Ele adotou um cachorro de rua e juntos percorreram 15 países em uma moto
Em 2015, ao encerrar o contrato de arrendamento de um hostel, em Búzios (RJ), o professor e turismólogo Jonas Fernandes Ramos, hoje com 50 anos, não sabia ao certo o que faria nos anos seguintes. Ficar parado era algo que não estava nos planos.
Tendo apenas uma motocicleta e um cachorro, adotado por ele quatro anos antes, decidiu então colocar uma velha ideia em prática: viajar pela América Latina sobre duas rodas.
Fernando conta que Térix, que não tem raça definida, foi abandonado próximo ao hostel que administrava em 2011 e, como nunca teve um cachorro, decidiu adotá-lo.
"Eu estava em uma pizzaria jantando quando um cachorro filhote apareceu e ficou me olhando. Dei um pedaço de pizza para ele e desde então estamos juntos. O nome dele foi em alusão ao local onde nos conhecemos, a pizzaria chamada Asterix e, por isso, eu o chamei de Térix", conta.
Quando decidiu que se aventuraria pelas estradas da América Latina, Jonas não teve dúvidas, precisava adaptar a moto para que seu companheiro de quatro patas pudesse viajar em segurança e até mesmo com algum conforto.
Eu cortei e adaptei um baú de moto para o Térix viajar seguro e confortável. Ele já era acostumado a andar no quadro da bicicleta comigo então foi tranquila a adaptação dele à moto"
Assim, tinha início o projeto Térix pelo Mundo, que começou em setembro de 2015, já percorreu 15 países e cerca de 130 mil quilômetros. Ao longo dos últimos sete anos, a dupla passou por cidades do Brasil, Suriname, Guiana Francesa, Guiana, Venezuela, Trinidad e Tobago, Colômbia, Panamá, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Chile e Argentina.
"Viajamos sem pressa, percorrendo aproximadamente 300 quilômetros por dia. Devido à pandemia, ficamos dois anos no Chile, foi o maior tempo que passamos em um único lugar", lembra Jonas.
Cuidados extra para o Térix
Térix tem 12 anos e é considerado um cachorro idoso. Há oito anos na estrada com o animal, Jonas, conta que toma diversos cuidados com o animal, como alimentação balanceada com ração, paradas a cada uma hora para descanso e ,claro, eles só ficam em pousadas que aceitam animais.
"Viajar com ele é supertranquilo. Dirijo a uma velocidade média de 70 a 80 km por hora e paramos cada hora para que ele possa tomar água, fazer suas necessidades e se alimentar. Além disso, o Térix usa óculos de proteção por causa do vento", detalha Jonas.
A saúde de Térix também não é deixada de lado. O turismólogo afirma que o animalzinho passa por consultas rotineiramente com veterinários das cidades que eles estão.
Alegrias e perrengues da estrada
Apaixonado por natureza, Jonas conta que os destinos preferidos da dupla são aqueles que envolvem belezas naturais como Lençóis Maranhenses, no nordeste brasileiro e a região da Patagônia argentina.
A região da Amazônia é linda. Subimos o Monte Roraima (na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana), que é incrível. Mas sem dúvidas, a Patagônia argentina e chilena têm paisagens únicas com vulcões nevados, cachoeiras e lagos"
No entanto, a vida nas estradas também é cheia de perrengues. Jonas conta que o pior deles foi quando ele e Térix sofreram um acidente no dia 31 de dezembro de 2021 quando a dupla estava em Ushuaia, na Argentina, e se preparavam para começar a viagem de volta ao Brasil.
"Uma moto atingiu a nossa e, com a batida, caímos. O Térix não sofreu ferimentos e a moto também não teve danos, mas eu fraturei meu joelho e precisei ir de avião para Buenos Aires onde fui internado e passei por cirurgia. Foram quase dois meses de recuperação", recorda Jonas.
Nos dias em que ficou internado, o turismólogo contou com a ajuda de um amigo para cuidar de Térix. Após estar recuperado, Jonas e o animal voltaram para Ushuaia, onde a moto havia ficado, e seguiram a viagem de retorno.
Propagandas pagam a viagem
Térix chama a atenção por onde chega, o charme do animalzinho rende à dupla patrocínios e um dinheiro extra para a viagem. Além das inúmeras amizades.
Viaiar com um cachorro chama atenção das pessoas e, estando em uma moto, chama muito mais. As pessoas sempre pedem para tirar foto com ele e isso também nos rendeu muitas amizades no caminho"
Atenção que também rende retorno financeiro à dupla. A hospedagem e a alimentação, na maioria dos lugares por onde passa, é toda por conta do animal que, em troca de permuta, oferece divulgação da aventura em suas páginas nas redes sociais e em um portal próprio.
"Saímos sem recursos, toda a viagem foi custeada por permutas, apoiadores, patrocínios e da venda de adesivos do Térix. Ele é muito fotogênico e já fez fotos para estabelecimentos locais, o que nos ajuda nos gastos. Durante esses anos todos já tivemos mais de mil apoiadores pelos 15 países que passamos", conta Jonas.
Desde o ano passado, a dupla está em viagem por pontos turísticos do Brasil e já está se organizando para um roteiro pela Europa, que deve começar ainda este ano.
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