhos pela primeira vez, informou o Guinness. Quando Bobi foi encontrado, este período já havia passado e, de olhos abertos, ele foi recebido pela família. "Quando eles descobriram que já sabíamos, gritaram bastante e nos castigaram, mas valeu a pena por um bom motivo", se diverte Leonel.
Ele ainda acredita que o ambiente tranquilo da região de fazendas e florestas, longe da cidade, contribuiu para a longevidade do cachorro — que nunca esteve em uma coleira em seus quase 31 anos de vida. "Se Bobi pudesse falar, só ele conseguiria explicar isso".
Leonel vê como confirmação de sua teoria o fato de que outros dos pets da casa também viveram bastante. Gira, a mãe de Bobi, chegou aos 18 anos. Chicote, outro cão da família, tinha 22 anos quando faleceu.
Muito sociável e mais tranquilo em sua velhice, já que vive com dificuldades para enxergar e andar a essa altura, Bobi passa a maior parte do tempo brincando com outros quatro gatos no quintal. Ele faz uma "sesta" depois de se alimentar — ele só come comida humana, sempre molhada em água para remover os temperos — e curte descansar perto da lareira no frio.
Segundo Leonel, o único susto que Bobi deu à família aconteceu em 2018, quando ele foi hospitalizado com dificuldades para respirar, mas se recuperou. Ele vai com regularidade ao veterinário e o tutor garante que seus exames indicam boa saúde para a idade.
"Bobi é especial porque olhar para ele é como se lembrar de pessoas que também foram parte de nossa família e infelizmente não estão mais aqui, como meu pai, meu irmão ou meus avós que já deixaram este mundo. Bobi representa estas gerações", acredita o seu humano.
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