Spa e móveis da família real: como era mansão de Tina Turner na França

A cantora Tina Turner, que morreu nesta quarta (24) aos 83 anos, trocou seu país natal — os EUA — pela Europa décadas atrás.

Apesar de ter se casado com o produtor musical alemão Erwin Bach só em 2013, seu relacionamento com ele começou em 1985. Juntos, eles viveram na Alemanha, e, anos mais tarde, na França, antes de decidirem criar raízes na Suíça, onde ela eventualmente se naturalizou.

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Seu endereço durante a sua segunda temporada europeia — e como casa de veraneio após a mudança para a Suíça — ficava no sul do país, entre as cidades de Nice e Cap Ferrat, no balneário de luxo conhecido como Riviera Francesa.

À revista Architectural Digest, Tina mostrou os interiores de sua casa no final de 1999 e explicou que estava fugindo da badalação de Cap, que lhe lembrava Beverly Hills, na Califórnia. Por isso, ela optou por uma propriedade em formato de "villa" — no estilo das casas de campo italianas — com vista para todo o vale ao redor.

Quando ouvimos que esta propriedade estava à venda, nos disseram que os anjos moram aqui e nós rimos. Mas é, de fato, um local bastante espiritual — entre duas montanhas, rodeado pela mata repleta de animais — e isso é essencial para mim. Eu fui criada no interior, venho de uma família que lia a Bíblia e cresci ouvindo música gospel. O lado indiano da minha mãe me deu uma herança religiosa diferente. Aqui o vento e as nuvens passam pela casa e o céu forma imagens fascinantes. Posso observá-lo por horas." Explicou Tina na edição de março de 2000 da publicação.

Não à toa, em seu terraço a cantora mantinha um telescópio, de onde ela admirava as estrelas. Dali, havia acesso também para um anfiteatro com estênceis em gesso e esculturas e cerâmicas greco-romanas. Todo o restante da decoração se inspirou no classicismo da Grécia e de Roma, mas também nos estudos do Budismo. A estrela ainda colecionava arte chinesa e uma eclética seleção de mobiliário extravagante.

"Quando vejo algo que eu amo, um conjunto de móveis, uma obra de arte, eu nunca meço nada. Nunca hesito, apenas compro. Eventualmente encontro um lugar para isso. Tenho gostos fortes e grandes depósitos. Sempre quis e precisei transformar meus arredores."

No entanto, ela também contou com a ajuda de profissionais para estabelecer um estilo e equilíbrio para sua residência mediterrânea: ela contratou os designers Stephen Sills e James Huniford, que já eram conhecidos na época pela sua preferência por estilos clássicos e barrocos. Eles privilegiaram peças de luxo combinadas a outras com "senso histórico".

"Rodamos museus juntos, fomos às compras no Quai Voltaire em Paris, trocamos livros e ideias — que Tina aceitou ou rejeitou, como era conveniente pra ela — e a ajudamos a editar suas coleções. Mas ela é a mentora desta casa: é a invenção dela", reconheceu Stephen Sills.

No quarto principal, Tina possuía um armário esculpido vintage, uma cadeira em estilo imperial, sofá e uma cama patinada em bronze em estilo indiano. "Decoração é uma questão de emoção. Sou atraída mais pelo antigo do que pelo novo", pontuou a cantora. Para compor os cômodos, ela visitou a Villa Kérylos, em Beaulieu-sur-Mer, uma casa construída em estilo grego antigo pelo arqueólogo Théodore Reinach no início do século 20.

Ela ainda arrematou, em um dos seus passeios em Paris, poltronas e sofás que pertenceram ao rei Louis Philippe 1º da França. "Não fiquei intimidada pelo fato de que eram móveis do palácio. São lindos, confortáveis e deram o tom para a casa inteira". Peças icônicas como estas podiam ser vistas por toda parte, como na biblioteca construída em um canto da sala.

No porão, Tina instalou um spa, um cinema e um quarto para todos os seus prêmios. Já suas fotografias e instrumentos, outras lembranças dos palcos e de sua carreira de sucesso, foram expostos por toda a casa, contrastando com o clima de ambientes mais formais como a sala de jantar, com mesa contemporânea, cadeiras em estilo Ming e decoração antiga japonesa.

Cada um dos cômodos tinha um acesso a um pátio ou varanda, com vista para o mar da Riviera. Tina chamava o terraço de seu quarto de "barco de Cleópatra". "É o meu refúgio, meu canto favorito de toda a casa", se orgulhava.