MC Pipokinha entrou na cabine do piloto: afinal, isso é permitido?
A visita de MC Pipokinha à cabine de comando de um voo da GOL Linhas Aéreas nesta segunda (29) — onde ela abaixou as calças — gerou desconforto não só no piloto, como na comunidade de aviação: afinal, pode um passageiro fazer um passeio pelo cockpit?
Ao UOL, a própria aérea salientou que ela poderia estar no local apenas com autorização do comandante e recriminou o comportamento da funkeira.
"É uma política da companhia permitir rápidas visitas supervisionadas à cabine para aproximar as pessoas do incrível universo da aviação, que desperta bastante curiosidade. As visitas são autorizadas de acordo com a avaliação do comandante, geralmente durante o desembarque, desde que não interfiram na preparação para o próximo voo ou na segurança", destacou a empresa.
"A companhia reitera que não há como prever atitudes repentinas como a da cliente deste vídeo, que também foi surpreendida com o fato e que repudia atitudes desrespeitosas."
Ou seja, as visitas são possíveis, mas é preciso respeitar as regras impostas pela tripulação, pela aérea e, sobretudo, pelo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil em casos de voos em território nacional. Segundo o texto, é proibida a entrada de pessoas não autorizadas na cabine de comando durante o voo, por questão de segurança.
Uma vez que a aeronave esteja no solo, ainda sim é preciso ter a autorização do comandante pois nenhum dos procedimentos podem estar em curso durante a visita: o avião não pode estar em reabastecimento com fluidos inflamáveis, com um ou mais motores em funcionamento ou com qualquer equipamento de combustão em atividade, como APU, turbina de refrigeração, aquecedor a combustão e etc.
Em outros casos, a visita pode não ser autorizada simplesmente por não haver tempo entre os procedimentos necessários para o desembarque de um voo e embarque do próximo.
Caso um passageiro adentre o cockpit durante estes processos, pode colocar a si mesmo, a tripulação e todos os presentes no aeroporto em risco. O regulamento da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ainda frisa que "não limita a autoridade de emergência de um piloto em comando de retirar qualquer pessoa da cabine de pilotos no interesse da segurança".
Ou seja, o passageiro pode acabar expulso do local e, em situações mais graves, até sob custódia da lei. Em 2021, um passageiro da Latam foi contido pela tripulação e, após um pedido do comandante à torre de comando, detido pela Polícia Federal no solo após tentar invadir a cabine de um voo entre Recife e São Paulo.
Em voos internacionais, as consequências de tentar visitar a cabine sem receber antes a autorização da tripulação também podem ser graves.
Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA, os cockpits das aeronaves americanas receberam barreiras reforçadas — aperfeiçoamentos das práticas seguem em andamento e foram atualizadas em 2022 — e qualquer aparição não programada pode ser considerada "uma ameaça de segurança de nível 4", a mais alta gradação descriminada pela FAA (Federal Aviation Administration, agência federal de aviação do país).
Incidentes deste tipo são investigados pelo FBI pela possibilidade de estarem associados a terrorismo e podem não só resultar na prisão imediata do passageiro — como aconteceu com uma mulher que voava rumo à capital Washington em fevereiro de 2023 e que provocou um pouso forçado na Carolina do Norte — como em processo movido contra o passageiro pelo governo.
Portanto, aéreas do mundo todo como é o caso da GOL e da Swiss Airlines aceitam visitas à cabine de comando, mas mediante um pedido à tripulação. Caso a solicitação seja aceita, é importante respeitar não só as regras e orientações dadas, como também os profissionais da aviação.
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