Você sabia? Maior cafezal urbano do mundo fica dentro de São Paulo

No meio selva de pedra que é São Paulo, há uma área verde que nem todo mundo conhece. Um amplo espaço com lavouras de café que leva os visitantes para o ambiente rural sem sair da cidade.

Trata-se do maior cafezal urbano do mundo, uma área de plantação que ocupa 10 mil m² dentro do Instituto Biológico, perto do Parque Ibirapuera, na região da Vila Mariana, zona sul da capital.

Vai um cafezinho?

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Para conhecê-lo e participar da colheita, é preciso estar atento à agenda, pois o local abre à visitação livre apenas uma vez por ano — e em 2023 é amanhã (27), entre 9h e 12h (veja mais informações abaixo). Fora essa data, é preciso agendar a visitação prévia por e-mail.

Como ele foi parar ali?

O Instituto foi criado em 1927 para resolver o problema da praga da broca-do-café, que afeta a qualidade deste fruto e assolava os agricultores desde 1924. Atualmente, tornou-se um centro de referência em sanidade animal e vegetal para aplicação no campo e no agronegócio.

Antes do local atual, o Instituto passou por seis endereços diferentes no centro de São Paulo, até a construção do prédio na Vila Mariana, em 1945.

A partir da década de 1950, iniciou o cafezal com 2.500 árvores para pesquisas científicas. Hoje, a plantação une desenvolvimento sustentável e tecnológico com seis variedades desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas. Um destaque é a espécie Coffea arabica, com cerca de 2.000 pés, que começau a ser plantada na década 1980.

Vamos à colheita

Neste sábado, acontece o evento "Sabor da Colheita", no qual os visitantes podem vivenciar a experiência de colher os frutos maduros do cafezal e aprender com pesquisadores como é feito o preparo dos grãos.

Chapéus, cestas e peneiras são emprestados para quem deseja por a mão na massa, ou melhor, nas árvores, participando da atividade. Depois, há uma degustação dos cafés do Instituto, de agricultores regionais e da Nestlé, que desde 2020 é parceria da instituição.

A pesquisadora científica do Instituto Biológico e engenheira agrônoma, Harumi Hojo, alerta que os grãos colhidos durante o evento não podem ser levados para casa: após a atividade, os frutos são torrados. Parte da produção é doada ao Fundo Social de São Paulo e a outra é destinada para pesquisas.

Vai lá
Sabor da Colheita
Data: 27 de maio de 2022
Horário: das 9h às 12h
Local: Instituto Biológico
Endereço: Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Vila Mariana.
Agendamento em outras datas: deve ser feito pelo email cafezalurbanoib@biologico.sp.gov.br.

Mais sobre o edifício histórico

O evento também a a chance de ver de perto o edifício do Instituto Biológico, uma marco na região.

A construção do prédio demorou 17 anos, atravessando as revoluções de 1930 (início do governo de Getúlio Vargas) e 1932 (Revolução Constitucionalista) e ao golpe de 1937 (início do Estado Novo). Nesse período, foi um espaço para moradia de militares, centro de pesquisa no combate a pragas e a descoberta de vacinas, e ensino acadêmico.

Em 1932, o instituto ainda em construção serviu de abrigo para o acampamento de soldados gaúchos, durante a Revolução Constitucionalista, de São Paulo, que combatia as medidas impostas pelo governo de Getúlio Vargas. Após cinco anos, o prédio quase foi ocupado pelo presidente, se não fosse a resistência do 2º Diretor do Instituto, Henrique da Rocha Lima, e seus alunos.

Existia um campo de futebol do Biológico Futebol Clube, onde se hospeda hoje a Bienal do Ibirapuera. Nas décadas de 30 e 40, os jogadores tinham treinamentos e jogavam partidas no espaço. Acabou no governo de Jânio Quadros, que estendeu a área do parque para a comemoração do IV Centenário de São Paulo, concedendo espaço à atual Av. 23 de Maio. Os últimos restos do campo eram a arquibancada atrás da Bienal, derrubada há quase 25 anos.

O Instituto Biológico é o primeiro centro de formação de cientistas e de debate científico no Estado de São Paulo, tendo um papel importante nas descobertas acadêmicas. A partir da sua criação surgiram a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Sociedade Brasileira de Entomologia.