Pinturas de amiga, fotos do filho: os objetos que contam história desse apê

Embora seja uma apaixonada por obras e transformações, a stylist de arquitetura e decor e criadora de conteúdo Karin Gimenes não tinha tempo de encarar uma reforma quando chegou a este apartamento de 60 m² em 2021. A pandemia estava no auge, a adaptação de seu trabalho se dava em uma via complicada e somar tudo isso a um quebra-quebra seria demais.

No prédio dos anos 1970, pertencente a um único dono, o imóvel oferecia boa iluminação para que ela apenas colocasse cores e sentisse suas histórias de vida acolhidas. "Olhei para tudo isso e falei: 'agora vou brincar de interiores'", ri, afinal, precisaria encaixar coisas vindas de vários lugares.

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"Havia o mobiliário de família, como o baú de madeira que foi uma mala que acompanhou meus avós na migração da Espanha para o Brasil, a mesinha do quarto que foi construída pelo avô e outras coisas que lembram boas histórias vividas", conta.

Uma delas fica ao lado da cama: para quem olha de longe, uma escultura verde. Basta chegar perto e vê-se um antigo relógio que em outras épocas registrava o ponto dos funcionários da fábrica de seu pai. Hoje um artigo curioso, mas muito especial quando Karin conta onde o encontrou: ia para o lixo.

Meu pai teve um acidente e se formou um coágulo no cérebro, e com isso tivemos de assumir a empresa dele, uma indústria de alumínio. Foi um processo grande para mim. Valeu a pena recuperar um item que trazia essa parte da minha história".

Por todos os espaços há quadros pintados por uma amiga, fotografias feitas pelo filho, Gabriel Gimenes, objetos presenteados por designers e coisas aleatórias, como uma garrafa de champanhe tomada em uma viagem num veleiro no primeiro dia de 2022. "A casa tem que contar a história de cada pessoa. Minha vida é dinâmica e a casa acompanha esse movimento, por isso não tenho nada fixo", conta Karin.

Toda vez que meus netos chegam, perguntam se mudei a casa de novo. E às vezes eles me ajudam a mudar tudo de lugar. É uma brincadeira que nos faz bem"

Solitude

Em breve, a inquieta Karin se despede do apê que a acolheu no meio de uma revolução da pandemia. "A grande lição? Ele marcou o momento em que estive mais sozinha. Tive de me distanciar de meu filho, dos meus pais, lidei com a solitude de forma positiva graças a ele, que me ensinou que se a gente está feliz sozinha, pode caminhar ao lado de qualquer pessoa. Ele me faz voltar ao eixo."

Dicas da Karin para dar seu toque ao apê sem precisar de quebra-quebra

• Casa é movimento. "Móveis fixos não permitem mudança. Toda vez que tem limpeza mudo as coisas de lugar na minha casa. Há mil formas de fazer isso: trocando o sofá de lugar, a cor das mantas, almofadas, tudo isso movimenta a casa."
• Luz e cor. "Minha cama sempre está sempre arrumada, faço trocas constantes de roupas e ela está sempre volumosa. Jogos de cama que qualquer pessoa pode ter acesso estão sobre ela. Comprando um trio de almofadas e um trio de capas de edredom já se faz essa troca criativa."
• Arte. "Na sala sempre troco os quadros de lugar. As pessoas entram e acham que fiz um décor novo, é muito engraçada essa percepção."
• Tudo decora. "Garrafas bacanas vira e mexe se tornam vasos de flores aqui. Uma champanhe espanhola tomada num veleiro por 5 dias, que foi a melhor viagem da vida com amigos, em alto mar, na virada de 2021 para 2022 é uma dessas histórias. Isso torna a casa única."
• Até frutas. "Compro frutas às vezes pela composição de cores. Frutas podem decorar a cozinha, trazer cor e volume."
• É um processo. "Uma casa nunca se monta em um dia só. Algumas peças vêm de viagem, de família, de presente. É uma curadoria, demora. É preciso ter paciência mesmo."