'Titanic das montanhas', estação de trem abandonada reabre como hotel
Nos picos nevados dos Pirineus, cordilheira que separa a Espanha da França, uma estação de trem abandonada há mais de 50 anos acaba de ressuscitar como um luxuoso hotel 5 estrelas na província espanhola de Huesca.
Apelidada de "Titanic das montanhas" por causa de suas dimensões gigantescas e destino trágico, a estação de trem Canfranc foi inaugurada em 1928 com uma cerimônia que contou com a presença do rei espanhol Afonso 13 e do então presidente francês Gaston Doumergue.
Conectando Madri a Paris, a estação chegou a ser considerada uma das maiores da Europa e serviu para estreitar laços diplomáticos entre França e Espanha, que administravam a ferrovia em conjunto.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Canfranc foi palco de prisões, espionagem e até mesmo tráfico de ouro praticado pelos nazistas no contexto da ocupação francesa. Mas depois da guerra, a estação começou a perder seu brilho devido ao baixo volume de tráfego e de investimento, o que resultou em sua desativação em 1970.
Desde aquela época, o prédio que abrigava alfândega francesa e espanhola, salas de imigração, hotel, restaurante, hospital, biblioteca e bancos ficou completamente abandonado.
Ainda que fechada por décadas, a estrutura do edifício se manteve firme. A partir de 2016, o prédio começou a ser restaurado em uma obra meticulosa que custou cerca de 16 milhões de euros.
O grupo hoteleiro espanhol Barceló foi o responsável por transformar a estação de trem em hotel de 104 quartos, incluindo 4 suítes de luxo tematizadas.
O agora Royal Hideaway Canfranc Estación começou a receber seus primeiros hóspedes em fevereiro deste ano. Apesar de se tratar de um hotel 5 estrelas, o preço da diária é modesto e parte de 149 euros, cerca de 827 reais.
O antigo saguão da estação de trem foi transformado na recepção do hotel, que traz a atmosfera da década de 1920 na decoração por meio de luminárias de latão, ladrilhos originais da época e móveis de veludo. Acima do balcão da recepção, um escudo com o brasão RF, para Republique Française, indica a ala norte, ou ala francesa, que já abrigou um consulado. Em frente, a Ala Espanhola ostenta as armas de Alfonso 13.
O estúdio de design responsável pela reforma da estação de trem manteve peças e ambientes em seu formato original, para aproximar o hóspede do contexto histórico do edifício. As 365 janelas são as mesmas de sempre, bem como as escadarias de mármore, que só foram polidas.
Para os amantes de trens, fotografias da estação em seu auge estão espalhadas por todo o hotel. Além disso, os funcionários do hotel receberam uniformes semelhantes aos dos antigos funcionários da estação de trem.
O hotel oferece aos hóspedes um spa de 420 m², piscinas climatizadas, biblioteca, 2 bares e 3 restaurantes, sendo que o principal deles ocupa dois vagões de um trem de longa distância do início do século 20.
Segundo a rede hoteleira que administra o prédio, existem planos para reabrir a ferrovia internacional, reconstruindo a linha francesa da década de 1970. Atualmente, a maioria dos hóspedes ainda chegam até a região dos Pirineus de carro, mas para quem está na Espanha, é possível chegar ao Royal Hideaway Canfranc Estación partindo de trem da cidade de Saragoça. A viagem é lenta, mas promete vistas panorâmicas enquanto o trem sobe as montanhas.
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